A noite avançava lentamente, e a mansão parecia ainda mais silenciosa agora que a festa terminara.
No pequeno cômodo reservado, Amélie se sentou próxima à lareira apagada, encolhendo-se sob o casaco que Estefano colocara sobre os ombros dela. A sensação de calor era mínima, mas era suficiente para lhe trazer conforto.
Estefano permanecia em pé ao lado da janela, observando os jardins escuros e o vento que agitava as árvores.
— Amanhã não precisará voltar à ala externa — disse ele, a voz baixa, quase confidencial. — Você ficará aqui, enquanto eu garantir que ninguém a incomode, prometo que estou fazendo de tudo para quitar o que resta das dívidas do seu pai e te libertar.
Amélie olhou para ele, surpresa.
— Mas… e a senhora Francesca? Ela vai perceber… e… — gaguejou, incapaz de terminar a frase.
Ele se aproximou, mantendo uma distância respeitosa, mas firme.
— Ela pode desconfiar, sim. Mas isso não importa. O que importa é que você não vai mais sofrer por causa da crueldade dela.
A jovem respirou fundo, sentindo o coração acelerar. A presença dele transmitia segurança, algo que ela não sentia há meses.
— Eu… senhor...estava falando sério quando me disse sobre casamento? — admitiu, a voz baixa, quase um sussurro.
— Claro, Amélie.
— Eu confio em você...mas também acho melhor que eu volte ao trabalho amanhã.
— Amélie eu não quero mais isso pra você.
— Eu sei, e prometeste que vai me tirar e eu acredito, mas, enquanto ainda não o faz, é melhor eu trabalhar e evitar novos castigos, senhor.
Ele se sentou próximo dela, sem tocá-la, apenas oferecendo a companhia e a atenção que ela precisava.
— Eu vou cuidar de você, Amélie — disse, com firmeza. — E quando isso finalmente acabar, vou te dar a vida que merece.
Amélie fechou os olhos por um instante, tentando internalizar aquelas palavras. Pela primeira vez desde que chegara à mansão, sentiu que havia um lugar seguro, mesmo em meio a toda a tensão e medo que a cercavam.
O silêncio entre os dois era confortável, preenchido apenas pelo som distante do vento e da respiração ritmada de cada um.
Ela se sentiu acolhida, protegida, e percebeu que confiar em Estefano não era mais apenas uma opção era a única maneira de enfrentar a noite, e os dias que viriam.
Enquanto a escuridão avançava lá fora, dentro daquele pequeno cômodo, nasceu um sentimento silencioso, uma conexão que não precisava de palavras ou gestos ousados: apenas a certeza de que, enquanto estivessem ali, um ao lado do outro, nada nem ninguém poderia destruí-la.
Amélie se deitou e Estefano permaneceu sentado ao lado dela, cobriu ela com um edredom grande e quente, e acariciou os cabelos dela de leve até que Amélie adormeceu.
Estefano ficou na poltrona a frente da cama de Amélie a observando, seu coração batia rápido demais a cada mexida de Amélie na cama, a única coisa que ele tinha certeza, era do que sentia por ela.