Capítulo 02 - O encontro.

1638 Words
"Então, quando vamos nos ver para acertamos melhor esse acordo?" E ali estava! Bem ali! A mensagem que tanto mexeu comigo! Depois de acessar o site, vários perfis apareceram para mim e foi muito difícil escolher um só entre tantos, mas como eu estava nervosa, eu apenas cliquei em um dos primeiros e enviei uma mensagem explicando o motivo para eu querer o "adotar" e por incrível que pareça, ele aceitou me conhecer... E cá estamos. Arrumei o óculos escuro pela terceira vez enquanto mexia a colher na xícara de chocolate quente, enquanto olhava com atenção para a porta da cafeteria. Confesso que a cada minuto que eu passava ali, eu só conseguia pensar "Mas o que foi que eu fiz da minha vida?" Depois de contar para meus dois melhores amigos sobre o suposto cara que eu conheci no aplicativo, eles decidiram me dar algumas dicas de como me encontrar com o senhor misterioso. Eu havia seguido a idéia do Luan, o que me fez ganhar um revirar de olhos da Lia e um moletom gigante do Alves para eu me esconder enquanto espero o "meu homem adotado" aparecer na cafeteria. A ideia do Luan, foi em eu marcar um encontro com um cara que se pareça menos com um gângster, em um lugar público —assim eu não correria o risco de ter meu corpinho abusado ou enviado para algum país no litoral—, e esperar ele entrar na cafeteria e só depois... SÓ DEPOIS... De eu o observar durante um tempo, para ter certeza que ele não é um maluco, eu posso me aproximar. Foi até um plano inteligente, vindo da mente de um garoto que só começa o dia, depois de olhar anime comendo uma tigela grande de cereal com forma de bichinho. Já a Liara não curtiu muito essa ideia, disse que ela e o Luan deveriam ter vindo comigo para encontrar o cara também, mas eu tenho certeza que ela só quer vir de curiosa e não para realmente me proteger. Ela praticamente me obrigou a ficar colada no celular e se qualquer coisa acontecer, eu necessito -NECESSITO- mandar mensagem para ela. Mas no fundo, conhecendo minha amiga, eu sei que ela só quer ver uma treta. Olhei as horas no meu celular e bufei. Ele está três minutos atrasados! Tirei o óculos do meu rosto e li mais uma vez a descrição do seu perfil no meu celular... Felipe Martins. 1,79 de altura. Porte atlético. Educado. Ótimo contador de piadas. Nada de envolvimento sentimental, apenas financeiro. Como se eu fosse querer me relacionar sentimentalmente com ele. Puf. Por que eu ainda estou aqui? É óbvio que o cara não vem! Provavelmente essa foto que está no perfil dele é alguma fake e ele não deve passar de um cara que se aproveita de pessoas desesperadas como... Como... Como eu, inferno! Respondi a mensagem desesperada da Lya dizendo que estava tudo bem comigo e assim que me preparei para levantar da mesa e ir embora, meu olhar caiu sobre o homem que se aproximava de mim com um sorriso de canto nos lábios. Puta que pariu! Crendeuspais! Meu pai amado! Aquele era o Felipe?! Ele é real? Espera! Ele não é fake? Mas que Deuso era aquele? Não! Não! Isso não tá certo! Cadê o esquisitão de óculos e pochete?! Eu estava a espera daquele tipo de homem, NÃO DESSE TIPO DE HOMEM QUE ESTÁ SE APROXIMANDO DEMAIS DE MIM! Cadê aquelas passagens secretas quando mais precisamos delas? Será que se eu sair correndo vai dar muito na cara? - Você é Maria Luísa? - ele perguntou sorrindo enquanto tirava a mão do bolso do casaco e estendia ela para mim. E foi aí que eu me lembrei que estava com as mãos sobre a mesa e a b***a erguida para o ar, já que eu estava me preparando para ir embora. Que bela primeira impressão hein Malu. E agora? Eu não posso ficar na presença desse homem tão bonito! Eu sou rainha em falar baboseira na presença de pessoas bonitas! Foi uma péssima ideia, eu preciso sair logo daqui. - Oi? Quem? Eu? Ah não, não sou! Não sou a pessoa que você procura! Eu nunca vi você antes de hoje, Felipe. - murmurei voltando a sentar na cadeira enquanto retirava o capuz da minha cabeça. Minha boca deve estar toda suja de chocolate. d***a! - Como você sabe meu nome então? - ele sorriu sentando no lugar vago a minha frente me fazendo arregalar os olhos - Se você não é a Luísa, como sabe quem eu sou? E o prêmio de pateta do ano, vai para MIM! - S-Seu nome? - gaguejei pegando a minha xícara de chocolate para tomar um gole, mas quando notei que ela estava vazia, sorri sem graça e coloquei ela de volta sobre a