Sentimento

527 Words
Eu estava sentada no escritório, analisando as possíveis retaliações dos Vescovi, quando o vi ler aquela mensagem. A mudança em seu rosto foi imediata e aterrorizante. O controle se desfez. O CEO implacável se transformou no predador raivoso que me beijou no beco. Ele não disse nada, mas eu não precisava de palavras. O medo dele era palpável. Eu me levantei. —O que foi? O que aconteceu? Ele tentou esconder o celular, mas eu fui mais rápida. Meus olhos treinaram para ler o terror, e o nome "Francisco" pulou da tela para o meu cérebro. — Não! — gritei, o pânico me atingindo. Seu Francisco. Aquele homem era a minha única conexão com a verdade. Minha fonte. E eu o coloquei em perigo. — O que você fez, Lorenzo? Por que eles iriam atrás dele? — Eles me viram com você, Aurora! Eles sabem que você está investigando o passado. Eles não sabem o quê, mas sabem que ele é uma vulnerabilidade. Eles não são burros. Eles estão tentando me atingir. — Ele estava calmo, mas seus olhos estavam em chamas. — Não, você o expôs! — eu o acusei, as lágrimas voltando com a fúria. — Você me fez ir lá! Você me deu os arquivos! Eu deveria ter ficado na rua! Ele é um inocente, Lorenzo! É um idoso que só queria me ajudar e não um dano colateral dessa merda toda. Eu agarrei o colarinho da sua camisa, a dor e a culpa me dominando. Ele não fez nada para me afastar. — Se algo acontecer com ele, eu juro que não haverá inferno na terra que te proteja de mim — rosnei. Ele segurou minhas mãos, seu aperto firme e doloroso, mas com uma estranha promessa. — Eu vou encontrá-lo, Aurora. Eu vou tirar o Vescovi do tabuleiro. Eu não vou deixar que nada de r**m aconteça a ele. — Você não entende! — Eu solucei. — Você nunca entende a dor. Eu vou perdê-lo de novo, por sua causa! É sempre por sua causa! Eu me soltei dele e corri para a porta, mas ele foi mais rápido. Ele me agarrou pela cintura, me puxando para trás com uma força desnecessária e me prendendo contra a parede. — Onde você pensa que vai? Você vai ficar aqui! Seus instintos são de rua, mas você vai agir com a minha lógica! — Me solta! Eu vou atrás dele! — gritei. — Não. Você é minha, Aurora. E você vai ficar aqui. Eu vou atrás dele. Mas se você sair por essa porta, eu juro que eu a trago de volta amarrada. — Sua voz não era de raiva, mas de desespero. Ele me olhou nos olhos, e eu vi o medo. O medo da perda. Ele me soltou, mas seus olhos me prenderam. Ele pegou as chaves do carro sem dizer mais uma palavra. Eu sabia. Ele estava abandonando a lógica, o protocolo, tudo que o definia, para salvar um velho que ele nunca conheceu. Por mim. E o terror de perdê-lo, de perdê-lo quando eu finalmente via sua humanidade, era a prova de que eu do sentimento que crescia em mim.
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