Dara narrando
Nara: Nem fudendo. — Nara fala andando de um lado para o outro no nosso quarto de hotel. Eu tô jogada na cama, e a Luiza no chão, doida pra dar pro Pedro.
Luiza: Véi, tu viu como o Pedro é gato? p***a!
Nara: Vi, o Ravi também é! Mas custa muito subir o morro por eles… e se forem traficantes?
— A gente vai embora daqui a duas semanas. Se forem traficantes, a gente vai embora do mesmo jeito.
Nara: Vocês leem os noticiários por aí? Não é assim que funciona, não!
Luiza: Véi, eu só quero dar pro gostoso do Pedro. Nem todo mundo que sobe fica, como a Dara falou. A gente curte o baile e depois volta. Eles nem têm cara de traficante.
— Traficante tem cara agora?
Nara: E se a gente levar um tiro? E se eles forem casados? Se forem bandidos? Se forem noiados devendo? Se a polícia subir? Se tiver invasão?
— Nara, deixa de noia. Tu passou o dia com o pessoal. Eles não parecem perigosos. E eu não vou me perdoar se vier pro Rio, tiver essa chance e perder por medo. A Geovana é conhecida por lá. Vamos estar em segurança.
Luiza: É isso. A gente sobe, fica um pouco, depois desce.
Nara: E se eles não deixarem a gente descer, c*****o?
— Tu tem o quê? b****a de mel, é? Tem tanta gente gostosa por lá, principalmente no morro. As meninas tudo lindas, e nunca escutei ninguém dizendo que ficou presa. Acorda, Nara. Sai das fanfic.
Nara: Tá bom, tá bom! A gente vai. Mas se eu não gostar, a gente desce! — levantamos todas animadas, fazendo dancinha.
Luiza: Eu não desço. Eu vou dar a noite toda! — Sorrimos.
— Será que encontro um chocolate por lá?
Luiza: Oooooolha aí, já é um avanço!
Nara: Quem mandou tu dar a xereca pro bandido? — rimos juntas.
— Tô brincandooo. Mas confesso: dá um arrepio na espinha só de pensar.
Nos arrumamos cheias de animação. Cometemos o vacilo de não pegar o número de ninguém. Tô com um vestido preto de alça todo em escamas, curto, lindo, realçando cada curva. Luiza e Nara também estão impecáveis. Descemos pro saguão do hotel e chamamos um táxi.
— Agostinho Carrara, meu amor! — falo, e as meninas caem na risada. O taxista também não segura o riso.
Taxista: Turistas, né? Dá pra perceber pelo sotaque. O que estão achando do Rio?
— Maravilhoso. Não decepcionou!
Taxista: É, é lindo mesmo. E pra onde vamos?
Luiza: Rocinha! — ela solta sem pensar, e o homem arregala os olhos.
Taxista: Rocinha? A favela?
Nara: É perigoso, né, moço? Eu sabia!
— Calma, Nara. Vive a experiência. — Ele segue viagem com uma cara não muito animada. Chegamos no pé do morro. Nara tá suando, Luiza deslumbrada. Eu… confusa com o que sinto.
O carro para. Eu olho pro motorista e já sei:
— Já sei. Você só vai até aqui, né?
Taxista: Sim.
Nara: Pede pra eu sair da fic, mas olha ela se concretizando. c*****o! — Sorrio, pago a corrida.
— Obrigada!
Taxista: Se cuidem. Fiquem atentas.
Luiza: Pode deixar!
O movimento é frenéticoooo.
— Vamos subir de motooo! — falo sorrindo.
Nara: Meu Deus, Ravi, se teu p*u não for grande e grosso, eu te mato. — a gente ri, mas assim que vamos em direção aos mototáxis, somos paradas por dois caras armados até os dentes. Ficamos travadas.
Xxx: Pra onde vocês pensam que vão?
— É… é… vamos…
Luiza: Pro baile!
Nara: Somos amigas da Geovana, do Ravi, do Pedro e da Sophia! — ela solta tudo de uma vez.
Xxx: E como eu vou saber se é verdade?
Nara: Não mata a gente, moço. A gente não é x9. Só veio curtir o baile, depois vamos embora. — ela fala quase implorando, e os caras riem.
— Desculpa, moço. Ela tá meio lelé. Bebe demais, sabe como é. Matuta, veio lá do interior do Nordeste, só tem barro, seca e gado. — falo sarcástica.
Xxx: Fica de boa aí, três doidas. Vou passar o rádio pros caras. Aí, Canivete, liga pro PC, vê se confere essa ideia.
Rádio on
Canivete: Fala, PC. Tem três mina aqui no pé do morro fazendo a louca.
Como é o nome de vocês, c*****o?
— Dara, Luiza e Nara.
PC (no rádio): Tô ligado. Manda subir. São amigas da Geovana e da Sophia.
Rádio off
Xxx: Liberadas. Entrem nesse carro aí. Vou levar vocês pro baile. — e a gente segue com o cu piscando pra dentro do carro.
Nara (sussurrando): Onde vocês meteram a gente?
— Se não subimos de moto, é a mesma coisa de não ter vindo no morro. — também sussurro.
Luiza: Tô com o cu piscando! — rimos, mas nervosas.
No caminho, olho pela janela observando tudo. É tudo diferente do que imaginei. O povo, o clima, o fluxo. Não é tão distante da minha realidade, mas a sensação é outra.
Chegamos na quadra e… uau. Muito mais do que pensei. É imensa, digna de show. Muita gente armada e parece… normal.
Xxx: Chegamos. Geovana tá no camarote. Só seguir pra lá.
— Valeu!
Nara: Obrigada por não m***r a gente.
Luiza: Falou!
Descemos do carro sorrindo — três tontas. Atraímos muitos olhares. Estamos produzidas, mas não somos as únicas. Tem gente de todo tipo. Tudo parece divertido.
— Como vamos passar por essa multidão?
Luiza: Não faço a menor ideia!
Tentamos perguntar onde é a entrada do camarote, mas cada instrução deixa a gente mais perdida. A multidão engole qualquer direção.
— Gente, desisto. Vamos ficar aqui embaixo mesmo. Pegamos uns drinks nas barracas e curtimos daqui.
Luiza: p***a, véi. E o Pedro?
— O que mais tem aqui é homem. Arruma outro.
Nara: Eu só vim por causa do Ravi…
— Se lascou, então. Porque achar eles aqui vai ser impossível. — Elas fazem cara de derrota, mas o lugar tá tão animado que logo esquecem.
Paramos ao lado de uma barraca. Pegamos três drinks. Nara não bebe — parou depois de umas crises de ansiedade — mas isso não impede a animação.
As músicas de funk tão bombando.
Mesmo sem estar nas nossas playlists, a gente conhece todas. Dançamos com v*****e. Luiza já beijou cinco caras. Nara não resistiu, ficou com um. E eu? Ninguém. Como sempre.
Não gosto de ficar com qualquer um em festa. Gosto de me sentir desejada. E aqui… sei que isso não vai rolar comigo.
As horas passam. Já é 1h30 da manhã quando meu olhar cruza com o de um homem.
— c*****o! — penso alto, e desvio o olhar ao perceber a a**a na cintura dele.
Luiza: Falou o quê?
— Nada!
Nara: Eu também escutei. O que foi?
— Nada, minha gente. Amo essa música! Boraaaaa! — puxo as duas e volto a dançar, descendo até o chão, me entregando ao som.
🎵 Música on 🎵
Hoje eu vou parar na gaiola
Ficar de marola
Senta pro chefinho do jeitinho que ele gosta
Vai ficar chapada e vai voltar depois das horas…
toma, toma, toma, toma sua gostosa…
Tô dançando empolgada. Em um momento, olho pra cima — e lá está ele. O mesmo cara. Me olhando. Tiro o olhar. Quando volto… ele sumiu.
— Que homem lindo! — penso, balançando a cabeça pra esquecer. Continuo dançando. Mas então...
Sinto uma presença. Uma voz firme e grossa no meu ouvido, que me faz arrepiar até a alma.
Xxx: Então você quer dar pro chefe?