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725 Words
Capítulo 3 Bruna narrando Renan me leva até a sua casa, que ele deveria chamar de barraco apenas por carinho, porque era uma casa enorme, que dava umas cinco do meu barraco em Diamantina. Coloco a minha mochila em cima do sofá. — Não vai ficar aqui por muito tempo — ele fala. — Gosto da minha privacidade. — É só até arrumar um emprego e um lugar para ficar — respondo. — Aqui no morro é difícil achar algo — ele diz, encostando-se na porta e me encarando enquanto acende um cigarro. — Tu é nova, não vai ser de confiança de ninguém. — Mas sou sua prima, você pode me ajudar. — Já tô te dando teto — ele responde. — E outra, faz mó tempo que a gente não tem nenhuma ligação. Confio em ti não! Eu ocupo um lugar grande dentro do morro; como vou confiar em você? — Sou teu sangue, não quero te prejudicar — digo, e ele me olha. — Você não está vendo meu estado? — Ele me olha, vendo meus machucados e as marcas pelo corpo. — Ele tentou me matar a facada! Tem noção disso? — Como é o nome do cara que fez isso com você? — ele pergunta. — Vladimir — respondo, e ele começa a rir. — Caraca, é o quê? Um velho de 70 anos? — ele fala. — Nem tanto — respondo. — Tu quer o quê? Minha mãe morreu, e eu tive que me virar sozinha na vida. Ele é dono de um bar. Comi o pão que o d***o amassou. Mas não quero mais viver aquilo. Me diz, o que eu preciso fazer pra ganhar tua confiança e pra você me ajudar a arrumar emprego? Não conheço nada aqui dentro! — Fica na tua — ele diz. — Não arruma confusão e nem problemas pra minha cabeça. Se tu arrumar problema, tu vai ser levada pras ideias, e não vai ser comigo que tu vai negociar. — Fica tranquilo, não vou te trazer problemas — falo, e ele me olha. — Vou voltar pra boca, tenho que trabalhar. Tem comida na cozinha — ele diz. — Se precisar comprar algo... — Ele tira uma quantia em dinheiro e coloca na mesa. — Tem uma venda aqui perto; anda na disciplina. — Valeu. — Tem dois quartos sobrando lá em cima. O do esquerdo é meu, os outros dois, pode escolher. — Ok. Ele sai de dentro da casa, e eu fico ali. Pego minha mochila e subo, escolhendo o quarto da direita. Era um quarto simples, mas bem arrumado. Coloco a minha mochila ali e pego meu celular, ligando a rede móvel e vendo que tinha mensagens de Saluza, preocupada. — Desculpa — falo quando ela atende. — Não consegui ligar antes! — Você chegou? — Cheguei — respondo. — Como estão as coisas por aí? — Horríveis — ela diz. — Ele quer você a todo custo, chama por você o dia inteiro, não sei mais o que fazer. — Eu vim pra cá por um motivo, eu vou ter que ficar até o final, vai dar certo! — Não sei se vamos poder ficar aqui por muito tempo — Saluza fala. — Eu tô chegando aqui agora, preciso ganhar a confiança de todos — respondo, suspirando. — Assim que conseguir serviço, um barraco pra mim e ter confiança, eu mando grana. — Me mantém informada — ela fala. — Você também, por favor! Me conta tudo, não me esconde nada. Tô aqui, mas meu coração tá aí, Saluza. — Toma cuidado — ela diz. — Você sabe que as coisas aí são complicadas e, com um passo seu em falso, acaba tudo! Desligo o celular e coloco a mão sobre minha correntinha da minha padroeira. Respiro fundo e me olho no espelho. Desenrolo a faixa do meu braço e passo água oxigenada sobre os cortes que eu mesma causei. Sinto uma ardência e fecho os olhos, respirando fundo, depois dou uma breve olhada no morro pela janela. Eu estava aqui por um motivo. Precisava ganhar a confiança de todos, especialmente do alto comando. Precisava ser esperta a ponto de ir conquistando um por um aos poucos, para alcançar meu objetivo, custe o que custar! Saluza, amiga dela que ficou em Diamantina! Esqueci de mencionar nos personagens.
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