Estou perdido

998 Words
Dara narrando 1 mês depois... Um mês já se passou, e eu ainda estou presa aqui, longe da vida que eu conhecia. Minhas férias sonhadas se transformaram num pesadelo. Sem liberdade, sem contato com o mundo exterior... Apenas Nico, meu fiel companheiro de quatro patas, tem sido o alívio em meio a tanta t*****a. Dante aparece apenas à noite e sai cedo pela manhã para cumprir sua agenda obscura. Geovana e Sophia me visitam de vez em quando, tentam me distrair, mas como se distrai alguém que perdeu tudo? PC também faz o possível, sempre tentando me animar, mas nada preenche essa dor silenciosa que consome meu peito. As lágrimas? Já se foram. Só resta o vazio — um buraco escuro onde antes existia esperança. Estar sozinha não é novidade pra mim, mas perder minha identidade, meu trabalho, minha liberdade... e o pior, ter alguém ditando meus passos, me trancando como se eu fosse uma propriedade... é insuportável. Geovana: Você precisa encontrar uma saída, Dara. Precisa reencontrar sua força. Sophia: É, Dara. Já que você está aqui, tenta tirar o melhor disso. — Ela diz enquanto me observa fazer o almoço. Faz dias que não saio do quarto, e já tem mais de uma semana que não cruzo com o Dante. — Qual seria o “melhor” disso? Sophia: Sair com a gente, ir pra piscina… Geovana: Qualquer coisa é melhor do que se esconder no quarto escuro do Dante. — Eu não sei... Sinto falta do meu trabalho, das minhas amigas, da minha família... Geovana: A gente é tão chata assim? — Não é isso, boba. — digo, forçando um sorriso triste. Geovana: Eu sei. Mas tenta, vai… fazer do limão uma limonada. Enquanto ela fala, Nico sai dos meus pés e corre animado até a porta. Poucos segundos depois, Dante entra junto com PC e Gabriel. Lion: Aê, garotão! Sabia que eu tava chegando, né? — brinca com o cachorro, mas congela ao me ver ali na cozinha. PC: Hummm... Cheirinho bom! Sophia: Convencemos a Dara a fazer uma macarronada. Tava todo mundo com saudade do tempero nordestino! Dante: De Rocha... Tô morrendo de fome também. Desligo o fogo sem dizer uma palavra. — Está pronto, meninas. Bom apetite. — Subo as escadas antes que alguém diga mais alguma coisa. PC (gritando): Você não vai comer? — Estou sem fome! — respondo sem olhar pra trás. Assim que entro no quarto, elas voltam… as lágrimas. Caem pesadas. E eu… eu desabo mais uma vez. --- Lion narrando Um mês de distância. Um mês tentando respeitar o espaço dela. Mas cada palavra fria da Dara me esmaga por dentro. Cada vez que a vejo chorar ou fugir de mim é como um soco direto no peito. Tenho evitado pressioná-la, tentando mostrar que meu amor não é uma prisão — mesmo que ela esteja aqui, presa. O trabalho tem sido minha fuga. Meu único consolo. Mas mesmo assim, todas as noites eu chego em casa e a encontro dormindo, com os olhos inchados, rosto manchado pelas lágrimas que secaram sem consolo. Faz dias que não trocamos uma única palavra. Porta trancada. Silêncio. Indiferença. Essa distância é uma t*****a: me permite fingir que tá tudo sob controle, mas só alimenta minha culpa. Será que destruí tudo? Será que já não há mais volta? Será que, no fim, o meu amor virou uma maldição? 10h da manhã – Boca de fumo Os caras falam, riem, discutem estratégia… e eu? Tô longe. Tô no meu próprio inferno. Até que o PC me puxa de volta. PC: E a Dara, como tá? — Não sei. Não vejo ela faz tempo. PC: Qual o sentido disso, Lion? Tu trouxe ela pra perto pra viverem como dois estranhos? — Não era pra ser assim… mas ela não se rende. Gabriel: E nem vai. Geovana disse que ela te odeia, mano. — Onde tem amor, tem ódio. — murmuro, sem coragem de encarar os caras. PC: Cabeça dura... Gabriel: Geovana disse que ela saiu da cama. Tá cozinhando. — Mentira! Quero ver isso pessoalmente. Em segundos, montamos nas motos e partimos pra minha casa. Assim que chego, Nico vem correndo. Ele nunca falha. Sempre me recebe com festa. O cachorro ainda me ama… mas a dona dele? Essa eu perdi. — Aê, garotão. Sabia que eu tava chegando, né? — digo brincando. Mas o ar me escapa ao vê-la ali. Dara. Na cozinha. Linda, como sempre, mas com os olhos apagados. PC: Hummm... Cheirinho bom! Sophia: Convencemos a Dara a fazer macarronada. Tava todo mundo morrendo de saudade do tempero nordestino! — De Rocha... Tô morrendo de fome também... Assim que minha voz ecoa, ela desliga o fogo, sem olhar pra ninguém. Dara: Está pronto, meninas. Bom apetite! — E sobe. PC (gritando): Você não vai comer? Dara: Estou sem fome! Ela desaparece. De novo. E o silêncio que fica pesa mais do que qualquer grito. Gabriel: Pesado... Sophia: Tu destruiu a menina, Lion. Geovana: Deixa ela ir embora, Dante! Traz nossa paz de volta. — Não. Geovana: Hoje tem baile. Deixa ela ir, eu vou tentar convencer ela. — Eu disse que não. PC: Pode ser bom pra ela. Um pouco de distração, talvez ela volte a sorrir. Sophia: Deixa, Dante. A gente cuida dela. — Tudo bem. Mas vou ficar de olho. E sem gracinha, senão vai sobrar pra vocês. Geovana: Obrigada, irmão. Sophia: Dara era uma chama viva quando chegou aqui. Agora? Vendo ela desse jeito... você devia se odiar. — Tá falando m***a, Sophia. Vaza daqui! — disparo, e ela sai, bufando. PC: Ela tá certa, irmão. — Quantas vezes tenho que mandar você tomar no cu pra tu entender, hein? — rebato, e ele levanta as mãos, se rendendo. Geovana: Vou subir pra falar com ela. Ravi: Isso vai dar m***a. Gabriel: Vai que ela se anima... E eu? Eu tô aqui. Perdido. Louco. Tentando fingir que tenho controle. Mas tudo que eu sei… é que a perdi. ---
Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD