Dara narrando
1 mês depois...
Um mês já se passou, e eu ainda estou presa aqui, longe da vida que eu conhecia. Minhas férias sonhadas se transformaram num pesadelo. Sem liberdade, sem contato com o mundo exterior... Apenas Nico, meu fiel companheiro de quatro patas, tem sido o alívio em meio a tanta t*****a.
Dante aparece apenas à noite e sai cedo pela manhã para cumprir sua agenda obscura. Geovana e Sophia me visitam de vez em quando, tentam me distrair, mas como se distrai alguém que perdeu tudo? PC também faz o possível, sempre tentando me animar, mas nada preenche essa dor silenciosa que consome meu peito.
As lágrimas? Já se foram. Só resta o vazio — um buraco escuro onde antes existia esperança. Estar sozinha não é novidade pra mim, mas perder minha identidade, meu trabalho, minha liberdade... e o pior, ter alguém ditando meus passos, me trancando como se eu fosse uma propriedade... é insuportável.
Geovana: Você precisa encontrar uma saída, Dara. Precisa reencontrar sua força.
Sophia: É, Dara. Já que você está aqui, tenta tirar o melhor disso. — Ela diz enquanto me observa fazer o almoço. Faz dias que não saio do quarto, e já tem mais de uma semana que não cruzo com o Dante.
— Qual seria o “melhor” disso?
Sophia: Sair com a gente, ir pra piscina…
Geovana: Qualquer coisa é melhor do que se esconder no quarto escuro do Dante.
— Eu não sei... Sinto falta do meu trabalho, das minhas amigas, da minha família...
Geovana: A gente é tão chata assim?
— Não é isso, boba. — digo, forçando um sorriso triste.
Geovana: Eu sei. Mas tenta, vai… fazer do limão uma limonada.
Enquanto ela fala, Nico sai dos meus pés e corre animado até a porta. Poucos segundos depois, Dante entra junto com PC e Gabriel.
Lion: Aê, garotão! Sabia que eu tava chegando, né? — brinca com o cachorro, mas congela ao me ver ali na cozinha.
PC: Hummm... Cheirinho bom!
Sophia: Convencemos a Dara a fazer uma macarronada. Tava todo mundo com saudade do tempero nordestino!
Dante: De Rocha... Tô morrendo de fome também.
Desligo o fogo sem dizer uma palavra.
— Está pronto, meninas. Bom apetite. — Subo as escadas antes que alguém diga mais alguma coisa.
PC (gritando): Você não vai comer?
— Estou sem fome! — respondo sem olhar pra trás. Assim que entro no quarto, elas voltam… as lágrimas. Caem pesadas. E eu… eu desabo mais uma vez.
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Lion narrando
Um mês de distância. Um mês tentando respeitar o espaço dela. Mas cada palavra fria da Dara me esmaga por dentro. Cada vez que a vejo chorar ou fugir de mim é como um soco direto no peito. Tenho evitado pressioná-la, tentando mostrar que meu amor não é uma prisão — mesmo que ela esteja aqui, presa.
O trabalho tem sido minha fuga. Meu único consolo. Mas mesmo assim, todas as noites eu chego em casa e a encontro dormindo, com os olhos inchados, rosto manchado pelas lágrimas que secaram sem consolo. Faz dias que não trocamos uma única palavra. Porta trancada. Silêncio. Indiferença.
Essa distância é uma t*****a: me permite fingir que tá tudo sob controle, mas só alimenta minha culpa. Será que destruí tudo? Será que já não há mais volta? Será que, no fim, o meu amor virou uma maldição?
10h da manhã – Boca de fumo
Os caras falam, riem, discutem estratégia… e eu? Tô longe. Tô no meu próprio inferno. Até que o PC me puxa de volta.
PC: E a Dara, como tá?
— Não sei. Não vejo ela faz tempo.
PC: Qual o sentido disso, Lion? Tu trouxe ela pra perto pra viverem como dois estranhos?
— Não era pra ser assim… mas ela não se rende.
Gabriel: E nem vai. Geovana disse que ela te odeia, mano.
— Onde tem amor, tem ódio. — murmuro, sem coragem de encarar os caras.
PC: Cabeça dura...
Gabriel: Geovana disse que ela saiu da cama. Tá cozinhando.
— Mentira! Quero ver isso pessoalmente.
Em segundos, montamos nas motos e partimos pra minha casa. Assim que chego, Nico vem correndo. Ele nunca falha. Sempre me recebe com festa. O cachorro ainda me ama… mas a dona dele? Essa eu perdi.
— Aê, garotão. Sabia que eu tava chegando, né? — digo brincando. Mas o ar me escapa ao vê-la ali. Dara. Na cozinha. Linda, como sempre, mas com os olhos apagados.
PC: Hummm... Cheirinho bom!
Sophia: Convencemos a Dara a fazer macarronada. Tava todo mundo morrendo de saudade do tempero nordestino!
— De Rocha... Tô morrendo de fome também...
Assim que minha voz ecoa, ela desliga o fogo, sem olhar pra ninguém.
Dara: Está pronto, meninas. Bom apetite! — E sobe.
PC (gritando): Você não vai comer?
Dara: Estou sem fome!
Ela desaparece. De novo. E o silêncio que fica pesa mais do que qualquer grito.
Gabriel: Pesado...
Sophia: Tu destruiu a menina, Lion.
Geovana: Deixa ela ir embora, Dante! Traz nossa paz de volta.
— Não.
Geovana: Hoje tem baile. Deixa ela ir, eu vou tentar convencer ela.
— Eu disse que não.
PC: Pode ser bom pra ela. Um pouco de distração, talvez ela volte a sorrir.
Sophia: Deixa, Dante. A gente cuida dela.
— Tudo bem. Mas vou ficar de olho. E sem gracinha, senão vai sobrar pra vocês.
Geovana: Obrigada, irmão.
Sophia: Dara era uma chama viva quando chegou aqui. Agora? Vendo ela desse jeito... você devia se odiar.
— Tá falando m***a, Sophia. Vaza daqui! — disparo, e ela sai, bufando.
PC: Ela tá certa, irmão.
— Quantas vezes tenho que mandar você tomar no cu pra tu entender, hein? — rebato, e ele levanta as mãos, se rendendo.
Geovana: Vou subir pra falar com ela.
Ravi: Isso vai dar m***a.
Gabriel: Vai que ela se anima...
E eu? Eu tô aqui. Perdido. Louco. Tentando fingir que tenho controle. Mas tudo que eu sei… é que a perdi.
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