CAPÍTULO 4

2590 Words
WILLIAM Sabe o que é mais difícil que os estudos de uma criança? Fazê-la ir para os estudos, encaro M que fica ao lado de fora do carro, Nathan está dentro do carro, ele não quer descer, por algum bendito motivo, ele não quer ir para escola, mas estamos parado de frente para ela, eu relaxo e fico calmo. Na minha época nem no carro eu entrava, digamos que eu compreendia ele. Eu fui da idade dele e isso era bem pior, Nathan ainda era um bom garoto. Lembro que eu fingia muito bem, então não era preciso meu pai chamar um guincho pra me tirar do carro. Nathan estava ali fazia alguns minutos e eu tentava tirar ele dali. Estava quase prometendo um unicórnio ou uma viagem pra Disney, mas não era assim que o barco tocava, não quando se tratava da educação de uma criança, além disso se Ellen soubesse que eu coagi o filho dela, bem, digamos que eu ficaria um bom tempo sem usar meu precioso. Eu também respeitava o garoto, mas agora era questão de tentar fazê-lo sair do carro e entrar na aula. - Eu vou te tirar daí Nathan, eu falo sério – Controlo a voz, pra não soar tão alto e deixar ele ainda mais receoso dentro do carro. Bem, eu poderia não ter experiência com crianças, mas Nathan não parecia muito difícil de lidar ou ter aquele tipo de comportamento, então aquilo não fazia sentido, o que tanto o incomodava pra fazê-lo não tirar a b***a do carro? - Eu não quero ir hoje, tio William. - Você veio ontem, veio antes de ontem e pode ir hoje, amanhã é sábado, você não precisa vir. - A escola não abre amanhã. Bem, fazia muito sentido. - Sim, também, vamos, não me faça te carregar para dentro, eu tenho coragem de fazer isso, embora isso seja muito vergonhoso pra mim e pra você – Falo e entro no carro. - Isso é pela sua mãe? Por isso não está muito animado de entrar? - Vou direto ao ponto, apenas isso vem o deixando cabisbaixo nos últimos dias. - Ela ainda não acordou, sabe disso. Ela se pudesse estaria aqui, te arrastando lá pra dentro. - Eu tenho saudade dela, faz alguns dias já, tio William. Chegamos ao ponto, tínhamos o fator determinante ali, mas tínhamos que ter outro fator, que faria ele entrar pra aula. Eu só precisava saber o que falar, não havia um manual pra isso, mas eu conseguia ser delicado e até mais suave, bem, conviver com criança te ensina algumas coisas, como não deixar o papel perto demais do vaso, que eles sempre derrubam. E aquilo vira uma lambreca, além de aprender a lidar, de controlar pra não jogar eles pela janela. - Eu também estou morrendo de saudade dela, mas te levei para ver ela ontem, viu que ela saiu daquele quarto h******l? Está naquele outro, significa que ela está bem melhor. Era verdade, monitorar Ellen agora era mais tranquilo, na verdade me fazia a pergunta se ela demoraria mais ou se eu precisaria sacudir ela pelos ombros até acordar. - Ela está demorando a acordar. Hoje fez - Ele ergue a mão com os cinco dedos levantados. - Isso tudo, tio William. Ela tem que acordar, ela não precisa dormir tanto assim. Bem, sabia e entendia o quadro de Ellen no hospital e desde o acidente de carro, Nathan sabia, mas não entendia bem o que ocorria, mas achava melhor ele ter essa percepção que ela estava em um sono profundo, assim não o chateada e nem deixava ele pensando se ela estava ou não bem. Durante esses dias, em alguns momentos, ele ficava muito quieto, do tipo que indicava que ele estava pensando demais, como no dia anterior que quando ele terminou o silêncio dele, ele me perguntou se Ellen sentia dor, sentei e expliquei que não, que ela estava quieta e sem sentir nada. Alguns momentos eu me perguntava o que se passava na cabeça dele, sobre o acidente, sobre Ellen ou até de estar comigo, mas eu não sabia exatamente. - Quando fazer isso, ela vai ficar com a gente, não quer ficar comigo mais? Pode ficar com Rick, você tem essa autonomia, já disse isso para você. Se o problema for ficar na minha casa. - Eu quero ficar com o senhor – Ele se mexe, se inclina e abre a mochila, retirando a agenda e me mostrando. - Hoje tem reunião, todos vão, mas a minha não, mamãe ia na reunião do colégio antes, nunca faltou, mas agora ela não está aqui. Eu queria ela aqui comigo, todo mundo vai estar com mãe ou pai, menos eu. Ah, claro, então era isso. Estamos chegando na raiz do problema. Suspiro fundo, eu sabia que faltava algo ontem. Era olhar a agenda. Como não pensei nisso? Aquilo era quase imperdoável como um bom adulto responsável de uma criança. Entendia então o motivo pra ele ter colado a b***a no banco, ele