32

1856 Words
"Antony fora examinado. Obrigatoriamente, todo cidadão deveria comparecer em quaisquer unidades de saúde do país. E chegara a sua vez. Quando a agulha adentrou em sua veia, April hesitou por um segundo. Suspeitava do próprio filho. Sua filha mais nova, segurava em seus braços, com os olhos fechados. Ela não entendia muito bem, mas sabia que a situação era desconfortável. 'Vai ficar tudo bem, Summ. ', ela mentiu para menina, em uma tentativa de amenizar os fatos. Depois de esperar poucos minutos pelo resultado, uma enfermeira voltara até onde April e seus filhos a esperaram. -Sinto muito. -uma mulher n***a, alta, com vestimentas brancas disse. -O resultado de Antony é positivo. April desesperou-se. Ela agarrou seu filho com todas as forças, abraçando o menino. Alguns seguranças entraram na sala, separando-a do filho. Ela gritou, esperneou, como uma criança irritada. E também chorou. Mas suas lágrimas eram maduras, entendia toda a situação. Summer estava paralisada. Não sabia o que dizer, como reagir. -Mamãe, não quero ir. -O menino chorava, com o rosto já vermelho, desesperado. Tony fora levado, no colo de um segurança que vestia um uniforme cinza, do Governo. Seguranças da Saúde. April abraçou Summer, ajoelhando-se no chão do Hospital. Ainda assim, existiam positivistas ao lado de fora do Hospital, protestando, recusavam-se a fazer qualquer exame imposto pelo Governo. Nenhuma mãe deveria ver seu próprio filho sendo levado para a morte." . Comecei a correr por todos os cômodos, ainda com esperanças de Summer estar escondida dentro de nosso apartamento. Revirei todo o quarto de Antony. Abri todos os armários, vasculhei o closet. Procurei em alguns lugares que certamente não alojaria uma criança de oito anos. Mas quando estamos desesperados, fazemos coisas sem sentido. Desci rapidamente, voltando para sala. Mamãe segurava um copo com água. -Summer não está aqui. Deve estar em algum lugar aqui no prédio. -Vamos procurar. -mamãe disse, levantando-se do sofá. O Oceano Pacífico habitava em seus olhos. -Fique aqui. -disse, parando em sua frente, olhando em seus olhos, tentando transmitir calma. Mamãe não disse mais nada. Levou seu copo até a boca, bebendo um pouco mais de água. Peguei meu celular, liguei para a recepção do prédio. Ela não passou por aqui. Mas seu pai acabou de sair. -Não demoro. -falei para mamãe, antes de sair. O nosso vigésimo andar estava em completo silêncio. Caminhei em passos lentos, olhando meu reflexo no grande espelho que cobria toda a parede do lado direito. O apartamento 21B aparentava normalidade. O elevador era no final do corredor. Depois de alguns segundos de espera, finalmente suas portas se abriram. Elliot estava nele, segurando seu Golden Retriever. O filhote olhou para mim, com a língua para fora. Seu pelo era macio e branco. -Boa tarde. -falei ao entrar, em seguida, selecionei o andar de número 28 no painel. O número 32 já estava selecionado, por Elliot, obviamente. -Não tem nada de bom, nesta tarde. -ele resmungou, sério. Ele era sempre simpático e bem-humorado. O vírus estava alterando até os não-afetados. -Verdade. Antony fora infectado. -disse. Seu rosto esvaneceu. Engoliu seco. Parecia querer chorar, e ao mesmo tempo, mostrar segurança. -Sinto muito. -ele sussurrou, mordendo os lábios. -Aconteceu alguma coisa? -perguntei. O pequeno cão latiu para mim. -Sua filha? Ela está bem? Ele demorou um pouco para responder. Sua tosse incontrolável denunciava o seu grande nervosismo. Suas mãos estavam ásperas como asfalto. -Tudo vai ficar bem. -ele disse, lembrando-me das camisas verdes dos positivistas. -Espero que sim. -assenti. E meu ponto de chegada finalmente chegara. Sorri uma vez para o simpático cão, e saí em seguida. Enquanto a porta se fechava, olhei mais uma vez