RIN
Ela passou aquelas seis semanas organizando uma vida nova para si mesma, longe daquele lugar, longe de Houston, Texas, onde ele poderia vê-la e perceber que ela não fizera o que ele queria, um lugar que ela escolhera, onde nunca teria que colocar os olhos nele ou ouvir falar dele, exatamente como ela queria, e não como ele queria.
Calvin poderia querer mandá-la para o exterior, para um lugar para onde ele nunca ia, mas ela não iria. No entanto, ela poderia fazê-lo pensar que iria e nem seria tão difícil. Ele a veria entrar no aeroporto internacional, e talvez nem se desse ao trabalho, mas ela tinha a sensação de que ele a observaria para garantir que ela partisse.
Ele, no entanto, não poderia passar pelo controle de segurança, então, uma vez que ela estivesse dentro do aeroporto, o que fizesse consigo mesma dependia dela. Rin passou aquelas semanas procurando uma cabana pequena e tranquila nas montanhas, não apenas fora da cidade, mas longe de qualquer lugar que fosse no domínio dele no Texas.
Aquele encontro na escadaria, as palavras dele, que ela ainda seria dele, mesmo depois do divórcio. Ela entendia que isso significava que ele poderia controlá-la sempre, porque tinha dinheiro para isso. Ela não sabia por que ele precisava ser tão c***l a ponto de forçá-la a ir embora. Um simples acordo, como ele dissera quando fizeram o contrato, teria bastado. Mas não, ele era um bilionário e precisava estar no controle de todos ao seu redor, incluindo ela.
Ela não podia ficar ali, nem estar em qualquer lugar em que ele estivesse, porque ele, ela sabia, encontraria uma maneira de fazer com que ela saísse, para conseguir o que queria. O que, muito provavelmente, era mantê-la bem longe da mulher que ele encontrara, que achava ser a Sra. Certa. Ela já organizara a mudança de nome, fizera toda a correria e conseguira todas as provas necessárias. Agora, tudo o que precisava fazer era protocolar depois da finalização do divórcio, pois não podia fazer isso até então.
Ela organizara a audiência no tribunal para o dia em que supostamente partiria, só que mais tarde, à tarde. Tudo estava em ordem e, até agora, não teria problemas para impedi-la de se tornar legalmente Marilyn Riddley, seu pseudônimo; suas iniciais até permaneceriam as mesmas. Não que isso importasse, afinal, ela poderia mudar para o que quisesse.
Ela fizera algumas viagens no último mês para a sua futura cidade natal em Bedford, Virgínia, para ver a casa e o terreno que comprara. Já colocara no nome de Marilyn Riddley, tinha uma conta comercial com o seu nome de autora, e a casa agora estava vinculada a isso. Também já transferira todos os seus fundos para essa conta.
Rin dirigira até lá e não voara, pois não queria que ninguém soubesse que ela estava entrando e saindo de voos, e que contassem a Calvin ou perguntassem a ele por que sua esposa estava indo para algum lugar, e ela sabia que poderia muito bem esbarrar no próprio Calvin, afinal, ele viajava muito.
Embora, nos anos em que estiveram casados, ele nunca, pelo que ela sabia, viajara para o estado da Virgínia. Então, era um bom lugar para se estabelecer e desaparecer, exatamente como ele queria; só que ela faria isso do seu jeito.
Era uma viagem de dois dias de ida para lá e dois dias de volta, mas ela morava sozinha em Cliffside, então passou despercebida por qualquer um. Ela pôde caminhar pela casa pela qual dera o sinal. Ficava em seis acres de terra, uma bela casa estilo cabana branca com apenas dois quartos, com um riacho fluindo que passava por trás, e havia trilhas naturais agradáveis, na floresta com cachoeiras e vida selvagem ao redor.
Um lugar tranquilo e afastado onde ela poderia ser alguém completamente novo, e ninguém saberia que ela era a ex-esposa de um bilionário. Ela seria apenas Marilyn Riddley, autora.
Ela fez muitas compras. Assim que o dinheiro foi depositado em sua conta na última semana, ele realmente pagara os quatro milhões e o valor da casa também. Ela provavelmente não precisava mais trabalhar se não quisesse. Tinha um guarda-roupa totalmente novo, mudara seu visual e estilo, estava mudando tudo para se adequar à sua nova vida, para ser uma nova pessoa.
