Capítulo 7
Nolasco narrando
Eu ainda não tinha saído da boca desse morro, tanto eu quanto Ryan estava revirando todos os documentos que tinha aqui para descobrir qualquer falha de Toco. Mas até então não achamos nenhum documento que tenha relevância, mas provavelmente Toco era esperto e não guardava nada dentro da boca.
— Vai descansar Ryan, já é de manhã cedo.
— Deixa que eu fico e você vai – ele fala
— Não, pode ir – eu falo – to de boa por aqui ainda, quero ver como é o amanhecer no morro.
— Qualquer coisa me chama – ele fala
— Pode crer.
Ele sai de dentro da boca eeu saio para fora, acendo meu baseado para ficar ligado, até porque já são mais de 24h horas acordado, mas já era acostumada com essa rotina maluca e nada me derrubava, nem mesmo a porcaria do cansaço.
— Nolasco? – eu olho para aquela mulher na minha frente.
— Sou eu.
— Sou a mãe de Toco – eu olho para ela.
— A famosa dona Katia que tem o melhor empadão de frango segundo o seu filho. – ela me encara
— Preciso falar com você em realção a Antonella.
— A fiel dele? – eu pergunto – já conheci a peça.
— Posso? – ele pergunta
— Vamos – eu falo abrindo a porta e ela entra.
Ela entra dentro da boca e eu me sento na minha cadeira e ela se senta na minah frente.
— Como está meu filho? – ela pergunta
— Chegou agora cedo na penitenciaria – ele fala
— Quando vamos poder visitar ele?
— A hora certa, eu vou mandar avisar – eu falo – ele arrecem chegou, tem as burocracias básicas.
— Eu sei de quem é a culpa pelo meu filho ser preso.
— Sabe? – eu pergunto
— Antonella – ela fala e eu arqueio a sombrancelha para ela.
— Sua nora?
— Aquela mulher é perigosa – ela fala – meu filho tem o r**o presoo com ela, por isso está junto dela. Eu já escutei diversas discussões dos dois, as cobranças um para o outro.
— Me explica melhor a situação – eu falo para ela. – eles brigavam de mais?
— A maior parte do tempo nos últimos meses – ela fala – viviam se ameaçando, mas não eram claros nas conversas. Antonella é uma mulher perigosa, observadora e espera a hora certa para dar o bote, ela deu um jeito do meu filho ser preso mas não imaginava que o comando assumiria o morro.
— A senhora está falando que a culpada foi ela? – eu pergunto mesmos abendo que não era verdade.
— Fique de olho nela – ela fala me encarando – Ela é o próprio demônio.
Katia se levanta e eu bato a caneta na mesa pensando em Antonella. Pode ser que seja implicância de sogra ou não.
Capítulo 8
Antonella narrando
Eu estava tentando acompanhar todos os lugares para ver se tinha alguma noticia sobre a prisão de Toco, estava ficando nervosa a cada segundo que passa. Essa história ia feder muito, ainda mais com esse novo comando aqui no morro.
Eu procuro Salve e encontro ele na boca geral, no lugar dele como de sempre.
— Antonella – ele fala
— Alguma noticia sobre Toco?
— Ele chegou na penitenciaria hoje pela manhã, Nolasco passou o rádio.
— E porque fui a ultima a saber?
— Porque nos encontramos agora – ele fala
— Quando ele vai sair?
— Nolasco não passou nenhuma informação.
— E se tiverem querendo dar um golpe em toco? – eu pergunto
— Sabe o que eu acho? – ele pergunta me encarando – essa prisão foi proposital – eu olho para ele – pelas merdas que Toco andava fazendo aqui no morro.
— Vão acabar matando ele.
— Isso não – Salve fala – mas talvez ele nunca mais volte a ser o dono da Santa Marta.
— Não fale isso, o morro é a vida dele.
— Está com medo de perder a posição da primeira dama? – ele pergunta
— Se ele cair, a gente cai tudo junto – Salve me encara
— Eu sei disso, mas é melhor a gente manter a nossa, ficar de boa Antonella, se não nos dois vamos queimar lá em cima nos pneus – ele fala
— Antonella – Um homem aparece – Nolasco quer falar com você lá na boca.
