Capítulo 10

1476 Words
CALVIN Ele se manteve afastado de Rin depois da festa de noivado do Wil. Parecia que não podia confiar em si mesmo para não a tocar. Ele sabia que não deveria ter feito isso naquela noite, mas ela dissera que não era mais dele, e ele não gostara de ouvir aquelas palavras. Estar divorciado dela era muito mais difícil do que ele imaginara. Por duas vezes na última semana, ele se pegou na rodovia em direção à casa dela, e teve que dar meia-volta e retornar ao seu apartamento. Ele ligara para o Wil em um momento para saírem para tomar um drinque, precisando de uma distração para seus próprios pensamentos. Seis semanas seriam mais difíceis do que ele poderia imaginar. Ela também ficara chateada na escadaria depois da festa do Wil e não conseguia nem olhar para ele. Muitas vezes, ela ficava deitada na cama deles e o observava, e às vezes ele fingia não notar; outras vezes, apenas dizia a ela para dormir. Ela gostava de olhar para ele quando achava que ele não percebia. Wil balançara a cabeça. — Eu te disse para não fazer assim. — Tem que ser assim — Ele murmurou enquanto encarava seu uísque no bar — Preciso ir à casa dela, mas acho que não é sábio ir sozinho. Provavelmente eu acabaria seduzindo-a para a nossa cama — Ele suspirou. — Então, se ela estiver disposta — Wil deu de ombros. Esse era o problema. Ela provavelmente estaria, mas depois ele teria que ver aquele olhar no rosto dela, aquele que vira na escadaria. A forma como ela se afastara de seu toque, algo que nunca fizera antes, e dissera para ele simplesmente ir embora. Ele jogara o divórcio na cara dela, e no dia em que ela assinara, ele a seduzira em uma maldita escadaria para qualquer um ver. — Não, ela ficou chateada depois daquela noite. — Hã? — Wil parecia confuso. — Não estou orgulhoso disso, Wil. Mas na sua festa de noivado... — Ele girou o uísque no copo — Tive minha esposa na escadaria de emergência — Ele suspirou e entornou o drinque inteiro — Duas vezes — Murmurou. Ele olhou para o barman e bateu no copo para indicar que queria outro. Era um bar exclusivo, e que apenas os muito ricos frequentavam. Era sua escolha porque era sempre tranquilo e calmo; a atmosfera era um pouco sombria, mas combinava com seu humor. Nunca havia a algazarra de um bar comum, sem música alta e irritante, algo suave e clássico tocando ao fundo. E tudo o que ele precisava fazer era bater no copo para conseguir uma recarga. Wil suspirou e balançou a cabeça. — Fiquei imaginando onde você tinha ido parar. — Hum, ela optou por descer as escadas. Eu usei o elevador e depois fiquei no carro até ela sair do prédio — Ele olhou para o seu novo drinque — Levou mais de uma hora para ela sair, e ela estava carregando os sapatos. Acho que ela desceu todos os 20 andares pelas escadas. — Isso é loucura — Wil franziu a testa para ele — Eu poderia pedir para a Anabell ligar para ela, para almoçar, embora você saiba que ela não colocou seu nome naquele presente, né? — Hum — Ele assentiu — Ela provavelmente escreveu aquele cartão no dia. — Eu te disse que ela estava irritada. Você não me ouviu — Wil afirmou e fez sinal para outra cerveja. Veio em uma garrafa chique, que no seu humor atual ele nem conseguia apreciar. — Então, preciso ir à casa, mas não posso ir sozinho, então adivinha quem vem comigo? — Seu advogado — Wil riu. — Sim, e quero que você a distraia. — Não acho que ela esteja interessada em falar com o homem que entregou aqueles papéis a ela. — Não me importo, só preciso pegar algumas coisas no escritório e um ou dois ternos no quarto. Uma visita, depois a deixo em paz até o dia em que tiver que buscá-la e levá-la ao aeroporto. — Você realmente não confia em si mesmo? — Wil suspirou — Normalmente você é bem equilibrado. — Isso é muito diferente. Eu não esperava me sentir assim, de forma alguma — Ele murmurou e entornou o drinque — Me pegue de manhã — Ele estendeu o cartão para o barman — Nós dois — Ele disse ao barman. Ele se vestiu bem na manhã seguinte, mas sem exagerar, e entrou na casa em Cliffside, apenas para encontrar a Rin parada bem ali no saguão, tinha um grande vaso na mesa, e ela estava arrumando flores. Os olhos dela se voltaram para ele e depois para o Wil. — O que posso fazer por vocês? — Ela perguntou, e voltou a colocar flores no vaso. — Só vim pegar algumas coisas no escritório e um ou dois ternos — Ele disse a ela. — Tudo bem — Ela deu de ombros — Não vou incomodar. Ele olhou para ela e quis perguntar se ela estava bem, mas sabia que não estava, não de verdade. Ela normalmente sempre sorria ao vê-lo, e não fizera isso hoje. Ele olhou para o Wil e acenou com a cabeça na direção dela antes de se afastar. Ele ouviu Wil dizer: — Anabell realmente gostou do presente que você deu a ela. — Fico feliz — Foi tudo o que ela respondeu, e não parecia interessada em conversa fiada. — Fiquei curioso sobre como você conhece Marilyn Riddley. Ninguém parece saber quem ela é, afinal, é um pseudônimo, foi o que Anabell me disse. — Estudei com ela na faculdade, por isso tenho todos os livros dela — Rin respondeu. Isso surpreendeu Calvin. Ele não sabia disso, que ela tinha todos os livros daquela autora. Parece que ela tinha alguns segredos que ele desconhecia. Ele pegou alguns arquivos no escritório, coisas em que trabalhava quando estava lá durante a noite. Às vezes, o sono não vinha, e ele trabalhava enquanto Rin dormia. Ele subiu as escadas e olhou ao redor e, sim, lá na penteadeira dela estavam dois livros com o nome de Marilyn Riddley. Nada mais ali mudara, tudo estava como sempre fora, limpo e arrumado, a cama feita e as janelas abertas para deixar a brisa de verão entrar, algo que ela sempre fazia. E ele sabia que isso tinha a ver com o passado dela. Uma das casas de acolhimento não tinha sido tão boa, e ela fora trancada em um quarto sem janelas em mais de uma ocasião, e agora não suportava estar em um espaço escuro e confinado. Era também o motivo pelo qual ele tinha comprado esta casa. O quarto deles era muito grande e espaçoso, com grandes janelas para deixar a luz entrar. E todo aquele espaço aberto atrás da casa e em direção ao oceano, ela tinha toda a luz e espaço que poderia querer. Nada nesta casa era escuro ou claustrofóbico de forma alguma. Ele caminhou até lá e pegou os ternos que precisava levar e os colocou na cama antes de entrar no banheiro e abrir o armário. Pegou o anticoncepcional dela e olhou. Ela parara de tomá-lo, e, pelo que parecia, no dia em que assinaram os papéis do divórcio. Ele sorriu um pouco, achava mesmo que ela faria isso, o que seria vantajoso para os seus planos também. Tudo ia dar certo, ele lembrou a si mesmo. Ela entenderia, e ele pensou que ela poderia até chorar um pouco, abraçá-lo, talvez até socá-lo quando percebesse o que ele fizera, mas ela o amava. Ele sabia disso. Esse amor prevaleceria sobre qualquer raiva, e ela ficaria feliz, eles ficariam felizes, e ele poderia dar a ela o bebê que ela queria, da maneira certa. Eles voltariam da Itália felizes e com um bebê a caminho, ele esperava. Ele só precisava se conter até que o divórcio fosse finalizado, e então poderia dar a ela tudo o que ela queria. Ela o entenderia. Ele colocou o anticoncepcional de volta no armário, exatamente onde ela sempre o guardava, pegou seus ternos e arquivos e desceu as escadas. Ela não estava no saguão, mas as flores estavam lá, era um lindo arranjo de lírios e orquídeas, e ele olhou para Wil de forma questionadora, e ele deu de ombros e disse: — Ela terminou o arranjo de flores e depois simplesmente saiu de casa, foi dar uma caminhada. Me pareceu que estava indo para o penhasco — Wil afirmou. Cal assentiu, era um dos lugares favoritos dela lá em cima. Ela mesma comprara aquele banco e mandara colocá-lo lá para se sentar, pois gostava da brisa do oceano, ela lhe dissera uma vez. Ele olhou na direção do penhasco enquanto se dirigia ao carro, e ela estava caminhando naquela direção em um passeio tranquilo.
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