Tudo começou naquela "maravilhosa manhã". Não que era alguma novidade eu ser azarada, mas... Sempre tem alguma historinha extra para eu contar, né? Eu estava sonhando com pôneis, unicórnios e duendes, porém, senti alguém puxar o meu pé, igual àqueles filmes de terror, sabe? Só que dessa vez, eu não morria, e sim batia com o queixo no chão.
─ Aí, qual é o seu problema? Você quer me m***r?
─ Hora de acordar, dorminhoca! – Disse a minha mãe, que agora abria a janela do meu quarto, fazendo o sol bater em meu rosto.
─ Mas que saco mãe, por que eu não posso dormir mais cinco minutinhos? Não vai acabar o mundo por isso.
─ É, mas esses cinco minutinhos, vão fazer você chegar atrasada, levar uma detenção e depois levar mais um castigo por xingar a diretora, e claro vai afetar o seu histórico escolar levando junto o seu futuro como uma boa pessoa.
─ Eu? Xingar a diretora? Nunca! ─ Nada irônica.
─ Charlie, vai se trocar menina! – Sorriu a minha mãe, que logo saiu do quarto.
─ Sua doida! - Gritei jogando o travesseiro na porta.
─ Você é mais louca que a sua mãe. - Ouvi um grito vindo do lado de fora. Fui até a janela da minha sacada. É claro, tinha que ser aquele desgraçado.
─ Vai cuidar da sua vida, Joey, ao invés de espiar garotinhas pela janela.
─ O que está insinuando, Dino? – Odeio quando ele me chama assim.
─ Eu estou insinuando que você é um maluco de pedra.
─ Vou embora depois dessa. – Ele deu as costas, mas eu sempre falo por último. Fato.
─ Ótimo, eu não aguentava mais sentir o seu mau hálito de longe. – Ops, peguei pesado eu sei.
─ Sua i****a, agora você vai ver. ─ Ele virou-se para mim novamente e pulou da sacada, indo diretamente a minha janela. Sim, além de ter a vista do inferno, nossas sacadas eram praticamente coladas.
─ Do que me chamou? Fala na minha cara agora!
─ Saía do meu quarto Joey, você está praticamente me assediando! - Falei cruzando os braços.
─ Olha as coisas que você fala Charlie.─ Antes que ele pudesse dizer mais alguma coisa, dei um belo de um chute no seu lugar m*l usado e vi os seus olhos começarem a lacrimejar.
─ Vai chorar?
─Tem sorte que é garota e que é menor de idade, tem muita sorte! ─ Disse ele caído no chão, gemendo de dor. Eu me abaixei para ficar ao seu tamanho.
─ Minha vida nunca será uma sorte, eu ter nascido foi um azar! ─ Abri um sorriso e a porta do meu quarto foi aberta com tudo.
─ Charlie, fala para o seu pai que... ─ Os meus pais pararam na frente da porta e olharam para eu e o b****a do Joey.
─ Oi Joey! ─ Falaram os dois juntos.
─ Oi. – Ele respondeu gemendo de dor. Minha mãe desmanchou o sorriso e olhou pra mim.
─ Continuando, Charlie explique logo ao i****a do seu pai, que o seu absorvente acabou e que você precisa de mais.
─ Mãe! – Gritei.
─ O quê?
─ Viu? Eu não falei? Ela não precisa amor... A última vez que ela teve, foi na semana passada e tinha três pacotes de...
─ Estou sentindo bem lá no fundo do meu coração, que se vocês não saírem desse maldito quarto eu vou pegar o dinheiro da carteira de cada um de vocês e gastar até o último centavo com o novo doritos que chegou ao mercado!
─ Vou terminar os meus Waffles. – respondeu a minha mãe já aflita.
─ E eu... Vou falar com o Hunter... O seu irmão. ─ Geralmente, ninguém dúvida do que eu falo. Quando eu digo que eu vou fazer é porque eu vou. Os meus pais saíram do meu quarto e eu voltei a olhar para o Joey, que ainda estava encolhido no chão, com as mãos entre as pernas.