mesa. - É, você acabou de dizer meu nome. - O que? Seu nome também é Felipe? Que coincidência, mas eu não estava falando de você não, não era você, eu estava falando com... Com... - Com? - O guardanapo! - exclamei o assustando enquanto pegava o guardanapo sobre a mesa - O nome dele é Felipe! Quer dizer, o nome da marca é Felipe! Guardanapo? Sério? Qual vai ser a próxima ideia brilhante? Batizar o saleiro de Gabriel? d***a! Eu precisa mesmo ressuscitar aquele traíra nos meus próprios pensamentos? - Você ainda tá aí? - ouvi Felipe perguntar enquanto balançava os dedos na frente do meu rosto. - Por pouco tempo. - murmurei já me levantando da cadeira e tendo minhas ações seguidas pelo moreno bonito - Tenho que fazer algo agora. - Tipo, procurar outro cara para adotar? - ouvi sua risada baixa e arregalei os olhos. - Não fala isso alto! - guinchei olhando em volta. - Você é a única que está gritando por aqui. - d***a, senta logo, antes que eu fuja. - resmunguei voltando a sentar na cadeira. - Maria Luísa. - o garoto repetiu sorrindo largo. - Malu, por favor. - Ok, Malu. Sou o Felipe Martins, o humano, não o guardanapo. - ele piscou para mim sorrindo e eu fechei os olhos com uma careta. - Será que você poderia esquecer isso? - Foi engraçado. - ele riu baixinho - Vocês eram próximos? - Quem? - A pessoa que você foi no enterro hoje, vestida assim. - ele riu e eu arregalei os olhos, mas que audácia é essa? - Afinal, tá fugindo de quem para estar toda de preto? Foi muito difícil te reconhecer desse jeito, tive que ficar uns 5 minutos te encarando. Muito obrigada, agora me sinto muito melhor em saber que havia alguém me observando enquanto eu me empanturrava de chocolate e rosquinhas. Há como isso ficar pior universo? - Há há há, que engraçado que você é. - Sou um ótimo contador de piadas. - ele piscou para mim. - Ah tá! Conta uma piada então! - O que o pato falou para pata? - ele perguntou com um sorriso gigante nos lábios. - Não sei, o que? - Vem quá. - logo o garoto explodiu em gargalhadas. - Não entendi. - murmurei com as sobrancelhas franzidas. - Você não tem inteligência. - o garoto negou com a cabeça. - Tá me chamando de burra? - Conta logo uma piada! - Ok. - me preparei sorrindo - O que o pagodeiro foi fazer na igreja? - Não sei não, o que? - Foi cantar pá God. - foi a minha vez de soltar uma gargalhada alta enquanto o garoto me encarava estranhamente. - Isso foi h******l! - ele franziu as sobrancelhas. - Foi melhor que a sua! - acusei. - Não foi não! - Foi sim, admita! - Jamais. - ele se inclinou sobre a mesa e eu me afastei quando notei como nossos rostos ficaram próximos - Ainda não consigo acreditar que uma moça tão bonita como você precisa da minha ajuda. Mas... Mas... - Malu? Não acredito! Que coincidência! - ouvi uma voz mega familiar soar e arregalei os olhos. - Liara? O que você está fazendo aqui? - encarei a garota com cabelos tingidos de azul confusa enquanto ela encarava o Felipe seriamente. Isso não parece bom. - Eu recebi seu sinal e vim correndo. - ela sussurrou diretamente para mim. - Que sinal? . - A sua mensagem. - ela falou como se fosse óbvio e se virou para o Felipe - Você deve ser o Felix. - Felipe. - ele corrigiu sorrindo gentil. - Tanto faz, você não passa de um maníaco aproveitador! - Lia falou e eu arregalei os olhos. - Mas o que você está fazendo? - perguntei confusa - Que mensagem você está falando que eu mandei? - A do "t****o doido beijou me". - ela falou como se fosse óbvio. - O que? Não! Você perguntou como estava indo e eu respondi que estava indo tudo bem. - Então, TDBM, significa isso? - ela perguntou com as sobrancelhas franzidas. - Claro que sim! - Opa. - ela sorriu fraco. - O que você fez? - perguntei me sentindo nervosa. - Eu meio que sem querer, acabei dizendo que você estava em perigo no grupo. - ela riu fraco - Amigos sempre perdoam os amigos, lembra? - Que grupo? - arregalei os olhos. - Solta ela! - ouvi a voz do Luan gritar. - Fique bem longe dela seu t****o! - foi a vez do Bruno exclamar. - Não nos faça usar essas armas. - por último, Guilherme ameaçou colocando o dedo no gatilho da arma de água. - The Backyardigans? - exclamei vendo os três encarando seriamente o Felipe que erguia as mãos com os olhos arregalados. - Opa, acho que me precipitei um pouquinho. - Lia riu ao meu lado erguendo as mãos. - UM POUQUINHO?
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