para o senhor Elliot. Voltei-me para o meu objetivo. O apartamento 28C, a casa de Annie, amiga de minha irmã. Esperava que Summer estivesse nele. -Oi, senhora June. -disse, quando ela abriu sua porta para mim. -Hector. Quanto tempo! -ela disse. -Entre, acabei de fazer biscoitos. -Não posso me demorar. -disse, recusando seu convite. -Passei aqui para saber se por acaso a senhora viu Summer. -Ontem ela estava aqui, brincando com Annie. Ela... O que aconteceu? -ela perguntou, já preocupada. -Resolveu brincar de pique-esconde comigo. -disse. -Mas, ela não está aqui, pelo jeito. Obrigado, June. -Mas... -Preciso ir, estou um pouco enrolado. -falei, já colocando um pé para trás. -Prometo trazer Summer outro dia. Corri. Eu realmente esperava que minha irmã estivesse ali. Mas não estava. Pense, seu i****a. Para onde sua irmã iria? Infelizmente, uma boa memória é como notas boas em matemática: eu não tenho. -Olá, você conhece o senhor Jill? Apartamento 20A. A filha dele, minha irmã, Summer. Você a viu, por acaso? -perguntei a uma mulher que carregava algumas bolsas amarelas, no andar 35. A resposta era sempre a mesma. No 36, perguntei a um casal de adolescentes. No 38, a um homem de terno cinza. A sensação de não saber onde ela estava começou a percorrer por todo o meu corpo, e então o desespero apoderou-se de mim. Como se não bastasse Antony ser levado, não poderia deixar que Summer me deixasse. Eu precisava dela. E ela precisava de mim. No andar trigésimo nono, sentei-me no carpete, perto de uma grande pintura. Minhas pernas tremiam. Coloquei minhas mãos sobre o meu rosto, tenso. Apareça, Summer. Eu não estava morrendo, mas isso estava me matando aos poucos. E foi neste momento em que toda a minha vida ao lado dela passou pela minha mente, como flashbacks. Um verdadeiro filme, dirigido por mim. Hector e Summer - Inseparáveis. Levantei-me subitamente quando me lembrei do último verão. Eu a levei no terraço, para a pequena apreciar a vista pela primeira vez. Seus olhos brilharam a ver todos os arranha-céus, os grandes prédios, as pessoas em tamanho reduzido. Não fiquem próximos a beirada, mamãe falou. Mas meus irmãos insistiram, então, com muito cuidado, eu os levei bem próximo à beira do edifício. Tudo era muito divertido. As crianças se impressionam com pequenas coisas. Não deveríamos nunca nos esquecer de como é incrível ser uma. Subi o até o quadragésimo andar pelas escadas, correndo. Em seguida, parti para o terraço. Quando subi, o vento me atacou agressivamente. E Summer estava lá, sentada próxima a algumas caixas velhas de madeira. Respirei, aliviado. Ela se levantou, como se estivesse à minha espera. -Você quase me matou -eu disse, abraçando-a com força. -Desculpe. -ela respondeu, chorando. -Não pode me deixar, ouviu? -pus minhas mãos sobre suas pequenas bochechas, chorando. -Eu te amo muito. -O que aconteceu com o meu irmão? -ela sussurrou, baixando a cabeça. -Ainda não sabemos, Summ. Você precisa confiar em mim. Eu nunca vou te abandonar. Promete para mim, que nunca mais fará isso? -Não quero que você suma. Nunca. -ela olhou para mim. Meu coração se partira. -Eu prometo. Sempre estarei ao seu lado. -disse, eu a agarrei, entre suspiros. Depois de limpar suas lágrimas, desci junto a Summer pelas escadas. Esperamos o elevador no quadragésimo, abraçados. O elevador não chegou tão rapidamente desta vez. -Como descobriu que eu estaria aqui? -ela perguntou, ainda triste. -Lembrei do nosso último verão, quando levei você e Tony para lá. -Ah, achei que você não fosse lembrar. -ela resmungou. -Pensei que talvez o senhor Elliot tinha contado. -Você viu o senhor Elliot? -perguntei, surpreso. -Sim. -ela disse. -Depois que você subiu para encontrar a mamãe, saí imediatamente. Não estava muito bem, então peguei o elevador