Isa
Eu me chamo Isadora, mas vocês podem me chamar de Isa. Eu tenho 17 anos e também sou uma bastarda da casa Nostra. Estou nesse orfanato desde que me entendo por gente e, ao contrário da Alessia, não tenho nenhuma lembrança dos meus pais. Só sei que sou uma bastarda porque estou aqui, e agora sou uma bastarda condenada a viver em um prostíbulo ou a ser enjoada para esses velhos babões da máfia. Sempre odiei a vida nesse orfanato porque sei que isso é uma grande fachada. As coisas aqui só melhoraram quando conheci a Alessia. Se nós não fôssemos tão diferentes, eu diria que somos irmãs, com o mesmo espírito indomável e aventureiro. A vida é muito injusta; ser vendida para um c*****o é a pior desgraça que poderia me acontecer.
Eleonora: Escute bem o que eu vou te falar, Isadora. Você não é igual à Alessia; ela tem sido uma má influência para você durante todos esses anos. Só que você é uma boa menina e, se se comportar direito, será muito bem recompensada. É só você saber lidar com os homens. Eu entendo que, no começo, você fique um pouco assustada, mas eu te garanto que, se trabalhar bem, você vai juntar muito dinheiro e poderá ser livre ou arrumar um velho que te sustente. Você nunca conseguirá se casar com um homem de nome; eles nunca vão olhar para bastardos. Mas você com certeza consegue se manter de pé sozinha; você só precisa deixar isso aqui de lado. Eu só preciso que você aceite o seu destino.
Isa: É muito fácil para a senhora falar isso, vive explorando meninas como eu, que não têm ninguém por elas, e agora quer colocar na minha cabeça que eu vou ser mais feliz indo para um prostíbulo me vender para vários homens, como se eu fosse um objeto. A senhora pode até me vender para o Mário Salvatore, mas eu garanto que ele nunca vai ter paz e que eu vou tentar fugir todos os dias da minha vida. Eu garanto que vou fazer da vida dele um inferno. Eu nunca fui uma mulher fácil de lidar; não vou começar a ser agora. Eu sou uma bastarda da casa Nostra porque meu pai era um homem frouxo que não conseguiu assumir as responsabilidades dele, mas isso não significa que eu vou abaixar minha cabeça para qualquer um pisar em mim. Estou presa aqui porque a senhora tem mais força bruta ao seu lado, mas isso não significa que eu vá aceitar o destino que você está me impondo.
Eleonora: É uma pena que eu não possa machucar o seu lindo rosto, porque se eu pudesse, eu garanto que já teria te dado uma bela bofetada para você deixar de ser abusada. Você vai acabar tendo o mesmo destino que a sua amiga; ela não vai longe. Eu garanto que ela vai aparecer no rio boiando, que nem aquela menina que saiu daqui com o senhor Mário. E se você não quiser ser mais uma, acho melhor você começar a ajustar o seu modo de pensar.
Isa: Eu posso me retirar ou a senhora ainda tem alguma coisa para falar comigo?
Eleonora:Claro, pode se retirar. Amanhã eu vou te levar para o senhor Mário.
Eu saí de lá desesperada, mas não me dei por vencida. Eu posso até me cansar, mas nunca vou me render a esse destino infeliz que a dona Eleonora quer que eu tenha.
Esperei todos dormirem e fui andando até a parte onde a Alessia está presa.
Isa: Amiga.
Alessia: Como você está? Eles fizeram alguma coisa com você? Eu sinto muito pela confusão que eu causei. Eu não queria te prejudicar; eu só queria te salvar das mãos dessa maldita.
Isa: Não se preocupe comigo. Eles vão me levar para o senhor Mário amanhã e talvez eu não tenha mais salvação. Eu acredito que ele vá leiloar a minha virgindade. É uma pena que eu não a tenha perdido.
Alessia: Eu não vou deixar isso acontecer com você. Eu vou dar um jeito de te salvar das mãos daquele desgraçado.
Isa: Eu preciso que você vá ao baile e que fale com o dom da máfia. Ele é a única pessoa que pode me salvar das mãos desse desgraçado, o Mário Salvatore. Infelizmente, não temos outra opção. Eu sei que você não conhece o rosto dele, mas ele com certeza será o homem que todas as mulheres estarão em cima.
Alessia: Como eu vou fazer isso? A Eleonora vai me deixar trancada aqui durante todo o baile. Eu não vou ter permissão para chegar até ele.
Isa: Não se preocupe. Assim que elas saírem, o Rômulo vai te tirar daqui. Eu vou conversar com ele amanhã de manhã, antes de eu ser levada. Ele vai te ajudar e depois eu preciso que você tente me ajudar. Minha amiga, desculpa por estar jogando esse peso nas suas costas, mas nesse momento é a única opção que eu tenho.
Alessia: Eu não tenho roupa.
Isa:Eu vou deixar o vestido que eu iria usar embaixo da minha cama. Ele é vermelho e a máscara também está dentro da mala. Eu vou deixar algumas maquiagens, as poucas que eu tenho. Eu preciso que você consiga, mas se você não conseguir, não se sinta culpada. A Eleonora é a vilã da nossa história; nós duas somos vítimas do veneno dessa cobra. É a desgraçada. Agora eu tenho que me cuidar. Eu amo você.
Alessia: Eu te amo.