Ferida.

1467 Words
Capítulo- V. Ferida "Muitos amores surgem nas sombras e deixam feridas que nem o tempo se atreve a curar. Eles marcam de forma profunda." Alef Meu pai levou cinco minutos para encerrar aquela maldita coletiva, e eu não aguentava mais ficar sentado sob tantos olhares julgadores. Quando tudo terminou, saí do auditório em busca da garota que me surpreendeu ao falar uma frase no meu idioma. A voz dela ganhou um novo tom, uma nova intensidade. — Você não sabe controlar sua mulher! Que tipo de homem é você? — meu pai disse ao sairmos para o corredor, sussurrando entre dentes enquanto segurava meu braço. — Me responda o senhor? — perguntei, puxando meu braço e me afastando em busca de Tiana. Ela não poderia ter ido longe, não conhece nada dentro do prédio da empresa. Percorri os corredores, mas não a vi. Perguntei a Franz, um dos meus seguranças: — Você viu minha esposa? — Ela saiu apressada pela porta, chefe. — Eu o encarei com desconfiança. — Como você deixou ela sair?! — Fiz um gesto com a cabeça para que os outros seguranças me seguissem. Franz seria transferido para vigiar outra propriedade que possuo em Munique, não gosto de ser cercado por empregados impotentes. — Ela está a pé, não deve ter ido longe. — Falei com os outros, decidindo dar uma volta no quarteirão. Todos foram em carros separados. Desci até a garagem pelo elevador, entrei no meu carro e acelerei para fora, dando um soco no volante. — Maldita menina! — murmurei, sem saber qual rua seguir. Circulei pelas ruas próximas, mas não encontrei ninguém. Liguei para Félix pelo celular. — Alguma novidade? — Nada, chefe. Desliguei o celular e o joguei no banco ao meu lado. — Que diabos, Tiana, aparece! Aparece, droga! — Falei, sentindo uma dor de cabeça insuportável, como se meu crânio fosse rachar. Acelerei em um sinal fechado e quase atingi outro carro. Frei a tempo de evitar um acidente e, de repente, ergui o olhar e a vi caminhando do outro lado da rua. Acelerei e parei o carro perto dela. — Entra agora! — ordenei, com a adrenalina à flor da pele. Tiana me olhou com uma mágoa tão intensa que era quase palpável. Deveria ter pensando bem antes de tentar me acusar de ab*so. — Me esquece, some, Alef! — disse, virando o rosto e acelerando o passo. — Mandei você entrar, Tiana. Não me faça ir te buscar. Ela me ignorou e continuou. Desci do carro, caminhei rapidamente, peguei-a pelo braço e a encostei na parede de uma construção. — Quando eu estiver falando com você, não me dê as costas. — Falei, com o maxilar tenso. — Quero ir embora, Alef... — seus olhos estavam marejados e sua voz tremia. — Você não vai a lugar nenhum, Tiana. Você não sai daqui. — Arrastei a garota até o carro, abri a porta traseira e a fiz entrar. Assumi meu lugar atrás do volante e liguei para Félix, chefe dos meus seguranças. — Suspenda as buscas, eu a encontrei. — Avisei e desliguei. Tiana estava perdida, olhando pela janela do carro. A observei pelo retrovisor interno e vi lágrimas escorrendo pelo seu rosto. — Tudo isso foi você quem provocou. Pensou que conseguiria fugir? Este é o meu país, e onde quer que você vá, eu a encontrarei. — Manda na embaixada brasileira também! — ela falou com arrogância. — Aqui somos influentes. Lá, eu estava sujeito às leis do seu povo; aqui, você estará sujeita às minhas. — Você é desprezível... _ Que interessante, eu também penso o mesmo sobre você; na verdade, eu penso ainda mais: você é uma tola, achou mesmo que, junto com seu amante, iria me fazer de i****a. Enganou-se, não ocupo o topo da pirâmide atoa, estou onde estou e respirando por não ser um trouxa. Brincou com o homem errado, Tiana. - acelero e a menina se desloca do banco, quase colidindo com o encosto do banco da frente. Seus olhos me fitam surpresos. - Você é c***l, como pude achar que dentro de um ser como você batia um coração quente. - seus olhos escuros me irritam. - Fui moldado no gelo, menina. Você não tem ideia do que sou capaz de fazer. Portanto, é melhor seguir todas as minhas ordens. Você tentou fugir, seu castigo será ficar sem comida esta