Monstro Narrando — O tempo passou e os meus filhos cresceram. — falei pra mim mesmo no canto da laje vendo a quebrada movimentar lá embaixo. — Os meus afilhados também. Só o que não mudou foi o meu amor pela minha Bela e a lealdade ao meu morro, pro meu comando e pelos meus parceiros. Eu sou parceiro, mano. Sou o mesmo Monstro, só que com mais ruga, mais cicatriz, mais experiência, o faro, esse não me largou. Ainda sinto o cheiro das coisas, sei quem vem e quem vai. Meu filho Leandrinho, moleque forte, bonitão, esperto pra Carälho, quis botar os dois pés no asfalto, montar a vida dele. Abriu uma boate, eu fui o primeiro a aplaudir. O cara queria fazer história: amado no morro e querido no asfalto. Tenho orgulho. Só que o moleque esqueceu de quem ele é filho. E eu sei com quem o Leandro

