📓 NARRADO POR BRAGA O sol nem tinha se posto direito e eu já tava tremendo. Não era frio era a p***a da abstinência. Passei o dia inteiro queimando pó até a alma, mas parecia que quanto mais eu botava no corpo, mais buraco abria. A droga já tinha virado parte do sangue, e sem ela o corpo gritava. Quando deu oito da noite, eu já tava roendo as próprias unhas, o coração batendo rápido. Desci da pensão, jaqueta cobrindo a Glock na cintura, e segui pro beco atrás da oficina do Batista. O lugar fedia a óleo queimado e ferrugem, cachorro latindo longe, e a rua sem poste iluminava só no rastro da lua. No canto, encostado na parede, tava um sujeito. Ombros largos, cara fechada, cigarro pendurado no canto da boca. Não disse nome, não perguntou nada. Só ergueu a sacola de plástico preta e falou:

