Epílogo
19 de março 1899, México, CDMX.
Os irmãos Saviñón estavam voltando para casa após mais um dia. Eyre, o irmão do meio entrou primeiro e logo atrás dele, Klaus e Alfonso. Os dois se sentaram enquanto, Eyre ficou de pé encarando-os seriamente.
—Eu vou me casar. —O irmão começou, fazendo Klaus e Alfonso ficarem surpresos com a notícia repentina. —Com a Hansmith.
—Hansmith? —Elisa aparece no cômodo, como um fantasma. —Eyre... —Eyre não entendendo muito bem o motivo da gargalhada de sua prima, a encara mais curioso. —Hansmith é uma mulher... interessante, tenho certeza. Ela fornece um ótimo serviço para seus clientes, obviamente, mas —O irmão bate a mão na mesa enquanto Alfonso e Klaus acompanham Elisa na risada.
—Não fale desse jeito dela. Não a julgue com essa reputação. —Eyre grita, furioso, fazendo a mesa se calar novamente. Alfonso cruza os braços em cima da mesa e encara Eyre.
—A julgar com qual reputação, Eyre?
—Você sabe muito bem. —Diz na defensiva, e Klaus ri novamente tragando o cigarro.
—Todos sabem qual é a reputação dela.
—Todos vão para o maldito inferno!
—p**a? Essa é a reputação dela? Ou prostituta? —Alfonso provoca.
—Pois —Eyre começa furioso — fiquem sabendo que se eu ouvir um fodido homem ou qualquer outra pessoa, usar essa palavra novamente para descrevê-la — ele bate a mão na mesa —Eu vou enfiar a p***a do cano da minha pistola na garganta dele e fazer essa pessoa engolir essa maldita palavra na base do tiro!
—Vocês homens e seus paus, nunca param de me surpreender. — Elisa volta a conversa. Botando mais uma dose de Bourbon em seu copo. —A Hansmith nunca trabalhou na vertical.
—p***a, Elisa. Ela mudou! Ela mudou, entendeu? — Grita —As pessoas mudam! Igual com religião. —Os três cúmplices, rindo por dentro, concordam com o homem furioso a sua frente.
—Agora Hansmith virou religiosa? —Alfonso debocha do irmão, que a esse ponto já estava vermelho de raiva. Eyre o olhou.
—Não. Ela não é religiosa, Alfonso. —Ele para um pouco —Mas
.. p***a! Ela me ama. —Ele encara Alfonso —Poncho, eu não vou me casar sem sua benção. Eu quero que você... veja isso, como um ato de coragem.
—Haja coragem para isso. —Klaus desdenha do irmão.
—Coragem. É ir onde nenhum homem foi antes. —Elisa ri. —Com a Hansmith, você não vai poder fazer isso.
Klaus se junta a risada de Elisa. Eles ficam alguns minutos rindo até que Elisa finalmente toma o ar e se acalma.
—Alfonso, —Eyre se volta pro irmão, os ignorando —receba a Hansmith na família como alguém que teve... uma vida difícil. Pode ser? Por que eu preciso de alguém. —Poncho o encara neutro. Analisando a situação. Mas a discussão é interrompida por Dulce que abre a porta rapidamente, com seus cabelos curtos castanhos e seus 80 centímetros de altura.
—Poncho. —A voz fina chama a atenção dos irmãos. — Fomos atacados!
[...]
Alfonso chuta um balde de dentro do escritório com raiva.
—Mas que droga! —Grita dominado pela raiva que queima desde seus pés a seu último fio de cabelo. Eyre e Klaus estão vasculhando a casa, e Elisa e Hillis estão parados na porta. O lugar era o bar da gangue, mais como o lugar onde se juntavam para a maioria das parcerias. O escritório.
—Que p***a aconteceu aqui? —Klaus pergunta furioso pela primeira vez no dia.
—Foram os Wess. Primos, irmãos, sobrinhos... todos. —Hillis relembra.