descendo, sem querer. Então quando notei que estava descendo, já estava no andar 17. Saí do elevador e o senhor Elliot estava parado em frente a um apartamento.... Não me lembro qual. Ele estava com o Richt, o filhote mais fofo do prédio. Ele acenou para mim, e fiz o mesmo. E então ele entrou, e depois eu peguei o elevador subindo. O elevador finalmente chegara. Adentramos. Selecionei o 20 no painel. -Estranho. Ele não me disse que a viu sozinha pelo prédio. -Ele não é fofoqueiro. -Summer disse, e vi um breve sorriso em seu rosto. -Na verdade.... Eu não perguntei. -disse, lembrando-me de minha conversa com Elliot. -Perguntei para todos, menos para ele. -Talvez ele não fosse responder. O senhor Elliot parece estar muito m*l. A tia June disse que ele está maluco. -O que mais ela disse? -perguntei, com mau pressentimento. -Acho que... -Summer pôs a mão no queixo, pensativa. -Alguma coisa de suspeitar. Não me lembro muito bem. Eu ouvi escondido uma conversa da tia June com uma moça. E então uni todas as peças. Poderia estar tirando conclusões precipitadas, mas precisava fazer algo. -Vamos para o 32. -disse, selecionando no painel. -Por que? -minha irmã perguntou, confusa. Eu a olhei com ternura. Temia pelo o que estivesse acontecendo. Respirei fundo e segurei sua mão. Chegamos ao trigésimo segundo andar. O corredor estava calmo. Não havia ninguém. Summer estava apreensiva. Sentia o medo persuadindo o local. Abraçou-me mais uma vez. De repente, podíamos ouvir latidos. Deve ser aquele Golden Retriever, pensei. Caminhei pelas portas dos apartamentos, até chegar ao 32D. O grito do pequeno filhote vira de lá. Parei mais uma vez para escutar. Um forte estrondo. Algo batia na mesa. E então eu ouvi um grito. Olhei para Summer, e seu rosto ficou pálido. Demonstrava medo. E nesse momento, deveria tentar passar alguma segurança. Mas eu também temia aquilo tudo. -Vá para o final do corredor. -sussurrei. -Me espere. Minha irmã hesitou por um momento, mas o seu medo falara mais alto. Virou-se e correu até o final do corredor. Pensei por alguns segundos, sem saber o que fazer. Toquei a campainha, inutilmente. -Senhor Elliot. -gritei, batendo em sua porta. Seu cachorro latia, descontroladamente. Bati mais duas vezes, sem respostas. Logo após, algo estranho aconteceu. O filhote começou a chorar, e pareceu ser arremessado para longe, quebrando algum móvel, ou algo de vidro. E então ele chorou. Alguém fizera aquilo com o cão. Nesse momento, um homem saiu do apartamento ao lado. Ele parecia ter mais ou menos trinta anos. Já o vira uma vez. Estava apavorado. -O que está acontecendo? -ele se dirigiu a mim, correndo. -Alguma coisa no 32D. Você precisa me ajudar a passar pela porta. -disse. O homem assentiu na mesma hora, e então, depois de voltar em sua casa, ele voltou com uma arma em mãos. Dei espaço para ele, que apontou a pistola em direção a fechadura. E então ele disparou. Em seguida, um grito. O ruído do disparo quase parou meu coração. Olhei para o fim do corredor e Summer estava apavorada, de pé, ao lado do elevador. O homem chocou-se com a porta em seguida, abrindo-a de forma hostil. E então, entramos juntos. O apartamento estava esfacelado. Havia alguns quadros no chão. Objetos do senhor Elliot que deveriam estar em cima da mesa, não estavam. No chão, muitas coisas estavam espalhadas por todo o lugar. Olhei sua estante com livros. Esta, estava intacta. -Há um cachorro ferido. -o atirador disse da cozinha. O Golden Retriever estava estirado, com alguns arranhões. Tinha dificuldades para respirar. Olhei em volta, o silêncio tomara conta. A televisão ligou automaticamente. Provavelmente, alguém a programou. Engoli seco, olhando para o homem armado. -Vou até o quarto. -disse.
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