Calor do Rio

1340 Words
Dara narrando Ir para o Rio de Janeiro sempre foi meu sonho de menina. Sempre gostei de novelas, de filmes brasileiros, e sempre admirei cada pedacinho desse lugar. A viagem pro Rio era um d****o antigo, e eu sempre imaginei que seria perfeita. Talvez por isso eu tenha adiado tanto: era como se, adiando, eu pudesse manter o sonho intacto na minha cabeça. Sempre sonhei em desfilar no calçadão de Copacabana, fazer uma filmagem toda gostosa e postar com a música "Garota de Ipanema". 🎵 Música 🎵 Olha que coisa mais linda Mais cheia de graça É ela, a menina que vem e que passa Num doce balanço, a caminho do mar... Moça do corpo dourado, do sol de Ipanema O seu balançado é mais que um poema É a coisa mais linda que eu já vi passar... Minha imaginação sempre foi fértil. Sonhar com o Rio é de graça. Quero conhecer o Pão de Açúcar, andar de bondinho, ir a um pagode na Lapa, a uma boate no Leblon, tomar uma água de coco num quiosque na Barra, jantar no Paris 6, conhecer a pizzaria do Bruno Gagliasso, e sim... subir o morro, só pra saber como é tudo por lá. — Já tô com o roteiro prontinho. — falo para as meninas. Luiza: Oxente, confio de olhos fechados. Tu esperou por anos pra vir pro Rio. Nara: Pois é, já foi pra Europa, pros Estados Unidos, rodou o mundo todo… mas pro Rio, que era o sonho, viveu adiando. — Demorou, mas chegou. Vamos arrasar... Quem aí quer dar a xereca pros bandidos? — digo rindo, fazendo o passinho dentro do carro. Elas caem na gargalhada. Nara: Já vou avisando: nada de subir p***a de morro, viu? — Apois a gente vai. Nara: Não, Dara. É perigoso. Luiza: Pois eu vou! — Menina, só vamos conhecer! Que m*l tem? Luiza: Tem até guia turístico, é de boa. — Sem brincadeira, amiga. É de boa mesmo. Eu tô só zoando com esse negócio de bandido. Tu sabe, né? É perigoso sim. E como eu falei: são todos feios mesmo, e tem esse lance de facção. Tá repreendido! — digo me benzendo. Nara: Sei lá... tu é doida. Luiza: Apois eu não tô, não. Se aparecer um bandidinho musculoso, eu pego. — Novidade, papa anjo! — rimos e seguimos pro aeroporto. --- Chegamos no aeroporto animadas. São cerca de 4 horas de viagem de Recife até o Rio — coisa rápida. Confesso que meu coração tá na mão. Tô eufórica, feliz e realizando um dos meus maiores sonhos. Estar com as meninas deixa tudo ainda mais especial. Conheci a Nara uns 10 anos depois da Luiza, e eu e a Lu sempre dividimos esse sonho. Quero aproveitar essas três semanas intensamente, sair muito, curtir tudo e viver essa loucura. Depois volto pra minha vida mais ou menos boa — mas que é minha. Eu gosto das coisas que conquistei. Cheguei muito longe, considerando de onde vim. Apesar das crises de ansiedade e das existenciais, eu gosto da minha vida fria e vazia. Gosto de ser quem sou e de ter um lugar pra voltar no fim do dia. E nem sempre foi assim. --- As quatro horas de voo passam, e eu continuo do mesmo jeito que saí: calça folgada verde militar, cropped mostrando o umbigo com um piercing, colares, anéis, cabelo loiro solto ao vento e óculos escuros. Luiza: Chegaaaaamos, Rio de Janeirooo! — AAAAAH! Eu vou surtar! — grito enquanto o avião pousa. Nara: Bora logo pegar nossas malas e aproveitar essa cidade maravilhosa. Pegamos nossas coisas e seguimos pra fora do aeroporto, cheias de entusiasmo. Muita gente, todo tipo de gente — bonita, elegante, despojada, gente de todas as classes. Nara: c*****o! Aqui tem muito homem bonito. — Tem mesmo. Luiza: Dá pra tu desencalhar, amiga. — ela brinca, me cutucando. — Vai tomar no cu, Luiza! Não quero saber de homem, não. Nara: O único homem que ela quer é o chocolate. — elas riem. — Pelo menos ele não me trai! — Chocolate, no caso, é meu vibrador. Um apelido carinhoso. Um homem preto, gostoso e imaginário. Falando assim, pareço doida — e talvez eu seja mesmo. Uma doida desiludida que nunca gozou de verdade na mão de homem nenhum. Por isso, não gosto o suficiente. --- Pegamos um táxi e seguimos para o Copacabana Palace. Eu observo tudo pela janela, encantada. Parece que sempre morei aqui, tudo é tão familiar… O rádio toca uma música do Diogo Nogueira. 