Alexandre narrando Já era quase meio-dia quando eu cheguei na delegacia. Entrei com o peito inflado, terno trocado, óculos escuro no rosto e ódio fervendo no sangue. A imprensa já tinha montado um acampamento na porta da delegacia, mas eu sabia que aquilo ainda ia rodar muito todos os jornais, todos os sites, todas as TVs. O prefeito do Rio com os pais presos. A família perfeita desmoronando em praça pública. Eu ia ter que dar inúmeras entrevistas e eu nem sabia por onde começar. Foda-se. Fui direto até o delegado de plantão. Dei meu nome. Falei alto, sem medo de quem tava ouvindo. — Vim ver minha mãe. Ela tava lá dentro. Presa. Com o mesmo olhar de ontem: perdido, assustado, traído. — Eu sou dona de empresa nenhuma! — ela dizia, repetindo a mesma frase pela terceira, quarta vez.

