Capítulo 35

1897 Words

Nariz narrando Fiquei o dia inteiro na boca. Sol batendo na lona, cheiro de gordura da barraca do pastel do lado, mercadoria esticada no tampo da mesa, droga pra todos os gostos, pra playboy que vem atrás daquele baseado, e os pancadão cheira pó do c*****o que se acha brabo, e cliente entrando e saindo como se fosse mercado. O corre não para. O lucro tava bom, a boca tava rajando, e eu tava ali fazendo o meu, contando cada nota com a calma de quem já viu tudo e aprendeu a não se iludir. Só que a cabeça não me deixava sossegado. O negócio que o Felipe me passou ecoava como um estalo: “Tem treta.” E quando um parceiro cheira treta, a gente não dorme direito. Sentado na frente da banquinha, eu observava cada esquina como se fosse tela de cinema. Olho pra um, olho pro outro; a favela inteir

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