Manu Narrando
Voltar pra casa naquele final de tarde parecia uma maratona.
Cada quilômetro que eu dirigia, o coração pesava um pouco mais.
Mas não era dor como antes.
Não era desespero.
Era raiva.
Era força.
Eu tinha passado a tarde inteira na faculdade me lembrando de quem eu era.
De tudo que eu conquistei.
De tudo que ele não podia mais destruir.
Quando virei na rua que levava pro morro, respirei fundo.
Sabia que poderia dar de cara com ele.
Mas eu tava pronta.
Subi devagar, o rádio desligado, o pensamento focado.
“Não vou abaixar a cabeça.
Não vou chorar na frente dele.
Não vou dar esse gosto.”
Quando virei na última curva, avistei logo.
Ele.
Ali.
Parado na barricada.
Camisa preta colada no corpo, cigarro na mão, a cara arrebentada das porradas que já tinha levado.
