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705 Words
Capítulo 4 FH narrando O desaparecimento do WN ainda é um mistério que me atormenta. No fundo, sinto que ele está vivo em algum lugar, mas sem respostas, a desconfiança se instalou. Desconfio de todos que sobem esse morro, de todos que retornam. — Não acho que a prima do Renan seja uma ameaça — diz Manco, meu chefe de segurança e homem de confiança. Eu solto uma risada seca. — E por que, então, ela aparece assim, do nada? — falo, com o tom de quem já ouviu de tudo. — Se ela fosse problema, Renan saberia? — Renan nem vê essa prima há anos, desde que ela foi embora — eu digo, lançando um olhar duro. — Estranho, né? Vai que ela é alguém infiltrada do TH aqui dentro. — Pega leve com a garota — Manco rebate. — WN também tinha seus segredos. Quem garante que ele mesmo não arrumou uma desculpa pra sumir? Pode ter dedo do TH, mas vai saber... — TH adora espalhar o nome de WN por aí, pra todos ouvirem — respondo, com amargura. — É um o****o, chefe. Se tá falando, é só pra tentar ganhar fama... Pode ser que ele não tenha feito nada, mas isso não quer dizer que vamos parar de investigar. Respiro fundo, deixando claro que não estou disposto a dar o braço a torcer. — Se WN sumiu por conta própria, eu vou descobrir o porquê. Mas até lá, TH tem envolvimento, e ponto final. Manco sai da boca, e eu fico ali, observando o espaço vazio que era o do WN. Ainda não coloquei ninguém no lugar dele. Esse era o lugar dele, ao meu lado, no comando do morro. Flashback on — Acho que você precisa parar de fazer essas viagens — eu disse, em um tom meio de brincadeira, meio de aviso. Ele me olhou, o rosto de quem já tinha ouvido aquilo antes. — Tá achando que tô indo atrás de r**o de saia, FH? Aqui no morro tem aos montes. — Casado como eu, já deixei essa vida de lado — respondo, cortando. Ele riu, me provocando. — Não mete a Letícia no meio, então. Tua família tá toda aqui, vai viver tua vida. — E você? Achou o quê? Uma garota de bordel? Uma qualquer? Ele me encarou, os olhos escuros. — O negócio é mais embaixo. Mas isso é problema meu, FH. Flashback off Às vezes, penso que esse filho da p**a criou família por aí e se mandou. Mas por que diabos ele esconderia isso de mim? Com o baseado entre os dedos, saio da boca. E a tal prima de Renan me vem à mente. Decido dar uma olhada mais de perto. A casa de Renan está aberta; entro e vejo uma garota na cozinha, distraída. Me aproximo em silêncio. — Boa tarde — solto a saudação fria, só para ver sua reação. Ela pula, olhos arregalados. Noto a surpresa e… o medo. — Boa tarde — responde, enquanto desliga o fogo. — Como posso ajudar? — Eu que pergunto. Como posso ajudar você no meu morro, garota? — lanço um olhar cínico, reparando nos machucados no corpo dela. — Aqui não é delegacia, e ninguém dá proteção de graça. Ela engole em seco, mas responde, tentando manter a calma. — Só fugi do meu ex-marido agressor. A única pessoa que eu tenho fora de Diamantina é o Renan. Sou cria desse morro, nasci aqui. Não tenho direito de voltar? — Abaixa a voz e sua bola — respondo, cortante. — Você não tá falando com um amigo ou com seu primo. Tá falando com o dono dessa p***a toda. Tem direito de voltar se tivesse sido convidada. Ela respira fundo, os olhos fixos em mim, mas cheios de cautela. — Eu não quero problemas. Só quero viver em paz. — Sua presença aqui é o problema — falo. — Tá ganhando uma colher de chá porque é prima de Renan. Caso contrário, nem teria subido o morro. Fica avisada: até que se prove ao contrário, você não é bem-vinda. Ela engole em seco, mantendo o silêncio, os olhos desviando. Faço uma última avaliação dela antes de sair da casa de Renan.
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