Caio Narrando
Eu já não sabia mais que dia era.
Nem que hora.
Nem quem eu era.
Era um morto-vivo andando pelo Salgueiro.
Um zumbi com cigarro numa mão e baseado na outra.
A última vez que eu vi a Manu foi ali…
na barricada.
Ela passou por mim como se eu fosse vento.
Como se eu não existisse.
Como se eu nunca tivesse existido.
E foi ali que eu percebi que tinha perdido.
De verdade.
Porque quando uma mulher não olha mais na tua cara… já era.
Desde então…
não durmo.
Não como.
Não vivo.
Tô pelos canto da boca, largado.
Os moleque olha e vê.
Todo mundo vê que eu tô na merda.
Mas ninguém tem coragem de falar.
Só o Coroa mesmo, que já falou um monte.
Felipe então… nem olha na minha cara.
E eu não tenho nem força pra encarar.
Porque sei que mereço.
Hoje eu tava ali, senta