─ Ei vizinho, fale para o seu irmão que eu acho ele um gostoso.
─ Vou falar para ele que você é projeto de hemorragia... Daqui a pouco estão te chamando para fazer a série Grey's Anatomy.
Ajuntei todas as forças acumuladas em meu corpo e peguei em seu braço o levantando do chão e levando até a sacada do lado direito da minha janela, deixando a mostra o chão, que por sinal era bem lá em baixo.
─ Está vendo esse chão aqui? ─ Perguntei apontando para o andar de baixo. ─ Você vai ser esmagado lá embaixo se não sair da minha propriedade.
─ Quer saber? Os seus p****s nem são tão bonitos para apreciar.
─ Espera, o quê?
─ Deveria fechar a cortina, ás vezes. ─ Minha boca formou um verdadeiro "O".
─ Seu desgraçado! Saía, saía! – Comecei a bater nele e então foi a deixa dele me ver envergonhada.
─ O meu irmão nunca ficaria com bebês como você. ─ Fechei a minha cortina revoltada e me joguei na cama.
Arranquei um doritos de baixo da minha cama, junto com um pacote de Pringles e comecei a comer. Joey Garcia, o vizinho mais insuportável de todos os tempos, acha que manda em mim, só porque praticamente me viu nascer. Qual é ? Ele só tem vinte anos e eu dezesseis, não somos muitos anos de diferença. – Coitado. – Olhei para o relógio, os meus olhos se arregalaram. Eu tenho que me arrumar. Limpei o meu choro e peguei a primeira roupa que vi no guarda roupa. Uma calça de moletom, uma regata e minha mochila. Eu estou nem ai, o único cara que eu quero está fazendo faculdade, então ele não ia me ver. O meu cabelo estava desarrumado, nem penteei, quem liga? Desci as escadas rapidamente, quase caindo e batendo novamente com o queixo no chão.
─ Meu deus, o que aconteceu com você? Por que ainda não se trocou? ─ Perguntou mamãe.
─ ─ Mãe, você é a única que não vê que a Charlie nunca se troca? - Comentou o i****a do Hunter. Miguel estava comendo sua comida enquanto mexia no celular eu abri um sorriso diabólico e fui até ele arrancando o celular de sua mão. ─ Charlie, devolve! - Diz ele pulando em cima da mesa para arrancar o celular da minha mão, mas só fez com que ele caísse do outro lado. – Arregalei os olhos. ─ Olha, parece que o Miguel está ganhando nudez das piranhas da faculdade dele.
─ O quê? ─ Grita ela jogando o waffles para cima e arrancando o celular da minha mão. ─ Meu deus Miguel!
─ Mãe foi ela quem...
─ Nossa, até que ela tem um corpo bonito.
─ O quê? - Perguntou ele. Miguel vem em minha direção e eu saí correndo.
─ Tchau, não quero tomar café estou atrasada. ─ Em seguida saí correndo enquanto Miguel vinha atrás de mim, Hunter só soube rir da situação e o meu pai ficou lendo o jornal como se fosse a coisa mais normal do mundo. Essa casa não é normal.
─ Você vai ver o que irá acontecer quando voltar da escola, nanica. – Ele gritou, porém eu já estava longe dele. Graças a Deus.
─ Boa faculdade, maninho. ─ Respondi no meio da estrada.
Chegando à escola a primeira coisa que me aconteceu foi o i****a do porteiro não me deixar entrar, mas ai, eu dei 40 pratas pra ele e ele deixou, porem não adiantou muito, pois parei na diretoria, e acabei levando uma detenção, e claro falei m*l a diretora, e depois levei castigo novamente.
─ Bom, hoje receberemos uma visita muito especial. – Ouvi o meu professor falar, assim que entrei pela porta da classe. Me sentei em minha carteira e comecei a fazer alguns rabiscos. ─ A turma da faculdade Stanfourd University vai vir dar dicas para vocês sobre como é... De repente tudo parou. Espera a universidade... Essa universidade é da do Calvin! Ai meu deus. E agora e agora? Por Deus como eu sou tão azarada?