Repouso minha cabeça ao lado da sua, sentindo seu cheiro adocicado. Por mais que ele esteja fraco, ainda dá de senti-lo.
Ela estava assim há quase três meses. Dois meses e duas semanas para ser mais exata.
Flashback on:
Dois meses e duas semanas antes...
- Não sei porquê aceitei vim com você. - Carol fala com os braços cruzados, enquanto caminhava pelo local, desviando das pessoas.
Eu estava caminhando ao seu lado, com um braço em volta de seu pescoço. Ela falava alto, por conta da música que tocava em uma altura estridente. Se eu não estivesse tão perto dela não conseguiria ouvi-la.
Soltei um riso ao olhar para a cara dela. Carol estava com um bico gigante na boca, havia roubado minha touca e a colocado em sua cabeça. Confesso que ficou bastante engraçada nela. Já sabia que minha namorada odiava festas, que preferia ficar em casa assistindo filmes, séries e lendo algum livro, mas não imaginava que era tanto ódio assim.
Carol passou a festa toda com uma carranca na cara. Na verdade, não a festa toda, já que estamos indo embora e não são nem meia noite, a festa nem chegou na metade ainda. Antigamente eu só iria sair daqui quando tudo acabasse, lá pelas três/quatro horas da manhã. Mas como estou na presença da minha ilustre namorada, e já que ela não está se sentindo confortável aqui, estamos indo agora. Não que eu quisesse ficar mais tempo aqui, pois não quero. Não sei o que aconteceu, só que depois de um tempo eu fui perdendo a v*****e de sair. Agora prefiro ficar como a Carol, ou melhor, com a Carol.
- Porque você ama sua namorada e não consegue dizer não para ela. - coloco ela em minha frente, a abraçando por trás sem parar de caminhar, quando percebo que o espaço estava ficando pequeno.
Deus me livre perde-la aqui, do jeito que ela é pequena, demoraria séculos para encontra-la.
- Convencida! - dou uma mordida em seu ombro. - Para, Dayane. - me dá um t**a na cabeça.
- Ai, Caroline.
- Você está fedendo à álcool. - faz uma careta quando chegamos onde o carro está. - Não é melhor eu dirigir hoje?
- Eu não estou bêbada, amor! - abro a porta do carro e entro. Ela logo entra também e já vai colocando os pés sobre o painel do carro. Já virou mania dela fazer isso. - E desde de quando você sabe dirigir, criança?
- Eu sei, okay? Só tenho medo de dirigir e acabar batendo em algum poste, fico nervosa com isso. - se justifica. - E eu não sou criança, i****a. Já sou grande, viu?
- Tá bom, grande. - rio.
- Está zombando da minha altura, Dayane? - me olha f**o.
- Não, longe de mim zombar disso... - continuo olhando para a estrada, mas sinto que ela está me olhando f**o. - baixinha. - sinto um t**a em minha cabeça. - Eu estou dirigindo, Caroline, não me bate mulher.
- Só parar de me chamar de baixinha.
- Mas não foi você quem disse que sempre temos que falar a verdade uma para a outra se quisermos que nossa relacionamento seja saudável? - relembro o que ela disse no começo do nosso namoro. - Então, estou dizendo a mais pura verdade.
- i****a.
Meu mais novo hobbie preferido é irritar Carol. É uma tarefa bem difícil fazer isso, já que ela é uma pessoa bastante calma, mas quando acontece, sai da frente. Amo vê-la irritada, seu rosto fica todo vermelho, ela fica toda fofa. Quer ver ela se estressar fácil? Fala da altura dela. Já virou costume ela me chamar de i****a também.
- Amor? - a chamo, colocando minha mão em sua coxa. Ela havia virado o rosto na direção da janela, ainda com os pés no painel. - Gatinha?
- Hum? - murmura em resposta.
- Me dá um beijo? -
- Você está dirigindo, Dayane. - a olho fazendo bico. - Para de olhar para mim e olha para a estrada. - diz preocupada.
