Olho minhas mãos juntas sobre a mesa fria de ferro, e seguro para que as lágrimas não voltem a correr novamente.
— Talita, o juíz está aqui para vê-la. — meu advogado e também amigo, Tiago avisa. — não sei o que você pretende falar com ele, mas vou logo avisando que o juíz Vesarles, não tem uma fama de caridoso, apesar de muito justo.
— não se preocupe. — aviso tentando acalma-lo. — quando ele sair, preciso que venha até mim novamente, e te falo que resolvi.
Ele assente, fazendo sinal para o guarda deixá-lo sair. Coloco minha testa junto as minhas mãos, me sentindo exaurida, minha situação nessa prisão não é nada boa, e preciso proteger meu filho de um jeito ou de outro.
— Juiz Antony Vesarles. — o guarda avisa, dando passagem ao homem.
Ele é naturalmente altivo, parece ter sido feito de alguma rocha, seu rosto é sério e seus olhos são ávidos, me fazendo lembrar os do meu pequeno, e quase sorri por isso.
— Olá senhorita Marques. — me cumprimenta educado.
— olá, senhor juíz. — respondi nervosa. — obrigado por ter aceito me encontrar. — agradeço sincera.
Ele me olha nada discretamente, me avaliando como se visse além da superfície, e me deixando um pouco desconfortável.
— seu amigo Tiago sabe ser bem convincente. — declarou sentando-se na cadeira de ferro a minha frente. — o que deseja?
Olho para o guarda na porta e respiro nervosa, não querendo falar na frente do mesmo. Sei que cada passo meu nessa delegacia está sendo vigiado, e não posso arrisca.
— saia! — Antony ordenou olhando para o guarda.
— ela é uma detenta perigosa senhor. — o guarda protestou.
— é uma ordem, saia. — o homem assentiu saindo. — pronto, agora fale o que você tanto queria.
— preciso da sua ajuda. — mordo a língua em um ato nervoso, de não saber como falar. — o senhor pode não lembrar de mim, mas já o conheço.
— me conhece? — me encarou um pouco sarcástico.
— sim. A quase nove anos atrás, nos conhecemos em uma festa. — encaro seus olhos, que me fitam com curiosidade. — passamos a noite juntos, e no outro dia seguimos nossas vidas.
— e porque transamos, está achando-se no direito de me pedir ajuda? — questiona com desdém, e quero socar seu belo rosto, porém...
— sim, porque nossa transa teve consequências, e indiretamente é um dos motivos que estou aqui, e ajuda que quero não é para mim. — olho nervosa para o homem, dando um suspiro cansado.
— fale logo o que deseja, tenho coisas importantes a resolver. — disse levantando da sua cadeira. — ou irei embora.
— espere, só é algo difícil para contar. — aviso com pressa. — um mês após nosso encontro, descobri que estava grávida, como não o conhecia, juntei apenas alguns pontos e logo descobri quem você era, descobrindo também que havia acabado de casar. — o homem me olha um tanto assustado, antes de sentar a minha frente. — mesmo sabendo que a responsabilidade era nossa, achei melhor não procurá-lo.
— não, isso é impossível. — garantiu me encarando. — não tem a mínima chance de ser verdade.
— sim tem, e você sabe disso, ou não estaria tão impactado com a notícia. — garanto, e ele n**a repetidas vezes. — mais esse não é o detalhe mais importante no momento. Meu filho está correndo risco, e preciso que proteja ele.
— se eu resolver ajudá-la, será exclusivamente pelo garoto, mesmo tendo certeza que não é meu filho. Podemos ter realmente tido uma noite juntos, mas definitivamente, não tem chances dele ser meu. — garantiu com certa angústia.
— você sabe que nada é 100% garantido. E é muito fácil ter a prova das minhas palavras. Não vou julga-lo por não acredita cegamente na minha palavra, porque nas mesmas circunstâncias, também duvidaria. — afirmo abertamente. — mas, por favor, eu imploro que proteja meu filho, prometo que quando sair daqui, sumirei do mapa com ele e nem ao menos faço questão de algo sobre a paternidade.
— irei pedir um exame de DNA, mas independente disso, eu darei a proteção que ele precisa, se me falar o que está acontecendo. — garantiu me fazendo dá um suspiro aliviado.
— fui presa por suspeita de arquitetar e matar meus sogros, e tentar matar meu namorado. — engulo em seco tentando encontrar a melhor forma para contar. — mas, não tive nada haver com essas mortes, juro que sou inocente.
— as provas contra você são bem incriminadoras. — comenta me encarando.
— eu sei disso, por isso preciso de ajuda, tenho certeza que provavelmente serei condenada, mesmo sendo inocente. — afirmo minhas certeza com pesar. — mas, o alvo o tempo todo foi meu filho, Marcos.
— não entendi, o que seu filho tem haver com essa história? — questiona em desentendimento.
— namorava Gaston a mais o menos três anos, quando percebi que o interesse dele com meu filho, estava indo além de enteado. Ele estava com uma verdadeira obsessão, chegando a ameaça crianças que se aproximavam do Marcos. — conto com raiva pelo que aconteceu. — eu terminei imediatamente, a um mês atrás.
— porque não denunciou? — perguntou em dúvida.
— não tinha provas além da minha palavra, que não valeria de muita coisa contra a dele. — encaro diretamente os olhos do juiz. — ele quer meu filho, esse crime foi calculado, para me tirar de circulação, incluindo os pais dele.
— você sabe que isso vai contra toda a imagem que a mídia e a população acredita, não é? — assinto sabendo que é verdade.
— por favor, faço qualquer coisa, mas não deixe ele tocar no meu filho. — imploro deixando as lágrimas assumirem. — ele fez um pedido de adoção, alegando que é um pai para meu filho, e isso não é verdade.
— irei fazer uma investigação independente, e dependendo do resultado, ajudarei vocês. — diz com certa frieza.
— por favor, duvide da minha palavra, mas de o benefício da dúvida e se não for por mim, faça por meu filho, e mesmo que nunca assuma nenhum compromisso de pai com ele, ao menos essa vez o proteja. — imploro desesperada.
— primeiro que já disse que ajudarei com relação ao seu filho, segundo se essa criança fosse realmente minha, teria tido todo o meu apoio, mas o fato é que não tem chances que eu seja o pai dele. — asseverou de forma dura.
— caramba, já disse que é seu filho e que pode provar facilmente com um exame. O que eu ganharia mentindo para você? — questiono exaurida. — mais alguém para querer f***r com a minha vida?
— eu sou estéril. — disse com certa angústia na voz. — então, não há chances que seja meu filho.
— hoo! Sinto muito. — coloquei minha mão sobre a dele. — mas mesmo assim, não mudarei minha palavra, e aconselho que refaça seus exames, porque realmente não tem chances que meu filho seja de outra pessoa.
⚖️⚖️⚖️⚖️⚖️