não queria ir sozinho, Ellen sempre esteve com ele. Bem. Menos agora, por força maior. - Por que não disse antes, eu posso ir com você. O que acha? - Você não pode ir – Dou um sorriso, puxando a mochila dele e saindo do carro de novo. - Vai entrar comigo na escola? - Claro, está comigo essa semana, isso é meu dever – Sorrio para ele. - Vamos, eu disse que cuidaria de você para o que você precisar, estou aqui. Nathan da uma risada baixa e fica me olhando, desconfiado, mas vejo um brilho nos olhos dele. Isso mesmo garoto. - Vai ser estranho com o senhor, geralmente é o pai e a mãe – Ele desce e se coloca ao meu lado, puxando a mochila e a colocando. - Tchau M, tenha um bom dia – Começamos a caminhar e assim que entro, ele me leva por entre os corredores, vejo criança misturada com adulto e assim que paramos na sala dele, ele pega a minha mão e aperta. - E se a professora danar com você, devia ser Nathaniel, não devia? Ele é meu pai. Faço uma careta. Bem, por esse lado era. Mas se eu pudesse não teria esse lado. Na verdade se eu pudesse eu teria conhecido Ellen faz tempo, mas o mundo não é tão pequeno e da suas voltas. - Eu estou aqui – Ele me leva para cadeira ao canto da sala, perto da janela. Encaro os outros pais, fico sem saber o que fazer e Nathan e chamado por uma mulher baixa. - Onde vai? - Tenho que ir, são só os pais – Ele deixa a bolsa e vai, eu fico parado, até que a mulher fala e fala, fala de novo e de novo, pauta atrás de pauta. Encaro o relógio e puxo o celular,mandando uma mensagem para o meu pai segurar um pouco, que eu vou me atrasar. Quando a professora começa a liberar o pessoal, ela vai por nome, entregando uma apostila e a ficha avaliativa. Chega a vez de Nathan, eu me levanto, parando na frente da tapinha de óculos. - O senhor é? - Sou o responsável por Nathan - Dou um sorriso calmo. Na minha época quando eu pai ficava na frente com uma professora, eu sempre ficava de castigo. Até hoje eu devo castigo, se eu vou pagar? Não. - Oh, sinto muito pelo acontecido, estamos torcendo pela melhora dela, Nathan é um garoto incrível, ficou mais na dele essa semana, mais sei que e pelo que passou, é bom manter a rotina dele, como observar o que se passa com ele sem a presença da mãe. - Eu faço isso, ele é aberto – Ela me ergue a ficha dele e a apostilha. - Se precisar de qualquer coisa é só me chamar, deixei meu número na diretoria caso aconteça alguma coisa no começo da semana. Espero que podemos ir nos ajudando, ele passa metade do dia dele aqui. - Ele só ficou mais calado e quieto, ele gosta muito de conversar, até demais - Dou um sorriso. - Ele é um garoto curioso e também se sai muito bem nas aulas fora da sala. - Ele pratica algum esporte. - Nossos esportes são muito recreativos, mas eu já vi que ele e até outros da turma tem bastante interesse em basebol. - Interessante. Alguma coisa mais? - Ela balança a cabeça. - Ótimo, muito obrigada. - Tenha um bom dia – Aceno com a cabeça e saio da sala, no pavilhão da frente, Nathan se aproxima de mim. - Pronto, viu? Não precisa ficar desse jeito, até sua mãe voltar, conta comigo – Me abaixo e olho para ele. - Te vejo no almoço? - Obrigado – Ele se aproxima e me abraça, dou um beijo no seu rosto e me levanto. - Tenha um bom dia, tio William. - Você também – Quando eu entro no carro, vejo que a ficha de avaliação dele é normal, nada que se preocupar, quando abro a apostila começo a encarar as tarefas que ele fazia, cada uma delas, algumas tem a assinatura de Ellen, aquilo me faz sorrir como um lunático. Vejam, ela é uma mãe gostosa e presente. Como não amar uma mulher dessa? Nas últimas folhas eu vejo os desenhos, datas diferentes, mas um me chama a atenção, um com uns bonecos desenhados, há quatro deles e acima deles tem os nomes. Sou eu. Nathan ao meio e Ellen na outra ponta, com Rick ao seu lado. Acima a palavra família. Eu dou um sorriso. Caralho. Meu pai falou que era bonito minha atitude de ajudar Nathan, mas ele me ajudava, ele supria a necessidade de Ellen,de uma forma diferente, mas que me acalmava para não sair da linha e fazer besteira, por deus, fazia dias que eu não escutava a voz dela ou sentia ela perto, mesmo vendo ela, nunca seria a mesma coisa de ter ela. Nunca. Agora olhando aquilo, aquela representação, significava que eu havia ganho uma parte daquele garoto, que se eu preservar, eu teria ele sempre. Bem, eu nunca me vi nesse papel tão responsável, não se tratando de uma criança que ganhou minha atenção. Mas era bom, na verdade era maravilhoso ter a