Capítulo 1 – Ecos do Início

1059 Words
A tempestade rugia, impiedosa, como se os céus quisessem avisar o que estava por vir. As árvores dançavam num frenesi caótico, e o vento, cortante como navalha, soprava em lamentos. Raios explodiam sobre as torres góticas do Colégio das Sombras, revelando, em flashes, gárgulas animadas que vigiavam o horizonte. A noite estava viva. Atenta. Despertando. Muito abaixo das fundações do colégio, onde paredes eram feitas de pedra n***a e o tempo parecia andar mais devagar, um homem envolto em um manto púrpura atravessava os corredores subterrâneos. Cada passo ecoava como um tambor de guerra. Ele não precisava de luz — seus olhos, de um tom prateado antinatural, atravessavam a escuridão como se ela o obedecesse. Ele carregava nos braços uma criança. Adormecida. Intocada. Mas perigosa. O nome dela, escondido até mesmo dos arquivos do colégio, era Liora. — "A pureza do caos nasce da junção das realidades..." — ele murmurou em língua antiga. — "...e toda origem precisa de um ponto cego." Naquela noite, ele selou a criança em um cristal arcano, apagando suas memórias e ocultando sua essência com magia proibida. Tudo para protegê-la. Ou ao menos... foi o que ele disse a si mesmo. No instante em que o ritual foi concluído, o chão tremeu, e uma fissura quase imperceptível surgiu no tecido dimensional. Algo havia sido quebrado — não por acaso, mas por destino. --- Dezessete anos depois. O trem que levava Liora Vexley serpenteava por uma trilha envolta em neblina densa, cortando uma floresta que parecia viva, sussurrando coisas que ela fingia não ouvir. O bilhete em sua mão tremia levemente, mas não por causa do frio. Era o nervosismo. A expectativa. O medo. Ou tudo isso junto. O convite tinha chegado em um envelope feito de pergaminho escuro, selado com um emblema que ela nunca tinha visto, mas que despertava nela algo visceral: uma chave entrelaçada a um dragão, uma pena e uma estrela cadente. Colégio das Sombras, dizia. Ela não lembrava do próprio passado. Seus primeiros anos eram borrões, vozes sem rostos, pesadelos com universos colapsando e mãos que a puxavam para o abismo. Mas mesmo sem saber quem era, ela sempre sentiu que não pertencia ao mundo comum. Ao seu lado no vagão, havia criaturas que desafiavam a lógica. Um garoto com olhos de felino lia um livro que flutuava sobre as mãos. Mais à frente, uma jovem de pele prateada dormia em cima de uma espada flamejante. O mundo da ficção que ela conhecia em filmes e livros… agora era real. E perigoso. O trem parou com um solavanco. A porta abriu-se sozinha, revelando um portal de energia ondulante. Azul, púrpura, dourado... Era como olhar para o centro do universo. Liora engoliu em seco e atravessou. --- A sensação foi imediata: gravidade instável, som de sinos distantes, e o cheiro doce de algo antigo — como pergaminhos mágicos e poeira de estrelas. Quando seus pés tocaram o chão novamente, ela estava em um mundo completamente novo. O Colégio das Sombras se erguia imenso diante dela, flutuando sobre uma ilha suspensa no tempo, com pontes móveis que ligavam torres a bibliotecas que se deslocavam como relógios. No céu, havia luas de diferentes tamanhos, e criaturas voavam entre constelações que se moviam. — Você parece uma turista — disse uma voz irônica. Liora virou-se. Uma garota de cabelos azul-escuros, pele âmbar e olhos dourados cruzou os braços. Ela usava um manto preto com bordados prateados e uma expressão que dizia "sou mais inteligente do que você e sei disso". — Selene Morvan. Terceiro ano. Representante da Casa Arcana. E... aparentemente, sua guia. — Liora — ela respondeu, incerta. — Eu sei quem você é — disse Selene, estreitando os olhos. — Todo o colégio está comentando. Você não aparece nos arquivos, não tem origem registrada. É como se você tivesse surgido do nada. E sabe o que isso significa? Liora negou com a cabeça. — Significa que você vai ter muitos problemas. --- Mais tarde, já em seu dormitório, Liora se olhava no espelho com atenção. O colégio fornecera um uniforme n***o elegante, com detalhes que se adaptavam à personalidade mágica de cada aluno. O dela pulsava em tons de prata e azul. Ela não sabia por quê, mas sentia que o colégio a reconhecia. Selene apareceu atrás dela, segurando um mapa. — Esse lugar é vivo. Salas mudam de lugar, horários se reescrevem, e alguns professores vieram de dimensões que você provavelmente nem conhece. — Ela parou por um momento. — Mas tem um cara que talvez você devesse evitar. Zephyr Kael. — Por quê? — Porque ele é o favorito de meio mundo. Herói, talentoso, estrategista, mas... tem algo quebrado nele. Algo que brilha demais, entende? Liora franziu o cenho. Antes que pudesse perguntar mais, uma sombra passou pela janela. Um uivo ecoou. --- No outro extremo do colégio, Draven Myles caminhava pela floresta do lado sombrio do campus. Ele evitava os outros. Sabia demais. Sentia demais. A lua nem precisava estar cheia para ele ouvir os sussurros das árvores, ou captar os cheiros distantes de sangue e magia. Naquela noite, algo o despertara. Um perfume familiar. Um pulsar esquecido. Ele parou, fechou os olhos... e murmurou: — Ela voltou. --- Na torre mais alta, em uma prisão de espelhos eternos, o Guardião Caído abriu os olhos pela primeira vez em séculos. Seu reflexo sorriu, rachando o vidro ao redor. — O véu está rompendo... e a chave está entre nós. Escrever “Colégio das Sombras: Entre Universos e Destinos” foi mais do que criar uma história — foi embarcar em uma jornada entre luz e sombras, entre o conhecido e o desconhecido. Cada palavra escrita carrega um pedaço da minha essência, dos mundos que habitam minha mente e do amor que tenho por contar histórias. Agradeço aos que caminharam comigo nessa travessia — amigos, leitores, mentores e inspirações que, de alguma forma, iluminaram meu caminho, mesmo quando as sombras pareciam mais densas. Sem vocês, essa obra não teria encontrado sua verdadeira voz. Aos que acreditam na magia dos encontros improváveis, nos destinos cruzados e na força que nasce de quem não tem medo de atravessar universos — essa história é para vocês. Que nunca nos falte coragem para enfrentar as sombras, nem esperança para buscar nossos próprios destinos. Com toda a minha luz, sombra e gratidão, Nyx Lunaris Vail
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