- Você está muito nervosa, baby.
- Claro que estou. - responde. - Não deveria ter deixado você beber e nem dirigir esse carro.
- Eu não estou bebada! - asseguro.
Confeço que estava meio alta mesmo, mas não chegava a estar bebada. Estou muito consiente sobre minhas ações.
Carol ficou calada o resto do caminho todo, cheguei até a pensar que ela estava dormindo, mas chequei e a mesma só estava calada mesmo. O caminho do lugar da festa até a casa dela era longo, visto que a cada do anfitrião ficava do outro lado da cidade.
Onde é que eu estava com a cabeça de vim à esta festa?
- Day? - a ruiva murmura me chamando.
- Hum?
- Cadê seu celular?
Tateio meus bolsos com cuidado apenas com uma mão, deixando a outra segurando o volante, procurando por ele. Ela havia deixado o celular dela em sua casa, disse que não tinha precisão de leva-lo para uma festa, e também qualquer coisa ela tinha o meu - palavras dela. Acabo por achar o celular e entrego para a ruiva ao meu lado sem desviar o olhar da estrada, ela o pega sonolenta.
- Thay te mandou mensagem. - fala depois de alguns instantes, depois de mexer no celular.
- O que?
- Vitão pediu ela em namoro. - solta um riso. - Finalmente! Nunca vi pessoa mais lerda que o Vitão.
- Pois é, lerdo para caramba. - rio. - E o i****a nem me avisou nada.
Já fazia mais de dois anos, quase três, que Victor e Thaylise estavam nesse chove e não molha. Ficando "sério", mas não namorando. O que eu não entendo, ficar sério não é a mesma coisa que namorar? Porque, olha, se você está com alguém sem ficar com mais ninguém à não ser essa pessoa, e ela fizer a mesma coisa, sinto lhe informar, mas você está sim namorando, só você e seu parceirx que tentam se enganar.
- Mais que você, o que é uma coisa impossível de se achar. Mas olha que surpresa, achamos. - debocha. - Agora você não é mais a pessoa mais lerda que eu conheço, amor.
- Eu era lerda, okay? - me defendo. - Não sou mais.
- Aham, acredito.
Desviei minha atenção da estrada para olhá-la e ela já me encarava sorrindo. Em um jesto bastante infantil, dou lingua para a mesma. De repente, ouvi um barulho de buzina alto e no instante que voltei minha atenção para verificar o motivo do barulho, deparei-me com um caminhão em nossa frente. Foi questão de segundos e tudo tornou-se um breu.
Flashback off.
No outro dia quando eu acordei, estava no hospital, deitada em uma maca tomando soro com meus pais ao meu lado, sentados nas poltronas que haviam no quarto, tinha alguns curativos espalhados pelo corpo e já estava com a perna engessada.
Um casal de idosos havia nos encontrado no meio da estrada algumas horas depois do acidente. Demorou bastante, pois a avenida que eu havia pegado naquela noite não é nada movimentada.
O caminhão tinha batido de frente com meu carro, fazendo ele capotar. No inicio não avisaram nada sobre Carol, só fizeram alguns exames em mim e me colocaram para dormir novamente. Só quando acordei, horas mais tarde, que me avisaram que ela havia entrado em coma, depois de ter batido a cabeça com força no vidro do carro.
Depois de receber essa notícia entrei em desespero e já quis vê-la, mas não deixaram, pelo menos não naquele momento. No outro dia, quando a vi pela primeira vez depois do acidente, uma crise terrivel de choro me tomou. Comecei a me culpar por ela estar daquela forma, chorava todos os dias deitada na minha cama lembrando dela. Certo, ela não tinha morrido, eu sabia disso, mas mesmo assim não amenizava o peso da culpa. Eu deveria ter prestado mais atenção na estrada.
- Day? - ouço Rose me chamar da porta.
- Hum? - murmuro em resposta, secando as lágrimas que desceram por meu rosto involuntariamente com as costas de minha mão.