sensação de conquistar a mãe e o filho. Antes de descer do carro, eu penso em pegar o desenho, mas seria errado, Ellen tinha que ver isso, por Deus, eu queria que ela visse aquilo demais da conta quando acordasse e notasse que eu tinha um lugarzinho. Suspiro fundo. - Mesmo horário M, te vejo em breve – Desço segurando minhas coisas e atravessando o hall de entrada, mas assim que vou pegar o elevador para cima, eu vejo meu pai, ele não está sozinho, há uma mulher alta com ele, que quando me vê acena para mim e eu fico parado, erguendo a mão e fechando o botão do terno e desviando o caminho. - Pai? Vejo a expressão do meu pai, não está muito suave e não parece que ele havia segurado as coisas pelo meu atraso. - Que bom que chegou, como foi com Nathan? - Estranho a pergunta. - Bem, havia reunião, participei – Me viro para a mulher que me encara, ao seu lado tem outro homem, que me encara também, como se eu fosse uma novidade de outro mundo. - Vocês querem algo, senhor e senhorita? - O senhor é William, certo? - Balanço a cabeça. - Somos do serviço social, sabe o motivo de estarmos aqui? - Algum serviço social? - Brinco e balanço a cabeça. - Direto ao ponto, por favor. Ali eu sei que é algo sobre Nathan, nada fica bom naquele momento, parecia que alguém havia colocado uma pedra bem no meu caminho. Assim do nada. Que saco. - Estamos aqui em nome do pai de Nathan Colin, soubemos do ocorrido que houve com a mãe dele – Fico parado. - Pode me dizer o que tem com a senhorita Ellena? - Ellen, o nome dela e Ellen – Eu dou um passo para trás. - Estamos juntos faz um tempo. - O garoto não é seu filho? - Não, mas é como se fosse – As palavras saem rasgando dentro do meu peito, eu encaro meu pai, ele me encara sério. - Quer raios querem com essas perguntas, falem o objetivo de uma vez. - Houve um pedido junto a nós para que o garoto seja encaminhado para o responsável dele, no caso o pai, o senhor entende isso? – Solto uma risada. - Nathaniel está por trás disso? Ele quer passar por cima do que ela disse? - Fico parado, fecho os olhos e respiro fundo. - Ele quer ficar com Nathan? - Até a mãe estar melhor, ele alega que você não é uma figura de boa índole para estar nesse período com a criança – Mordo o lábio inferior com raiva e me mexo inquieto. - O cara some por seis anos e alega isso? Que eu não tenho boa índole? Pro inferno! - Filho?! - Não, ele está fazendo graça, ele não vai passar por cima da vontade de Ellen, muito menos de mim, não dessa forma, eu não impedi dele ver o garoto, mas falei em ver na presença de alguém encarregado, ele sabia disso. - Ele comentou isso, ele apenas pensa no bem estar do garoto. - Eu também, eu estou segurando essa barra com ele senhora, não vou sair do lado dele, não farei m*l nenhum, ele sabe disso – Estou acelerado por dentro, nervoso. - Nathan confia em mim, eu dei autonomia para ele escolher ficar comigo ou com a pessoa mais próxima de confiança de Ellen, mas ele quis ficar. - Eu entendo o apego, mas há uma questão aqui, senhor William, e o pai dele – Fico parado. - A lei é clara – Eu me aproximo da mulher e meu pai me empurra. - O que vai fazer? Respiro fundo, a cabeça fica bagunçada, mas eu vou passando com o meu carrinho por cada setor e colocando as coisas no lugar. Como naquelas conveniências bem arrumadas, tentando deixar tudo em ordem, modelo e cor, calmamente. - A lei é clara, você está absolutamente certa sobre isso senhora – Faço uma pausa. - Então faça o seguinte, me prove que ele tem um documento legal que prove que Nathan Colin e filho de Nathaniel o verme, ah, se ele falar que ele tem o sangue dele ou a p***a que for, ele vai ter que provar e vocês só vão encostar nele para um exame ou para pegar em Nathan com a autorização de um juiz ou da mãe dele, fui claro, senhora? - Eu dou as costas, vendo as pessoas me encarando. - Vocês tem muito trabalho para fazer – Falo alto e sumo entre o elevador, antes dele se fechar, eu vejo a mão do meu pai, que entra e me encara. - Não fala nada, não quero responder o senhor de forma rude. - Sei que fica rude quando está com raiva. - Nathan é meu, ninguém vai o tirar de mim. - Filho... - Ninguém! AVISO - Mais um capítulo fresquinho (finalmenteeee), para ficar por dentro adicione o livro na biblioteca, comente sempre nos capítulos para eu poder saber o que vocês acham e deixe o seu voto maravilhoso ou me sigam para receber novidades e atualizações. Até amanhã com mais um capítulo. Att, Amanda Oliveira, amo-te.
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