✍️ Narrado por Lívia A mão de dona Inês ainda descansava sobre minha barriga quando, sem pensar muito, as palavras escaparam: — “A mãe do Rey… ela foi assassinada?” Os olhos dela se apertaram de leve, como quem carrega lembrança que corta. Ela respirou fundo, mas balançou a cabeça devagar. — “Esse assunto não é meu, menina. É o menino que tem que contar pra você. Só ele pode abrir essa ferida.” Falou firme, mas não com dureza. Era como quem sabia a hora de calar pra não arrancar mais dor. O silêncio que ficou me apertou o peito. Miguel se mexeu dentro de mim, como se sentisse também o peso daquela resposta. Engoli seco, e antes que eu pudesse mudar de assunto, dona Inês me olhou fundo, a voz suave, mas certeira: — “E a tua mãe, Lívia? Me fala dela.” A pergunta atravessou como faca.

