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689 Words
Elisabete narrando Assim que a água quente cai sobre o meu corpo e sobre as minhas cicatrizes, eu dou um pequeno gemido de dor, elas ainda ardia muito, e a minha pele estava muito sensível, abro um pouco mais o registro, mas não conseguia deixar a água morna. Quando eu escutei ele falar sobre as pessoas "Em São Paulo" tudo que eu queria era perguntar todas as dúvidas que eu carreguei até agora comigo, todas as agonias e as angústias que eu tenho aqui dentro de mim. Será que esta aqui, era pior do que está em todos os lugares que eu estive durante esses três anos? Pela primeira vez depois de três anos eu tomei um banho tranquila e sozinha, sem um monte de garotas junto e tendo que dividir o chuveiro, coloquei uma roupa limpa e com cheiro de rosas, olhei para o quarto todo ao redor, ele era enorme para um simples quarto. Tinha estantes com vários livros que deveria ser apenas de enfeite, uma cama enorme, uma TV grande pendurada na parede, uma mesa com uma bandeja de comida, na mesma hora que avistei a bandeja meu estômago rondou e me fez lembrar que eu não comia fazia quase dois dias. - Oi - Eu chamo baixo andando em direção a cama mas não tinha ninguém. Ele não estava ali. Encaro a bandeja de comida e a mesa, olho pelos cantos do quarto e parecia não ter câmeras por ali. Faço menção para pegar algo para comer mas não pego, quando me vem à lembrança da última vez que peguei algo para comer sem pedir e sem dizer que eu poderia comer, eu não queria passar por aquilo de novo, não mesmo. Vou em direção à um pequeno sofá de um lugar que tinha ali e sento, ele era encostado na parede, consigo encostar a minha cabeça na parede e aos poucos o sono ia batendo e se dividia com a vontade de comer. - Elisa - Sinto alguém me balançando - Elisa, acorda - Abro os olhos lentamente dando de cara com Matheus me encarando - Você vai dormir na poltrona? - Não - Eu falo meio sonolenta. - Você não quis jantar? - Ele pergunta - Sim - Eu falo - Não - Ele me olha confuso. - Sim ou não? - Ele pergunta grosso. Ele não tinha muita paciência para o meu nervosismo e isso ele tava deixando bem claro. - Desculpa - Eu respondo - Eu não sabia se eu podia comer - Ele me encara - Mas agora eu quero deitar e dormir apenas. - Pode comer, vou pedir para trazer novamente - Ele fala - Não vá dormir com fome, não faz bem. - Tudo bem- Eu respondo - Já sou acostumada, não precisa pedir para ninguém trazer, já deve ser super tarde. Ele para e me encara e eu encaro ele e agora percebo que ele estava sem camiseta. - Existe empregados aqui para trabalhar - Ele fala - Não vai ter problema nenhum, eles já estão trazendo de volta. - Obrigada - Eu respondo para ele - Vou tomar banho - Ele fala - Eles vão entrar e deixar a sua comida aqui encima, se comporte - Assinto com a cabeça. Conforme ele falou uma senhora baixinha junto de dois homens entraram e deixaram a comida, a senhora nem sequer me olhou, e os homens apenas me encararam. Fico pensando oque seria tudo isso? Essa casa era tomada por homens armados para tudo que era lado. Sento na mesa e começo a comer, confesso que não faço ideia de quanto tempo eu não tenho uma refeição decente desse jeito, uma comida fresquinha, saborosa e quente. Parecia que essa tinha sido a minha última refeição. -, Há quantos dias você não come? - A voz dele soa e eu encaro ele que mechia no celular e me encarava ao mesmo tempo - Tem uma escova de dente para você no banheiro, melhor você descansar que amanhã será um dia cheio para você - Apenas assinto com a cabeça. Oque ele quis dizer com um dia cheio para mim?
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