Henrique segurou firmemente o braço de Amélie, guiando-a rapidamente pelos caminhos laterais da propriedade, evitando o salão e qualquer olhar curioso.
—Vamos Amélie, rápido— disse ele, firme, mas com suavidade. —Antes que ela mude de idéia.
Amélie chorava muito, se deixando ser arrastada por Henrique.
— Mas… meus pertences… minhas roupas… — sussurrou, a voz trêmula, os olhos marejados. — Eu não posso nem pegar o que é meu?
Henrique sacudiu a cabeça, com um leve pesar.
— Francesca não vai permitir — respondeu, a expressão séria. — Eu sei que é difícil, mas não podemos perder tempo.
Amélie respirou fundo, sentindo o frio da noite e a urgência da situação.
O medo ainda apertava, mas a perspectiva de escapar daquele ambiente c***l e humilhante pesava mais, mas também...o medo de ser pior.
"Eu não tenho escolha…”, pensou, os olhos fixos nos caminhos escuros à frente.
Eles passaram por um dos portões laterais, onde o jardim terminava e o bosque começava. O vento frio lhe bateu no rosto.
— Para onde vamos, senhor? — perguntou Amélie, a voz baixa, quase um sussurro.
—Já estamos chegando a minha carruagem — respondeu Henrique, sem olhar para trás. — Depois, você terá tempo de pensar em tudo.
Ela assentiu, ainda chorando, mas consciente de que não tinha ninguém para salva-la.
Enquanto caminhavam, o som distante da mansão desaparecia, substituído pelo vento entre as árvores e o silêncio da noite.
Amélie sentiu uma mistura de medo e alívio ,medo pelo desconhecido, alívio por finalmente sair da mansão e do controle de Francesca.
Mesmo sem seus pertences, que não eram muitos. Mesmo sem certeza do que viria.
Henrique, percebendo a tensão dela, apertou seu braço ainda mais.
— Eu já disse que não vou machuca-la— disse, confiante. — Em breve, vera que não precisa me temer.
— Você me comprou.
— Eu te salvei.
E assim, sob a escuridão da noite, Amélie seguiu com ele, com medo, assutada, com raiva.
Chegaram até a carruagem, preta, com detalhes dourados e um brasão reluzente com a inicial dos Cestáro que era cruzado por duas espadas. Henrique foi recebido com uma reverência do cocheiro que nem sequer olhou para Amélie.
— Senhor Henrique, para onde ?
— Para casa, agora e o mais rápido possível.
— Sim senhor.
— Suba, Amélie
Amélie não se moveu, estava perdida ainda, com medo.
— Suba agora, eu não vou repetir, é uma ordem.— a voz de Henrique soou alta e imponente, fazendo Amélie tremer e obedecer a contra gosto.
O caminho foi feitio rápido, Amélie escutava o barulho dos cascos dos cavalos batendo contra o chão da estrada, olhava para Henrique que olhava pela janela, Amélie chorava, sem fazer barulho, apenas lágrimas solitárias escorriam.
— Senhor...o que fará comigo ?— perguntou temerosa, olhando para ele com olhos marejados.
Henrique respirou fundo, e demorou alguns segundos para responder.
— Já disse que não lhe machucar, Amélie. Por enquanto, é o máximo que saberá.— respondeu sem nem sequer olhar para ela.
Amélie engoliu seco e secou as lágrimas, se virou de lago a fim de não olhar mais para Henrique, seguiram em silêncio. Amélie tentava ser forte, de novo.