Ela estava no saguão da casa com sua única mala quando Calvin chegou para buscá-la. Ele estava vestido casualmente hoje, parecia que não queria que ninguém o reconhecesse, estava apenas usando jeans e camiseta. Ela o observou empurrar os óculos de sol para o topo da cabeça, repousando em seu cabelo.
— Rin — Ele a cumprimentou.
Mas então os olhos dele a percorreram; ela estava com maquiagem completa, o cabelo solto e espalhado pelos ombros, em grandes cachos, e estava de salto alto, vestindo um adorável vestido fluido na altura do chá. Era um tom suave de damasco, com mangas que tinham um leve babado. Tinha grandes flores na cor damasco escuro misturadas com flores suaves cor-de-rosa, com folhas borradas em preto e cinza. Era elegante, mas casual ao mesmo tempo.
— Sr. Reeves — Ela o cumprimentou, e os olhos dele dispararam para os dela. Ela o chamava de Cal quando eram casados. Calvin, depois que assinara os papéis do divórcio, e agora que estava finalizado; à meia-noite da noite passada ela era oficialmente sua ex-esposa, então Sr. Reeves era apropriado para a relação agora inexistente deles.
— Isso é um pouco formal, não acha?
Ela olhou para ele. Não, ela não achava, ela colocou as chaves da casa na mesa do saguão ao lado do vaso vazio, que normalmente estaria cheio de flores.
— As chaves da casa — Ela disse, e então colocou as chaves do carro ao lado — O controle do portão da garagem está no carro, como sempre, fiz com que tudo na casa fosse lavado, e o carro foi detalhado para você — Ela disse a ele — O jardineiro virá depois de amanhã, já paguei, e depois você terá que gerenciar sozinho. Deixei uma lista de coisas na mesa da sala de jantar que precisarão da sua atenção em duas semanas, para manter a casa em ordem.
Ela alcançou sua mala, e a mão dele pousou sobre ela.
— Eu posso pegar isso — Ele murmurou — Sabe, Rin, você não precisa fazer tudo isso.
— Estou simplesmente devolvendo a você todas as coisas que me deu, na mesma condição, uma cortesia comum agora que estamos divorciados. Só isso — Ela saiu da casa e colocou os óculos de sol. Era cedo, e o sol brilhava com intensidade.
Ele colocou a mala no carro e se sentou ao volante de seu Bentley, olhando para ela.
— Vamos nos atrasar se não sairmos logo — Ela disse a ele.
— Você está com seu passaporte e com os documentos de viagem? — Ele perguntou enquanto engatava o carro e dirigia para longe da propriedade.
— Sim — Ela disse simplesmente — Não se preocupe, vou entrar naquele avião — Ela murmurou e virou para olhar pela janela.
— Você está muito diferente — Ele comentou — O vestido combina com você.
— Eu sei — Ela respondeu — Você não precisa ser gentil comigo, eu entendo, Calvin.
— Entende o que exatamente? — Ele perguntou.
Ela balançou a cabeça de leve, ele realmente achava que ela não sabia a verdade.
— Que você encontrou a mulher com quem quer se casar. É por isso que estamos nos divorciando, para que você possa se casar com ela.
Ele ficou em silêncio por um longo momento e então disse:
— Você está certa quanto a isso.
— Como ela vai se sentir sobre a minha cláusula? Você não vai contar a ela? Ela sabe que você está me levando ao aeroporto?
— Ela está ciente de tudo — Ele comentou.
Ela apenas assentiu, mas não disse nada, se perguntando, no entanto, se aquela mulher já o beijara, conseguira algo que ela nunca pôde. Sabia por que, mas como ela não podia querer isso quando dormiam juntos o tempo todo, e todas as coisas que ele fazia, todos os lugares onde aquela boca dele ia, e a única coisa que ele não fazia era beijá-la na boca.
Ela entendia que estava obcecada por isso, mas era porque o amava e queria experimentar isso pelo menos uma vez. Tivera que forçar a mão dele para conseguir, fazer um acordo com ele de que partiria e nunca voltaria. Por apenas um beijo.
Ela sabia que mulheres o beijaram antes, ele ficara solteiro por muito tempo, e ele era oito anos mais velho que ela, e era um solteiro que tinha mulheres o tempo todo, namoradas antes dela. Ela o vira nas páginas de sociedade de boca colada com outras mulheres. Era só ela que ele não beijava.