- Desculpe, eu sei que você gostaria de ficar mais um pouco com ela - fala. -, mas o horário de visitas acabou. Você tem que ir.
- Está tudo bem. - suspiro e dou um beijo na testa da ruiva. - Amanhã eu volto viu? Te amo muito! - sussurro e me afasto.
Me despeço de Rose e sigo para fora da sala com a ajuda das muletas e com o coração apertado. É sempre r**m deixa-la. Ao chegar do lado de fora da sala, dou apenas alguns poucos passos e já sou interrompida por alguém topando em mim, me fazendo ir de encontro ao chão. As muletas escorregam e vão parar no outro lado da sala, e uma dor se apossa em minha perna.
Porra...
- Ai minha nossa senhora. - o individuo que me derrubou exclama. Não consigo ver a pessoa, pois meus olhos estão fechados devido à dor que estou sentindo, mas pela voz, identifico ser uma mulher. - Ai moça, me desculpa. Eu sou muito desastrada, meu Deus. E tu ainda 'tá com gesso na perna, ai. 'Tá quebrada é? - ela fala tão rápido e desesperada que eu quase não consigo entender. Ela tem um sotaque diferente, parecido com o de Álvaro, chuto que seja brasileira também. - Moça? 'Tá tudo bem? - pergunta mais calma.
Apenas concordo com a cabeça fazendo uma careta. Não recomendo essa dor para ninguém!
- Está tudo bem sim. - respondo respirando fundo.
Abro meus olhos e levanto meu olhar para observar a meliante que me fez parar no chão. Encontro uma mulher nova, tem cabelo castanho escuro liso, que vão até a altura do seu ombro e olhos do mesmo tom. É baixinha e tem a pele em um tom bronzeado, mas não tanto, usa óculos de grau de armação branca e redonda, o que achei que combinou muito com ela. A mesma me olha apreensiva, passando as mãos no cabelo em um gesto nervoso. É bonita, bastante bonita.
- An... moça? Quer ajuda para levantar? - pergunta ao ver eu tentando me levantar, obtendo o total de zero sucesso.
- Por favor.
Ela vem até mim e me ajuda a levantar, pegando minhas muletas e me entregando as mesmas.
- Olha, desculpa viu? - sorri nervosa. - Eu não tinha visto tu ai, tu apareceu do nada e eu 'tava olhado pro outro lado. Procurando uma amiga, sabe? Ai não te vi.
- Está tudo bem. - sorrio tentando fazer com que seu nervosismo acabe. - Eu também deveria ter prestado mais atenção no que acontecia em minha frente, mas estava com a cabeça meio longe.
- Tudo bem, mas mesmo assim a culpa é minha, viu? Tu não tenta amenizar ela não.
- Certo. - rio.
- Tu 'tá sentindo alguma coisa? Dor na perna? - pergunta. - Qualquer coisa?
- Não, está tudo bem, não se preocupe. - respondo. - Só uma pequena dor, mas já vai passar.
- Naclara mulher, onde era que tu 'tava enfiada? - uma mulher de cabelo cacheado claro, bonita e com o mesmo sotaque da morena à minha frente aparece falando. - Eita, que que foi que aconteceu aqui, menina?
O nome dela é Naclara? Estranho.
- Vi mulher, tu não vai acreditar: sem querer querendo bati nessa menina aqui e ela caiu no chão. - a morena fala com a cacheada, só que não entendo. Acho que estão falando em português. - Ai tu me fala a surpresa que eu tive quando vi a perna dela engessada? Entrei em pânico total, já pensou se eu tiver quebrado a perna dela mais do que já 'tá? Deus tem misericórdia de mim e não permita que isso aconteça.
Será que ela está me xingando?
- Tu é muito desastrada, Ana Clara. - Ana Clara? - Oi, meu nome é Vitória, sou amiga dessa aqui. - aponta.
- Sou Dayane. - sorrio para ela, que devolve.
- Ah, eu sou Ana Clara, viu? - a morena fala. - Mas me chama só de Ana.
