Capítulo 03

1391 Words
Carine narrando capítulo 03 Três dias... Foi o tempo que levei para me arrepender de aceitar aquele caso. A papelada crescia como uma montanha em cima da minha mesa. Testemunhas desaparecendo, provas que sumiam misteriosamente e mensagens anônimas me alertando para "tomar cuidado". Era o tipo de caos que só aparece quando você mexe com gente grande. Gente como Rafael Sampaio. Meu telefone tocou pela quarta vez naquela manhã. Número desconhecido. Ignorei. Já tinha recebido ameaça suficiente para preencher um capítulo inteiro da minha biografia caso eu vivesse tempo suficiente para escrevê-la. Estava revisando os autos quando a porta do meu escritório se abriu bruscamente. - Você tá louca, Carine? gritou Eduardo, meu sócio e melhor amigo desde a faculdade. -Você sabe com quem está lidando? - Baixa a voz, Dudu. murmurei, sem tirar os olhos do papel. - Estou trabalhando. - Trabalhando? Você está se enterrando! Esse cara… ele é perigoso, tem gente sumindo por causa dele. E agora tão dizendo que você tá envolvida com ele? Levantei os olhos, fuzilando-o com o olhar. - Não estou envolvida com ninguém. Estou fazendo meu trabalho. - É isso que ele quer. Ele mexe com a cabeça das pessoas, Carine. Você não é exceção. Engoli seco. Eu sabia que havia verdade naquelas palavras. Desde o primeiro olhar, Rafael tinha mexido comigo. E não só de forma física , era mais profundo. Suspirei e fechei a pasta. - O caso está cheio de falhas processuais. A prisão dele foi feita sem mandado, com base em uma denúncia anônima e sem nenhuma prova concreta. Eu posso derrubar isso, Dudu. Ele tem direito à defesa, como qualquer outro. - E se ele for culpado? ele rebateu. - Então é o juiz quem vai decidir isso. Não eu. No fundo… eu mesma não sabia o que pensar. Rafael disse poucas palavras, mas cada uma carregava uma verdade que parecia diferente da que o mundo pintava sobre ele. Ele era criminoso, sim. Mas também era inteligente e estratégico. Dudu saiu da minha sala do mesmo jeito que entrou sem aviso . Uma notificação no celular me tirou do pensamento. Uma mensagem, número privado. "Ele não é quem você pensa. E se continuar, vai se arrepender" . Um aviso , meus dedos gelaram. O caso estava se complicando. E eu já não sabia mais se a ameaça vinha dos inimigos de Rafael… ou dele mesmo. Eu deveria estar acostumada. Já defendi empresários corruptos, políticos acusados de abuso de poder, até um juiz que pagava prostitutas com verba pública. Mas nada absolutamente nada me preparou para Rafael Sampaio, o tal Peixe que todos temem . E agora tinha alguém por trás querendo me fazer desistir do caso , ou talvez me assustar . O nome dele aparece em relatórios policiais como uma sombra. Inteligente, articulador , perigoso. O tipo de homem que sorri enquanto o mundo desmorona. O tipo que carrega sangue nas mãos, mas parece ter nascido pra usar terno de grife. E ainda assim… eu nao quero desistir do caso ,porque nunca fui disso . E não vou fazer com ele. Respirei fundo e disse a mim mesma que era só mais um caso. Uma defesa complexa, sim, mas não impossível. Um desafio. E eu gosto de desafios. Gosto da justiça funcionando, das engrenagens certas se movendo apesar da sujeira... Quando entrei na sala de visitas hoje, senti. Aquela tensão densa no ar. Ele me olhou como se eu fosse dele, como se já soubesse meu gosto, meus segredos, o que me faz perder o fôlego. E o pior? Parte de mim quis deixar. Isso é insano. Antiético. Autodestrutivo. Mas real. Precisei respirar fundo mais de uma vez durante a conversa. Ele flerta com naturalidade, como se fosse um segundo idioma. Desafia com cada palavra, como se me estudasse. E eu odeio , odeio admitir que isso me afeta , o jeito sedutor me dá nos nervos de um jeito absurdo. - Se você colaborar… eu faço minha parte. disse profissional, clara, objetiva. Mas ele se aproximou. Aquele olhar escuro como pecado, aquela maldita voz baixa. - Se uma coisa que vai ter que se acostumar e com a minha sinceridade , e por mais que tu esteja focada em me tirar daqui, e falando varios bagulho com palavras difícil que eu nao to entendendo p***a nenhuma porque eu so consigo imaginar o quão doce você deve ser sem roupa . ele falou com o olhar mais sacana que eu já vi . Aquilo me desmontou. Um segundo. Um mísero segundo, e minhas defesas vacilaram. Senti o calor subir pelo pescoço, as mãos tremerem de leve. Eu sou racional. Disciplinada. Mas com Ele , parece que as regras perdem o sentido. Eu me levantei ,precisava sair dali o quanto antes ,o ar tinha ficado pesado demais saí da sala batendo a porta. Não por raiva dele. Por raiva de mim. Por me permitir sentir algo que pode destruir tudo o que construí. No caminho de volta ao escritório, dirigi em silêncio. Cada semáforo vermelho era uma pausa pra recuperar o controle. Cada buzina era um alerta me lembrando esse homem não é um homem. Ele é um abismo. E eu estou na beira. Ja era a noite, quando percebi a sala escura … não consegui focar em mais nada , tudo o que vinha na minha mente era ele , a voz rouca falando aquela safadeza na maior cara lavada . E isso, mais do que qualquer sentença, me condenava. Eu precisava me distrair e ninguém melhor do minha melhor amiga , Letícia para me ajudar a distrair a mente , mandei uma mensagem pra ele me encontrar na cafeteria aqui perto e ela é daquelas amigas que topa tudo a qualquer hora sabe ? óbvio se não tiver ocupada . - Você tá com aquela cara de quem tá fazendo merda, Carine. A voz da Leticia cortou o silêncio do café como uma faca afiada assim que ela chegou na mesa e puxou a cadeira se sentando a minha frente .Foi logo fazendo seu pedido um cappuccino, sobrancelhas arqueada e aquele jeitinho debochado de quem me conhece melhor do que eu gostaria. - Não tô fazendo merda, tô trabalhando , retruquei, forçando um sorriso. Mas nem eu acreditei. - Trabalhando com quem mesmo? Ah, sim. O Peixe. Aquele traficante que saiu até no Fantástico, lembra? Virou advogada do d***o agora ? Revirei os olhos. Ela é advogada também, mas trabalhava com causas cíveis , divórcios, heranças, contratos. O lado "limpo" da profissão. Nunca entendeu minha escolha por penal. - É um caso difícil, só isso. - Difícil ou perigoso? Permaneci em silêncio. Levou a a borda da xícara nos labios assim que foi servida , e depois cruzou os braços sobre a mesa e me encarou como se estivesse prestes a fazer uma intervenção. - Carine, eu tô vendo o jeito que você fala dele. Com cuidado demais, com atenção demais. Isso não é só profissional. Você tá envolvida. Mesmo que ainda não perceba. - Eu percebo. É exatamente isso que me incomoda. Ela ficou em silêncio. Esperando. Me ouvindo. E pela primeira vez, deixei escapar. - Ele… ele me provoca o tempo todo. Me testa. É como se soubesse onde apertar, o que dizer. É manipulador, esperto, perigoso. E mesmo assim… quando ele me olha, leh … eu sinto. Algo que eu não devia. ela soltou um suspiro longo. - Sentir não é o problema. O que você faz com isso é que importa. Balancei a cabeça, frustrada comigo mesma. - Eu sou advogada, Leh . Isso vai contra tudo o que eu defendo. Contra a minha ética, minha carreira, meu juízo. Mas ele tem esse… esse magnetismo. Como se fosse impossível sair ilesa. Ela me pegou pela mão, o tom mais calmo agora. - Então talvez você precise lembrar por que começou. Quem você é. O que você construiu. O tal Peixe pode ser tudo isso que você descreveu , sedutor, intenso, até humano por trás da ficha criminal. Mas ele também é perigoso, Carine. E você não pode se perder nisso , seu pai nunca jamais permitiria . Assenti devagar, apertando a xícara nas mãos. Precisava me blindar. Fechar todas as brechas a verdade era simples e c***l. 100 comentários.... vamos lá meus amores adicione na biblioteca vamos ajudar a autora aqui .
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