Capítulo 52

1130 Words

Tiriça narrando Os minutos viraram horas, as horas viraram uma eternidade. O sol caiu de lado, a sombra dos barracos desenhou dente de serra no chão, e o caveirão seguia ali, comendo calma, metendo peso, esperando a oportunidade de empurrar mais uma rua adentro. Recebi visão de cima do campo: — Tão forçando pela rua da caixa d’água, Tiriça! — Então a rua da caixa d’água agora é deserto. — respondi. — Quem tá lá recolhe e vem pelo miolo. A fumaça subiu do outro lado, alguém gritou “médico!”, a gente respondeu “vem pelo corredor” e abriu espaço pro vizinho que sabe onde pisa. Não tem ficção nisso: a favela vira hospital e trincheira ao mesmo tempo, e não tem ninguém confortável. Quem falar que tem, mente. O suor entra no olho e arde mais que gás, a mão treme, o pensamento corre pra mãe,

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