Tiriça narrando Lá fora, silêncio de bota fuzilada. Outra voz respondeu, mais limpa, uma calma que dá raiva, calma de quem se acha acima do certo e do errado: — Quer se entregar, dono? “Dono.” Ri de novo, aquele riso do veneno curto. A perna latejou, minha mão tremeu. Entre morrer no ferro e ser arrastado na rua como troféu barato, eu escolhi o que ainda dava pra escolher. — Vou. — falei, sincero e sujo. — Vou me entregar. Minha perna tá quebrada, tô baleado, não tem corrida. Sem esculacho. Me leva pra cadeia. Eu vou vivo. — Joga as arma. A fumaça já fazia desenho no teto. Joguei a pistola primeiro, escorregando na poeira. Joguei o fuzil em seguida, com a mão pesada, como se eu estivesse entregando minha certidão de nascimento. O barulho dos dois no chão do outro lado veio com um “p