🎵 Música 🎵 Vamos amor Vamos curtir, bora pra beira do mar Vamos pra onde está fazendo mais calor E ninguém pode nos achar… [...] — Beira do maaaaaar! — completo a letra, enquanto o taxista dá milhões de dicas sobre o que fazer no Rio. Me sinto em casa. Quando o carro para em frente ao hotel, eu respiro fundo, abro os braços, fecho os olhos. Corro pro calçadão e começo a cantar, gesticulando, enquanto as meninas riem do outro lado da pista. — Olhaaaa que coisa mais linda, mais cheia de graça... é essa Dara que vem e que passa! — volto correndo pro g***o, empolgada. Luiza: Vem, malucaaa. Vamos guardar nossas coisas. Nara: E aí, nossa guia? Pra onde agora? — Pelo horário, já são meio-dia. Vamos almoçar em algum quiosque, pegar uma cor, e de noite... pagodinho na Lapa, pra sentir o Rio. Luiza: Fechadíssimo! Nara: Então bora correr! --- Subimos pro quarto, trocamos de roupa — eu coloco um biquíni com saída de crochê — e descemos pra orla. O dia é perfeito. Aproveitamos cada segundo. Jantamos, passeamos no Cristo, fizemos o roteiro com o guia. O Rio não decepciona. É tudo tão, tão incrível. Três dias depois... Já fizemos tanta coisa nesses três dias que parece uma semana. Hoje é sábado, dia de praia e de novo, pagodinho! — Hoje é dia de boate no Leblon! Nara: É… nada de baile, hein? Luiza: Eu queria ir, mas confesso que tô com medo também. Nara: Vocês viram quando passamos no pé do morro, né? Muita a**a… — Fazer o quê? Tudo bem. Amanhã a gente vai só no restaurante da Vidigal pra conhecer e continua por aqui mesmo. Ainda tem Angra dos Reeeeiis… Búzios! — ainda sonhando acordada. Luiza: Fechado! Será que tem um Alex gostoso lá, tipo Verdades Secretas? — Véi, a gente parece vivendo fanfic. Luiza: Mas o que custa? Sonhar é de graça. Nara: Finalmente, um acordo. Tô afim de morrer, não. — rimos. [...] O calor tá grande. Tô com a parte de cima do biquíni e uma saia de crochê. Estamos sambando, curtindo uma música ao vivo na praia. Ao lado da nossa mesa, outro g***o bem animado. Uma menina branca, cabelo preto, me olha com simpatia. Outro olhar assim… impossível não perceber. Tem uma morena linda também, cacheada, magrinha, animadíssima sambando. A gente acaba se esbarrando sem querer. — Desculpa, desculpa! Nem te vi! — falo, sorrindo. Xx1: Relaxa! Tá tudo bem. Você não parece ser daqui, né? — Não! A gente é de fora. Xx1: Deixa eu adivinhar… Nordeste? — Ué, como você sabe? Xx2: Difícil não saber. O sotaque entrega. — a outra responde, se aproximando. — Caramba! A gente fala assim tão diferente? — dou risada. Sophia: Eu gosto! Aliás, prazer, sou a Sophia. Essa é a Geovana. — O prazer é meu! Eu sou a Dara. Essa é a Nara e essa é a Luiza. — apresento, e elas se cumprimentam. Geovana: São só vocês? Querem juntar com a gente? Luiza: Adoraríamos! Juntamos as mesas. Elas apresentam o resto do pessoal: o namorado da Geovana, Gabriel, um tal de Ravi, e o Pedro — bonito, moreno, musculoso, com um sorriso de deixar tonta. Mas ninguém deu em cima de ninguém. A vibe foi muito com Sophia e Geovana. Já são umas 18h e... surpresa: Luiza e Pedro já estão se pegando, beijo pra todo lado. Nara? Já tá com Ravi. E eu? Como sempre: com ninguém. E tudo bem por mim.
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