— Comigo? – eu pergunto
— Deve ser para visitar Toco – Salve fala – lembra do que te falei.
Eu olho para Salve e respiro fundo, vou junto com aquele homem armado em direção a boca. Minha cabeça estava uma zona enorme e m*l tinha conseguido dormir na noite anterior, na verdade passei a noite em claro.
— Bom dia – Nolasco fala me encarando
— Queria falar comigo? – eu pergunto
— Eu disse bom dia – ele repete
— Bom dia – eu falo para ele
— Senta – ele fala – gosto de ver as pessoas na mesma altura que eu – ele fala se sentando e eu o encaro e acabo sentando.
— Toco está na penitenciaria.
— Vou poder visitar ele?
— Ainda não – ele fala
— E porque me chamou? – eu pergunto
— Sua sogra teve aqui falando de você.
— Aquela bruxa – eu falo para ele e ele me encara
— Ela tem certeza que foi você que armou a prisão de Toco – Nolasco fala me encarando – e eu fiquei pensando, será que você teria esse poder todo de armar a prisão de uma pessoa?
— E porque eu faria isso? – eu pergunto para ele – se ele é meu marido.
— O morro não tem sub, sem ele ficaria sem comando, vai que você quisesse dar o golpe de poder em Toco.
— E virar dona do morro? – eu pergunto rindo
— Eu não sei qual é a graça nisso – ele fala – por acaso eu sou palhaço de circo?
Capítulo 9
Nolasco narrando
Ela franzi os olhos e me encara.
— A graça é você achar que eu queria dar um golpe de comando no meu marido, com quem estou há 10 anos – ela me responde – ele saiu desse morro para encontrar você, ele é preso, no outro dia você aparece aqui dizendo que é o novo dono do morro. Eu acho que é bem ao contrário né? Quem deu o golpe de comando é você.
— Toco é meu afilhado do crime – eu respondo para ela – não faria nada contra ele.
— Não confio em você – ela repete
— E nem eu em você.
— Então estamos quites – ela me responde
— Você não tem medo do perigo, não é mesmo?
— E você vai fazer o que comigo? – ela pergunta – eu não fiz nada de errado, estou na minha, apenas querendo saber do meu marido. Quando ele sair da cadeia vai dizer a ele que me matou porque?
— Eu estou de olho em você – eu falo para ela – em cada passo seu, em cada passo mesmo, se você der um passo em falso, eu vou ficar sabendo e ai garota – ela me olha
— Então eu posso ficar tranquila – ela se levanta – não faço nada de errado.
— Sua sogra disse que vocês brigavam de mais.
— Qual casal que não briga? – ela pergunta – minha sogra é uma cobra, mais uns dias de convivência você vai entender o que eu estou falando.
— Estou de olho em você – eu falo para ela e ela me encara – o recado está dado.
— Bom dia – ela fala dando um sorriso e saindo de dentro da boca.
Não posso negar que a sogra estava realmente certo, ela era esperta e bem observadora, falava as palavras certas e parecia ter ela na ponta da língua.
Ryan entra na boca depois de um tempo e me pega pensativo.
— Manhã movimentada? – ele pergunta
— A mãe de Toco, veio falar da Antonella.
— Ela também falou para mim – Ryan fala – está certa que é a nora que causou a prisão e a gente sabe que não é.
— Mas tem algo nessa garota que me intriga – eu falo – eu quero gente de olho nela, o tempo todo.
— Será que ela vai ter as respostas que queremos? – ele pergunta
— Quem sabe. Vou descansar.
— Qualquer coisa chamo no rádio – Ryan fala.
Eu saio da boca e observo o morro, de longe vejo Antonella entrando em um salão de beleza, típica mulher de traficante, vive na vida boa, apenas gastando dinheiro com seus luxos dentro do morro, longe de qualquer suspeita.
Muita coisa vem acontecendo dentro desse morro, Toco andou causando inimizades com os outros donos de morro, muita dor de cabeça para mim. Mas eram coisas tão inteligentes , que é difícil acreditar que ele tenha pensado em tudo.