83

1624 Words

MANUELLE NARRANDO Voltar pro Salgueiro depois de tantos meses era como enfiar a cara numa ferida aberta e respirar fundo. O carro m*l tinha dobrado a esquina da entrada principal, e eu já sentia meu estômago revirar. As ruas que eu conhecia de cor pareciam menores, mais escuras, mais apertadas. O coração batendo descompassado, as mãos suando, e meu corpo inteiro tremia dentro daquele Uber. Medo. Ansiedade. Desespero. Tudo junto. E não era só por causa do Lucas. Era por ele também. Pelo Caio. Aquela p***a daquele lugar ainda cheirava a ele. Mesmo com os portões diferentes, as caras novas na viela, os barracos reformados… tudo me lembrava ele. O Caio tava ali, impregnado nas paredes, no chão, nos becos. E só de pensar que eu ia ter que encarar ele, olhar na cara dele depois de esconder a

Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD