Flor de Tangerina

Eduardo carregava em silêncio uma dor que nunca cicatrizou. No dia em que deveria selar sua felicidade ao lado da mulher que amava, viu sua vida desabar diante da porta da igreja. Ela foi assassinada ali, ainda vestida de noiva, por um homem que a desejava com obsessão doentia. Desde então, Eduardo passou a viver aprisionado em um luto eterno, sufocado por pesadelos que lhe roubavam o sono e por uma tristeza que parecia não ter fim. A fazenda herdada de sua família tornou-se refúgio e prisão ao mesmo tempo, onde ele se mantinha ocupado apenas para não enlouquecer.

Tudo muda quando Teodoro e Creuza chegam para trabalhar na propriedade vizinha, agora adquirida por Eduardo. Ele decide continuar o cultivo das tangerinas que já existiam ali, e Teodoro, homem experiente no ramo, torna-se essencial nesse recomeço. Creuza, mulher de vida simples e coração materno, logo se adapta à nova rotina. Mas é Flor, a filha do casal, quem desperta algo inesperado em Eduardo.

De alma leve e olhar cristalino, a jovem parece carregar uma pureza rara, capaz de atravessar as muralhas de dor que ele ergueu ao redor de si. Sua presença o inquieta, provocando nele sensações que julgava mortas junto ao corpo da mulher que perdeu. Entre a culpa e o desejo de sentir novamente, Eduardo trava uma batalha interna para não se deixar levar por essa força que ameaça arrancá-lo da escuridão.

Num cenário marcado pelo perfume das tangerinas e pelo peso das lembranças, a chegada de Flor representa tanto um risco quanto uma chance de renascimento. Eduardo não sabe ainda se está diante de uma nova condenação ou da única oportunidade de voltar a viver.