—Levaram tudo que estava ao alcance deles. —Elisa diz se sentando e suspirando frustrada. Alfonso aparece na sala com um objeto na mão e pensativo. —O que é isso?
—Eles deixaram isso. —Levanta o objeto fazendo os irmãos o olharem curioso e Klaus arregala os olhos na hora em que liga os pontos.
—Um alicate? —Elisa questiona completamente confusa diante a reação dos primos. —Por que deixariam isso?
—Ninguém se mexe. —Eyre alerta, Elisa para e Hillis também.
—Estão brincando com a gente.
—Brincando? —Elisa começa a fazer seu caminho a cozinha.
—Elisa. —Eyre entre-dentes com tom de preocupação, e Elisa para. —Não encoste em nada.
—Eros Wee serviu na guerra junto comigo. —Poncho lembra.
—Merda. —Hillis pragueja.
—Na guerra. Quando as tropas recuavam, nós deixávamos armadilhas, armadas com fios. Deixar um alicate, era parte da brincadeira. —Alfonso continua parado no meio da sala contando, enquanto o resto o encara.
—Tem uma maldita granada aqui, em algum lugar. —Eyre diz. E Elisa amaldiçoa.
Os irmãos começam a se mexer com total atenção ao chão e a todo lugar, enquanto Elisa e Hillis só observam totalmente incapazes de se mexer.
—Não mexam nenhuma cadeira, não abram nenhuma porta. —Klaus lembra aos irmãos. —Vai com calma, Eyre, com calma. —Diz ao ver o irmão pisar com cautela logo a sua frente.
—Não. —Alfonso resmunga e Klaus o olha. —Meninos, não é isso. Ela não está aqui. Se estivesse teria explodido a esta altura. Aquela maldita bala enviada a Hillis, tinha o meu nome gravado. —Elisa relaxa a postura, entendendo o que o primo dizia. —Existe uma bomba. Mas ela está armada somente para mim. E eu tenho uma ideia de onde esteja.
[...]
Alfonso nunca correu tão rápido como estava correndo hoje. Quando teve a pequena epifania, soube exatamente onde estava a bomba. A maldita bomba.
Quando finalmente chegou a seu carro. Respirou fundo, mas o ar trancou no meio do caminho e suas pernas vacilaram como nunca haviam feito antes ao ver Dulce dentro do carro. Os Wees iriam pagar caro. E ele sabia que esse jogo que eles começaram não iria acabar cedo, por que os Saviñón's não ficam quietos quando a questão é mexer com a família deles. Principalmente a pequena gangster, a primeira mulher da gangue que tinha o mesmo sangue que eles.
Ele deu passos cautelosos até a frente do carro e Dulce congelou vendo seu irmão ali, arregalou os seus graudos olhos, foi pega com as mãos no volante. Ela levanta as mãos em rendição.
—Dulce. —Alfonso diz com a voz mais calma possível. —Como entrou aí?
—Pela janela. —Se entrega. —Você tá bravo?
—Isso não vem ao caso. Pequena, preciso que você saia exatamente por onde entrou. Com calma, não se mexa demais.
—Ok.
A menina se levanta do banco e fica de pé sobre ele, logo pondo uma perna para fora da janela e depois a outra, mas de algum modo a porta abriu. E Alfonso a puxa da janela, a bomba cai no chão apitando. Em um momento de desespero ele a pega na mão.
—Corram! —Grita para os que estavam andando pelo beco, elas gritam e começam a correr, ele arremessa a bomba o mais longe possível. Ela bate em uma parede e explode no ar. A pequena Dulce abraça forte o pescoço dele ao ouvir o barulho. E ele a aperta em seus braços.
—Dulce, por que você estava em meu carro? —Questiona calmamente ainda a apertando em seus braços enquanto a menina tremia. Ela se afasta do pescoço do irmão e o encara.
—Eu estava fingindo ser você. —Diz baixo e cora.
—Viu o que houve aqui? —Ela assente. —É por esse motivo que não deve fingir ser eu.