Alexandre narrando
A casa tava um cemitério.
Não tinha som.
Não tinha vida.
Só o choro da minha mãe ecoando por cada canto daquele palacete que meu pai construiu com a p***a do dinheiro que agora querem jogar na lama.
Ela passou a noite inteira trancada no quarto deles. Quando chegamos da delegacia, já depois da meia-noite, ela tava deitada no chão, do lado da cama, com a cara enfiada no tapete persa importado, soluçando igual criança. Tiveram que chamar a médica da família. Deram calmante. Botaram soro. Tudo isso pra ela conseguir dormir — e mesmo dormindo, parecia que chorava em silêncio.
Eu fiquei ali. Sentado na poltrona, terno amarrotado, olhando pro vazio do quarto escuro, ouvindo os estalos da madeira do assoalho como se fossem tiros.
Mas dentro da minha cabeça, não tinha si