- Tu ainda não tinha se apresentado para ela, garota? - Vitória fala.
- Eu esqueci, 'tá? 'Tava nervosa demais.
Fico ali apenas rindo delas. As duas falam de um jeito engraçado, elas são engraçadas. E bonitas, mas acho que já falei isso antes.
- Então... - começo a falar. - eu tenho que ir.
- Ah, 'tá. - fala Ana. - Foi um prazer, viu? E desculpa de novo pela queda.
- Já falei que está tudo bem. - repito. - Foi um prazer também.
Me despeço de Vitória também e saio caminhando, mais uma vez, em direção à sala onde havia deixado Vitão me esperando, dessa vez sem ninguém me interromper. Mas, antes de eu me afastar totalmente das duas, consegui ouvir um pouco da conversa delas:
- Ela é bonita! - Vitória fala.
- É, é mesmo. - agora é a Ana. - Cadê a Cecília?
- 'Tá esperando a gente lá no quarto com o Bruno.
MENSAGEM EM g***o ON:
Feios e Caroline
Alvxaro, Amor?, Brunão, Thaythay, Vitú
Brunão:
Beleza
Quero todo mundo aqui em casa hoje
Piscina, comida, bebida e muito sexo
Alvxaro:
Amadoh?
Vitú:
Bruno, você tá bêbado?
Brunão:
Pior que não
Okay, cancelem o s**o e deixem só a piscina, comida e bebida então
Mas se o Alvaro quiser eu quero rsrs
Alvxaro:
Opa, bora
Thaythay:
Vocês estão muito safados para o meu gosto
Brunão:
Que isso Thay, nem estamos
Mas então, quem vamos??
Vitú:
Eu vou, não estou fazendo nada mesmo
Thaythay:
Não tá porque não quer
Eu vou também
Alvxaro:
Depois fala que é eu e o Bruno que estamos safados
Safada
Vou também
Brunão:
Claro que vem
Day?
Eu:
Eu não vou
Vitú:
Ah não Dayane
Eu:
O que?
Vitú:
Você vai sim
Precisa sair um pouco e se divertir
Esquecer dos problemas e de tudo que está acontecendo
Eu:
Está falando para eu esquecer a Carol?
Ficou doido? Fumou toddy estragado?
Vitú:
Não Day, eu nunca iria pedir para você esquecer ela
Só estou falando para viver sua vida
Tenho certeza que Carol não iria gostar de te ver assim, se excluindo de tudo e todos
Eu:
Não fala isso
Falar dela é jogar sujo
Vitú:
Só falei a verdade
Nem ela, nem nós, nem ninguém gosta(mos) de te ver assim, triste pelos cantos
E se dizer isso for jogar sujo, desculpe, mas vou continuar jogando sujo com você
Brunão:
É verdade, miga
Ninguém gosta de te ver assim
Sinto falta da Dayane louca e divertida de antigamente
Eu:
Esta Dayane ainda está aqui, Bruno
Só que no momento ela está de férias
E só vai voltar quando a namorada dela acordar
Obrigada
Vitú:
Dayane
Eu:
Meu nome
Brunão:
Você vem sim
Alvaro vai te buscar ai
Alvxaro:
Vou é?
Brunão:
Vai no pv
Alvxaro:
Ok
Ah é, vou mesmo rsrs
Passo ai em 20 minutos, Day
Eu:
Eu não vou
Vitú:
VAI SIM
Nem que eu tenha que te arrastar pelos cabelos
Eu:
Você não teria coragem
Vitú:
Duvida?
Eu:
Dúvido!
Thaythay:
Ah não
Vitú:
Estou passando ai com a Thaylise
Alvaro, não precisa passar na casa dela não, eu vou
Eu:
Ah não, Victor
Me deixa aqui
Quero ficar deitada
Abraçada com a Olivia
Poxa
Aaaaaahh
Vitú:
Dez minutos, Dayane
Eu:
Chato pra caralho
MENSAGEM EM g***o OFF.