Tirica narrando Eu tava no buraco, colado na parede fria, respirando pela boca pra não fazer barulho, tentando escutar o morro pelo miolo do barulho. O helicóptero já tinha cansado de varrer o céu, mas o ronco dele ainda ficava plantado no ouvido, igual zumbido de ressaca. Lá fora, de vez em quando, uma rajada cortava o ar e morria no concreto, aquele estalo seco de bala batendo em laje. Aqui dentro, só eu, o cheiro de cimento úmido, pólvora no nariz, suor frio escorrendo pela lombar. Peguei o rádio na mão, dei três toques curtos, o código de sempre, falei baixo, garganta apertada: — Base, aqui é o Tiriça. Fecha comigo. Sit rep. Chiado. Um fiapo de voz no limite, atravessado pelo vento do helicóptero que ainda zoava as telha. — …principal travada… — Repete! — …caveira no miolo… O c

