A alvorada no Colégio das Sombras não era comum. O céu, tingido em tons de ametista e dourado, parecia cantar. As nuvens giravam em espirais perfeitas, como se o tempo ali obedecesse a outras leis — não à física, mas à mágica, ao destino, ao entrelaçar dos universos.
Liora despertou antes dos sinos tocarem. O som suave de estrelas se quebrando em silêncio ainda dançava em seus ouvidos, fruto de um sonho estranho. Um campo onde portais se abriam e versões diferentes dela própria gritavam por ajuda.
Ela se sentou, com a respiração entrecortada. O colégio parecia... chamá-la. Mas para onde?
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A tradição exigia que todos os novos alunos fossem apresentados e então escolhidos por uma das cinco Casas Primordiais, cada uma ligada a um aspecto do multiverso:
Arcana, para os sábios e bruxos.
Umbrae, para os seres sombrios e híbridos.
Astralis, lar dos viajantes cósmicos e heróis interdimensionais.
Venari, para os caçadores, estrategistas e guerreiros.
Insolitus, para os imprevisíveis — mutantes, metamorfos, e aqueles que desafiam qualquer lógica.
O Salão da Convergência estava cheio. Estudantes observavam de arquibancadas flutuantes, alguns sussurrando, outros apenas encarando. O nome “Liora Vexley” pairava no ar como uma lenda não contada.
Liora entrou no centro do salão. No alto, cinco orbes flutuavam — cada um representando uma casa. Elas começaram a girar, acelerando conforme sentiam a energia da nova aluna. Um vento forte ergueu os cabelos de Liora, e seus olhos brilharam involuntariamente em azul incandescente.
Então… todos os orbes pararam.
E brilharam ao mesmo tempo.
Um murmúrio percorreu a multidão.
— Isso nunca aconteceu antes… — sussurrou Selene, em choque. — Todas as casas a querem?
O diretor do colégio, Meridius Thorne, um feiticeiro ancestral com braços tatuados por runas vivas e uma expressão cravada de séculos, se levantou de seu trono flutuante.
— Silêncio! — sua voz cortou o ar como trovão. — O colégio fez sua escolha.
Um sexto símbolo, escondido por eras, surgiu no teto do salão: um olho entrelaçado a múltiplos universos, girando sem parar.
— A Casa Espectral. — Meridius declarou, com espanto contido. — A que existia antes do tempo linear. A casa que abriga aqueles que podem romper a balança das realidades.
Liora, sem entender, sentiu um arrepio na espinha. Ao seu redor, faíscas de poder começaram a emanar do chão. Ela flutuou levemente, enquanto um selo antigo se gravava em sua pele, na parte interna do pulso: um fragmento da realidade.
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Após a cerimônia, ela foi levada a um local oculto dentro do colégio: a Torre dos Ecos, lar dos Espectrais. Lá, os corredores cantavam com vozes do passado, e os espelhos mostravam não reflexos, mas futuros possíveis.
— Nunca pensei que veria um Espectral de novo… — disse uma voz grave atrás dela.
Liora se virou e encarou Zephyr Kael.
Alto, de olhar tempestuoso e postura militar, Zephyr carregava um magnetismo perigoso. Seus olhos — um azul quase prateado — pareciam examinar a alma dela. Ele usava o uniforme da Astralis, e uma cicatriz marcava sua mandíbula. Bonito demais para ser confiável. Misterioso demais para ser ignorado.
— Você é a herdeira da ruína — ele disse sem emoção.
— Desculpa?
— Não é pessoal. Só uma premonição. Todos os portadores do selo Espectral trazem caos. E salvação, se tiverem sorte. — Ele se virou. — Espero que você tenha sorte, Vexley.
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Na floresta escura, Draven Myles observava os céus. Seu corpo tremia levemente, como se sua forma humana lutasse contra o instinto da b***a que rugia dentro dele. Ele sentiu quando Liora foi marcada. O vínculo entre eles, antigo e inquebrável, começava a acordar.
— Você não devia estar aqui, irmão. — disse uma voz atrás dele.
Draven rosnou ao ver Fenrik, um lobisomem alfa da Casa Venari.
— O caos está chegando — Draven murmurou. — Ela é a chave. A prisão do Guardião não vai durar. E você sabe disso.
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Na prisão de espelhos, o Guardião Caído gargalhava.
— Os portais estão sangrando — ele disse ao vazio. — E a filha dos mundos despertou. Preparem o Véu. Vamos romper o último selo.
E o espelho rachou.
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Liora, sozinha na torre, observava a lua dupla. Seu coração batia descompassado. A marca em seu pulso pulsava como se estivesse viva.
Selene surgiu com dois livros e um olhar aflito.
— O selo Espectral… é parte de uma profecia. — ela disse. — "Quando a filha sem passado tocar a luz das casas, o Véu será rasgado, e o caos trará o renascimento… ou o fim."
Liora sussurrou, sem perceber:
— "Entre universos e destinos… eu sou a fenda."
E nesse instante, raios cruzaram os céus. O colégio tremeu. E em algum lugar, portais começaram a se abrir.
Escrever “Colégio das Sombras: Entre Universos e Destinos” foi mais do que criar uma história — foi embarcar em uma jornada entre luz e sombras, entre o conhecido e o desconhecido. Cada palavra escrita carrega um pedaço da minha essência, dos mundos que habitam minha mente e do amor que tenho por contar histórias.
Agradeço aos que caminharam comigo nessa travessia — amigos, leitores, mentores e inspirações que, de alguma forma, iluminaram meu caminho, mesmo quando as sombras pareciam mais densas. Sem vocês, essa obra não teria encontrado sua verdadeira voz.
Aos que acreditam na magia dos encontros improváveis, nos destinos cruzados e na força que nasce de quem não tem medo de atravessar universos — essa história é para vocês.
Que nunca nos falte coragem para enfrentar as sombras, nem esperança para buscar nossos próprios destinos.
Com toda a minha luz, sombra e gratidão,
Nyx Lunaris Vail