noite. Ela não responde, aperta a bolsa entre os dedos, controlando sua raiva para não explodir. O silêncio reina, muito embora eu a olhe pelo retrovisor sentindo raiva. Assim que chegamos em casa. Descemos do veículo, pego Tiana pelo braço e a levo para dentro, empurro-a no sofá. Tiana cai sentada, algumas mechas do seu cabelo se soltam do penteado elaborado. - As regras são as seguintes: Não sairá sem minha autorização; Só falará com sua família quando eu permitir e sob minha supervisão; Não olhará no rosto de nenhum homem; Quero a casa limpa, comida feita, roupas limpas e passadas todos os dias; Vai acordar cedo para preparar o café da manhã e só poderá dormir depois de deixar a cozinha limpa. Para ir ao jardim, precisa me pedir permissão. Irei selecionar o que você pode ou não comer dentro desta casa e colocarei etiquetas. Troque de roupa, prepare algo para o jantar, vou retornar ao trabalho e estarei em casa às nove. E, o mais importante, nunca saia antes de mim de qualquer lugar. Saiba que não sei perdoar, se acredita que sua situação em minhas mãos está r**m, tenta me afrontar que ficará bem pior. - Não sei fazer a comida daqui. - diz com a voz carregada de raiva. - Tem um caderno de receitas traduzido dentro da gaveta do balcão, providencie isso para você, querida esposa. - digo com escárnio. Tiana se levanta e passa por mim. - Não me lembro de ter lhe dado autorização para sair. A garota para, aperta as mãos em punho e se vira em minha direção. - Posso me retirar, senhor? - pergunta entre dentes. - Pode. Traga para mim uma água com gás, estarei no escritório verificando alguns e-mails, não demore preciso sair. - aviso. Vou até o meu escritório, assim que ligo o computador, meu celular toca. Pego o aparelho e vejo o nome Mia na tela. Atendo a ligação. - Oi. - Oi, meu amor, como você está? - Irritado e com dor de cabeça. - Sabe que sempre que fica nervoso seus nervos se manifestam. Vi você na televisão. - A maioria das pessoas viu. - Você estava lindo, meu amor. - Preciso desligar, tenho algo para fazer. - Quando vou conhecer a minha nora? - Mãe, por favor. - Ela parecia um passarinho assustado, Alef. Mas tem uma força no olhar, um gosto de viver... uma vibração. Você escolheu bem, meu filho, ela é bonita. Suspiro, sem paciência para ouvir minha mãe elogiando a garota que quase arruinou minha vida. - Ela não vale nada, mãe. Não se deixe levar pelas aparências. - Se você e seu pai disseram que a notícia é irreal, por que fala assim da sua esposa? - Porque eu não me iludo, mãe. Esqueça a ideia de conhecê-la, quero essa mulher longe da senhora. _ Meu filho, quanta raiva! Alef, você casou-se sem amor, meu filho? Fico mudo não quero entrar em detalhes e dizer que casei com uma faca invisível encostada em minha garganta. _ Preciso desligar, depois eu falo com a senhora. _ Vai vir jantar em casa? _ Não, hoje vou jantar e dormir aqui na minha casa. _ Alef porque está nesse bairro? Sua casa está trancada aqui em Bogenhausen, meu filho. _ Essa casa está reservada para a mulher que terá meus filhos, essa que que eu trouxe comigo vai ser apenas uma empregada, nada mais. — Isso não é bom, meu filho, você está se parecendo com seu pai, e isso não é nada agradável. Até mais, meu bem. Desligo o telefone, olho para o meu relógio e estranhos a demora da menina. Abandono o computador e deixo o escritório para descobrir o motivo do atraso. Ao chegar na cozinha, vejo Tiana lutando com o gaseificador. — Droga, como isso funciona? — percebo que ela está falando sozinha, sem o blazer, apenas com o vestido branco e os saltos. Seu cabelo está solto, caindo abaixo dos ombros. Aproximo-me e fico atrás dela, noto que a garota fica tensa ao notar a minha aproximação. Seguro suas mãos entre as minhas e faço os procedimentos. Depois, solto-as. — É assim que se faz, sua burra. Memorize e aprenda. Tente ser útil, sua imprestável. — sussurro perto da sua orelha. Depois que a água está pronta, me sirvo e sigo para o escritório, deixando a menina sozinha na cozinha.
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