Capítulo 44. Cuidados

879 Words
O sol da manhã filtrava-se timidamente pelas frestas das cortinas, iluminando o pequeno quarto de madeira onde Amélie passara a noite. Ela despertou lentamente, os músculos ainda doloridos e os olhos pesados, mas com o coração mais leve depois da segurança que sentira ao lado de Estefano na noite anterior. Estefano estava dormindo na poltrona bem a frente de sua cama, por um momento Amélie ficou ali observando ele, aquele homem alto, imponente, com cara de poucos amigos, estava ali dormindo tranquilo em uma poltrona, semblante relaxado como ela nunca viu antes, Amélie sentiu um novo calor subir sobre o corpo, e logo se levantou sem fazer barulho para não acorda-lo. Precisava trabalhar. Ajeitou o casaco sobre os ombros, respirou fundo e dirigiu-se à saída. O ar frio da manhã a atingiu imediatamente, lembrando-a da rotina que ainda precisava enfrentar. O celeiro a aguardava, com o cheiro de feno e animais, o trabalho árduo e a sensação constante de estar à margem da mansão. — Bom dia, senhorita Pérez — disse uma das criadas já acordadas, entregando-lhe um balde de água e um pano. — Hoje vai ser difícil, ouvi fuxicos de que senhora Francesca está planejado outro baile ainda maior para as famílias ricas da região. Amélie assentiu silenciosa, sem reagir, apenas tomando o balde e começando a percorrer os estábulos. Cada passo era pesado, mas ela tentava se lembrar das palavras de Estefano: “Eu te quero como esposa, Amélie .” Era uma força invisível que a ajudava a continuar mesmo diante das ordens injustas da mãe dele. Enquanto lavava as ferramentas e alimentava os animais, o pensamento dela voltava sempre para a noite anterior. A presença dele, a atenção e a promessa silenciosa de p******o haviam criado algo que ela ainda não compreendia totalmente, mas que a fazia sentir menos medo e mais.. conforto. Entre uma tarefa e outra, olhava de vez em quando em direção à mansão, imaginando Estefano nos corredores, possivelmente ainda preocupado com ela. Um pequeno sorriso involuntário surgiu nos lábios dela. — Eu vou conseguir… — murmurou baixinho, quase para si mesma. — Eu vou aguentar, pelo meu pai… e… por mim. Mesmo em meio ao cansaço, à fome e ao frio, Amélie começou aquele dia com uma determinação silenciosa. O trabalho duro no celeiro parecia menos pesado agora, porque, em algum lugar dentro dela, havia a certeza de que não estava totalmente sozinha e que alguém de verdade se importava com seu bem-estar. Estefano permanecia na varanda do salão principal, oculto entre as colunas de mármore, observando os primeiros movimentos de Amélie no celeiro. O sol da manhã ainda era tímido, e os raios refletiam no cabelo castanho dela, que agora estava preso de maneira simples, deixando alguns fios soltos sobre o rosto. Ele a viu distribuindo ração, lavando baldes e limpando ferramentas, cada movimento feito com cuidado e paciência, mesmo que o trabalho fosse árduo e cansativo. A determinação no olhar dela, misturada à fragilidade aparente, fez o peito dele se apertar Como alguém pode ser tão forte e ainda parecer tão frágil ao mesmo tempo?” — pensou, com um fio de raiva contida surgindo. — “Ninguém vai mais maltratá-la. Ninguém.” Ele permaneceu ali por alguns minutos, apenas observando, sem se mover, como se o simples fato de estar perto dela pudesse proteger Amélie de todo o mundo lá fora. Cada vez que um criado passava próximo e lançava olhares de censura ou curiosidade, Estefano se tornava mais tenso, pronto para intervir, mesmo que de longe. Amélie, por sua vez, não percebeu a presença dele. Ela estava concentrada, mergulhada em sua rotina, com a mente dividida entre o trabalho e o pequeno alívio que sentira na noite anterior a segurança temporária, o cuidado silencioso. Ele respirou fundo, os punhos fechados levemente. — Depois do maldito baile, Amélie. Eu te tiro daqui— murmurou para si mesmo, a determinação crescendo a cada movimento dela. — Mesmo que isso signifique enfrentar toda a minha família, eu não vou deixá-la sofrer novamente. E, assim, ficou ali, observando-a em silêncio, enquanto Amélie completava seu trabalho matinal. Amélie estava ajoelhada limpando ferramentas, quando foi surpreendida. — Menina Pérez. Amélie se virou assutada, mas logo relaxou quando viu Rita, uma das criadas mais velhas e de confiança de Estefano. Rita trazia uma vasilha com algumas frutas, pães ,e uma jarra de suco de laranja. — Rita, o que é isso ?— Amélie pergunta. — Senhor Estefano ordenou que todas as manhãs eu traga sua refeição. — O que ? Por Deus, Estefano está louco, se a senhora Francesca desconfiar. — Amélie, essas coisas não são da cozinha da família, ele mandou um criado buscar só para você e fará isso todas as manhãs. Aceite menina, não seja boba. — Aí... Deus de misericórdia..— Amélie pega a vasilha das mãos de Rita meio hesitante.— Obrigada Rita, você quer algo daqui ? — Não menina, obrigada. Sei que tens o coração bom, Amélie. Mas não dívida isso, sabe que as pessoas fazem de tudo para sair da ala externa, principalmente te entregar a Sra Francesca. Amélie assentiu e logo Rita saiu. Amélie ficou ali um tempo observando a comida, estava faminta, comeu tudo e se sentiu acolhida por ele de novo.
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