Capítulo 55

726 Words
— Não.. não...Humberto... — passei a mão no rosto, as lágrimas descendo sem controle. — Eu sei que você tá nervoso. Eu também tô, tá? Tudo isso me pegou de surpresa também. Mas eu não tenho culpa disso acontecer. Dei alguns passos na direção dele, o coração disparado. — Vamos conversar, se acertar... criar essa criança juntos. Eu trago minhas coisas pra cá, a gente mora junto. Vamos ser só eu e você. O que passou a gente deixa pra trás. Ele se virou, os olhos cheios de raiva. — Tá louca, cara? Tá louca? p***a! — gritou, me empurrando forte e eu caí sentada no sofá. O corpo bateu, e ele veio pra cima, apontando o dedo na minha cara. — Coloca uma p***a na tua cabeça doente. Porque é isso que tu é, DOENTE! — gritava as palavras, o rosto a centímetros do meu. — Tu é podre, nojenta, porca! Eu tenho nojo de tu, Alícia! Nojo! Meu corpo todo tremia. Eu tentava entender o porquê disso tudo tá acontecendo, mas eu não conseguia entender. — Toda vez que eu te tocava, eu te tocava com nojo, p***a! Eu só te aguentei até hoje porque eu precisava de tu. — Quê? — minha voz saiu baixa, o coração se partindo em mil pedaços. — Foi graças a você que eu consegui manter teu pai na cadeia — ele se aproximou mais — foi graças a você que eu consegui as informações que eu precisava. E foi graças a você que eu consegui botar teu irmão atrás das grades. Meu estômago revirou. Deu ânsia.. — Você... — tremi, chorando muito. — você tá mentindo... não tá? Ele deu uma risada alta. — Mentindo? tô mentindo, não. Eu nunca gostei de tu. Te usei. Eu sempre amei outra pessoa, sempre pensei nela. Inclusive todas as vez que eu trepei contigo, eu tava pensando nela. Se não meu p*u nem subia pra tu. As palavras dele eram capazes de me destruir. Eu preferia que ele me desse um tiro do que ouvir todas aquelas coisas. — Se tem uma pessoa que merece ser mãe de um filho meu, é ela. Não tu. Tu não merece p***a nenhuma. — Quem é ela?— gritei, a voz saindo com dificuldade. — Seu escroto, seu nojento! — Me chama do que tu quiser — respondeu, virando as costas — contando que tu vá embora daqui. — Eu não tenho pra onde ir! — gritei, me levantando, cambaleando até ele. — Eu não tenho dinheiro, meu pai me expulsou de casa por tua culpa! Por tua culpa eu perdi tudo! Eu não tenho casa, não tenho nada! Vou fazer o quê com essa criança? Ele virou devagar, os olhos frios. — Já te falei. Acaba com isso. Mas se não quiser acabar, então espera nascer e joga fora. Coloca na porta de alguém, entrega pro orfanato, joga no rio, faz o que tu quiser. Mas não conta comigo por nada. — Meu Deus... — levei as mãos à boca. — Como você pode falar isso? Ele se inclinou um pouco pra frente, as mãos nos bolsos. — Quando eu voltar, não quero sentir teu cheiro aqui. Tu vai pegar tudo que é teu e vai vazar. Nunca mais vai bater na minha porta, ouviu? Vai esquecer meu telefone, vai esquecer meu nome, vai esquecer que eu existo. Me levantei devagar, a voz saindo em soluços. — Humberto... por favor... — Cala a boca! — gritou, o rosto vermelho. — E se eu chegar aqui e ver qualquer rastro teu, eu te entrego pra polícia na hora. Minto que tu vende droga junto com teu pai, e pode ter certeza que tu vai ser presa por envolvimento no tráfico. — E aí eu quero ver tu ter essa criança na cadeia — falou, como se não fosse nada. Fiquei paralisada. Chocada com a frieza dele. Ele abriu a porta e foi saindo. — Some da minha casa. Saiu e bateu a porta. — Humberto… — sussurrei, mas ele já tinha saído. Desabei e o choro veio com tudo. Gritei, me soquei e me joguei no chão, chorando, com as mãos na barriga. — E agora? — soluçava. — O que que eu faço? Olhei pro chão e vi o papel amassado. Peguei ele e abracei, me acabando de chorar, encolhida no tapete.
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