- Para onde você está me levando mesmo? - Carol pergunta encostada em "meu" carro.
- Vou te s********r, te levar para o meio do mato, te m***r e, em seguida, tirar seus órgãos, vende-los e ficar rica. - abro o porta-malas e viro meu rosto para vê-la.
- É um bom plano. - sorri.
- Não é? Passei a noite toda planejando ele. - brinco enquanto verifico se está tudo ali.
Violão, cesta de piquenique e a pequena caixinha. É, está tudo aqui, nem é tanta coisa.
- O que está fazendo ai? - Carol fala vindo para meu lado. Querendo que ela não veja, eu fecho o porta-malas de uma só vez, fazendo com que um barulho terrivelmente alto ecoar pelo lugar.
Será que quebrou? Mamãe vai me m***r!
- Ai meu Deus! - exclamo.
- 'Tá doida? Está querendo quebrar mesmo?
- Escorregou. - dou um sorriso sem mostrar os dentes para ela.
- Aham. - me olha desconfiada.
- Vamos. - a chamo.
- Você 'tá estranha! - fala.
Entramos dentro do carro e eu passo o cinto, ligando o carro em seguida. Espero ela colocar o cinto em si e acelero o carro, andando pelas ruas.
- Por que acha isso? - franzo o cenho.
- Porque sim! - fala. - Eu te conheço muito bem para saber quando você está estranha. E, agora, você está estranha!
- É impressão sua, Ruiva.
- Okay. - estreita os olhos, tenho certeza que não se convenceu ainda, só não quer prolongar o assunto. - Agora sério, para onde você está me levando?
- Surpresa, já disse.
Ela apenas bufa frustrada e deita a cabeça no banco. Coloco minha mão direita sobre sua coxa, apertando-a, deixando a esquerda no volante. O caminho é demorado e a única coisa que se ouvia dentro do carro era o som do carro deslizando sobre o asfalto, o de nossas respirações e o da música baixa que Carol havia colocado no som.
Eu estava nervosa! Vai ser a primeira vez que eu vou fazer esse tipo de coisa para alguém. Estou com medo d'ela não gostar e não aceitar. Insegurança.
Foi tudo de última hora, tive a ideia enquanto conversava com Carol ontem, depois do nosso encontro. Na mesma hora liguei para Vitão e Bruno, pedindo ajuda. Graças a Deus que havia eles para me ajudar. Vitão pediu ajuda para Thaylise também, e, mesmo ela não sendo muito próxima de mim e da Carol, ela ajudou. Com certeza eu vou amar e apoiar quando ela e Vitão começarem a namorar. Menina incrível!
Enfim, eles compraram tudo que eu pedi e aqui estamos, dentro do carro indo para o lugar onde, se Deus permitir, a ruiva ao meu lado vai se tornar minha.
- Ei, eu conheço esse caminho. - Carol fala quando percebe para onde estamos indo. Acabamos de passar da placa da entrada de Miami.
- Claro que conhece. - digo apenas, dando-lhe um pequeno sorriso.
- Aqui está mais lindo do que eu me lembrava. - Carol exclama admirada, se encostando no pequeno muro. - E olha que não faz nem dois meses desde a ultima vez que estive aqui com você.
- É. - me aproximo dela, ficando ao seu lado no muro.
Havíamos acabado de chegar. Eram por volta das uma hora da tarde, normalmente o sol nesse horário estaria rachando de tão quente, mas graças a Deus ou a qualquer outro ser hoje o tempo estava meio nublado, mas não corria o risco de chover. Pelo menos eu acho que não...
- Por que me trouxe até aqui? - pergunta depois de um tempo calada.
- Eu já te falei, vou te m***r e vender seus órgãos. - me aproximo dela.
- Pelo menos me levava para comer alguma coisa antes. - fala com a voz manhosa. - Meu espirito taurino está implorando por alimento.
- Não se preocupe, eu trouxe comida para nós. - me desencosto do muro. - Afinal de contas, não sou uma sequestradora tão má assim. - brinco.
- Desconfiei que não fosse. - ri.
Me afasto dela e vou até o carro, que não estava muito longe de onde estávamos.
- Quer ajuda com alguma coisa? - ela pergunta se aproximando de mim, depois de eu abrir o porta-malas.
- Já que você insiste. - pego o violão e entrego para ela. - Pode levar isso.
- Não sabia que você sabia tocar. - fala depois de pegar o instrumento.
- Poucos sabem. - dou de ombros.
Pego a cesta e, sem que Carol veja, pego a pequena caixa também e escondo dentro da cesta.
- Vamos.
Fomos para de baixo de uma árvore que havia ali. Eu pego uma toalha quadriculada que tinha dentro da cesta e estendo no chão, espalhando as comidas que eu havia trago sobre ela. O clichê dos piqueniques!
- Na maioria dos piqueniques que eu vejo em filmes, as comidas são todas naturais. Frutas, sanduíches naturais, suco, bolos - Carol fala se sentando em cima da toalha, no canto. - Você decidiu quebrar o tabu e trocou as coisas saudáveis, por não-saudáveis.
- Ei, isso aqui. - pego uma jarra de suco. - É de maracujá natural, okay?
- E os outros?
- São naturais também! - pego um hambúrguer. - Natural do Mcdonald. - sorrio.
Eu havia trago na cesta hambúrgueres, refrigerante, suco e alguns morangos com chocolate, para a sobremesa. Esse último ainda está dentro da cesta. Eu não optei por trazer outras coisas, como o bolo que ela falou, porque iria ser nosso almoço, e vamos concordar que bolo no almoço não é legal.
- Você comprou isso tudo antes de ir para a escola?
- Não. - n**o. - Vitão foi comprar para mim na hora do intervalo e deixou no meu carro.
- Ah.
A observo pegar um dos hambúrgueres e os levar até a boca, mordendo-o. Eu acompanho tudo pelo olhar, dos movimentos da sua boca quando vai morder a comida, até os movimentos da sua língua quando ela lambe os próprios lábios, para tirar o molho que havia ficado.
Como ela consegue ser tão linda mesmo com o cabelo amarrado em um coque alto e com a boca suja de molho de hambúrguer?
- Não vai comer? - ela pergunta me olhando.
- Ahn?
- Vai me deixar comer sozinha?
- Ah, não. - pego um hambúrguer e começo a come-lo também.
- Estava no mundo da lua? - bebe um pouco do suco. Ela é rara, são poucas as pessoas que preferem beber suco do que refrigerante.
Não, no do sol, mais conhecido como Carol Biazin!
- Só estava pensando em umas coisas. - respondo. - Nada demais.