Capítulo 2 - O Caminho

2692 Words
“Há certos caminhos que parecem perfeitos ao homem, mas quem os segue acabará encontrando a morte.” (Provérbios, 14:12)                                                                                           ●●●   Eu e Charlie entramos na sala e nos sentamos nas cadeiras que estavam sobrando. _ Como vamos até o outro lado? – disse Taylor. _ Calma, antes de eu explicar como vamos chegar até lá, vocês precisam saber de uma coisa. A bomba que atingiu o Planeta, não era uma bomba, era um... vírus que fez com que as pessoas que foram expostas a ele ficassem com força além do normal. O General Charles me disse que ele e alguns soldados foram de helicóptero ver se havia sobreviventes e encontraram pessoas carregando carros nas mãos e jogando em prédios. – disse a eles.  _ Parece que não vai ser fácil matá-los! _ Nós não vamos m***r ninguém, eles ainda são pessoas, nós não matamos pessoas, não somos assassinos. _ É não somos como esse tal General. Mas como vamos chegar até lá? _ Sem querer me intrometer na conversa, mas já me intrometendo, eu tenho uma “teoria” de como podemos chegar até lá. - disse Alec. _ Então diga por favor, porque eu não faço ideia de onde estamos. – disse em reposta. _ Segundo minha “teoria” nós ainda estamos dentro de Atlanta, capital da Geórgia, que fica dentro dos Estados Unidos certo? - ele fez uma pausa, esperando nossa resposta. _ Certo. _ Os Estados Unidos é banhado por dois Oceanos, e um deles é o Oceano Atlântico, então para chegarmos na parte destruída vamos atravessá-lo e chegar no continente africano, mais especificamente em um país, a Costa do Marfim, onde a bomba caiu. _ Como você sabe disso tudo? - diz Taylor. _ Eu sempre me preparei para o fim do mundo, mas também ouvi os treinadores dizendo que a bomba havia caído lá. – disse Alec. _ Qual o melhor transporte para irmos? - disse Charlie. _ Transporte aéreo, sem dúvida. – disse Taylor. _ Por que acha isso? – disse eu. _ Meu pai era do Exército Aeronáutico. Ele sempre dizia que o melhor transporte para ganhar tempo e ser rápido é um avião. _ Então vamos de avião? - Charlie perguntou, olhando para mim. _ Sim, nós vamos de avião. Vou avisar o General para providenciarem um para nós. Fui até a porta da sala e pedi para os soldados me levarem até o General. Eles me conduziram até a sala do General e lá estava sentado, parecia que me esperando. Entrei e me sentei. _ Precisamos de um avião. – disse eu. _ Alecsander é um garoto muito inteligente, e olha que ele só tem 16 anos. Mas vamos ao que interessa, você precisa de um avião e eu vou conseguir um em bem menos de 24 horas. – disse o General. _ Sim ele é muito inteligente. É melhor ser inteligente do que um assassino. Dei as costas para ele e fui andando pelo corredor. Vi Alec entrando em uma sala, então fui até lá. Entrei na sala e notei que Alec estava sentado no chão olhando para a parede, sentei ao lado dele e fiquei observando também por alguns minutos.  _ Nós já estamos a alguns minutos aqui sentados e eu ainda não sei o que realmente estamos fazendo. _ Eu estou lembrando da minha família. De como nós éramos felizes. – disse Alec. _ Acho que todos aqui só pensam nisso. Talvez seja a única coisa boa para se pensar. _ Mas não é uma coisa boa para se pensar. Gostaria de esquecer alguma coisas. _ Não tem como esquecer da família. Meus pais sofreram um acidente de carro quando eu tinha 9 anos, minha mãe morreu, meu pai se sentia culpado, se afogou na bebida e me abandonou. Depois da morte da minha mãe eu tive crises de pânico mais de três vezes por semana, todas as semanas, as crises vinham acompanhadas de falta de ar, era como asma, mas pior. Só quando eu estava com 15 anos as crises pararam - disse, me esforçando para não chorar. - Eu tenho um irmão, ele tem 19 anos, depois do acidente eu e ele fomos morar com nossos avós, eles são nossa família agora, não tem como esquecê-los. _ Eu sinto muito. Qual o nome do seu irmão? _ Johnn. _ Você sente falta dele? _ Eu sinto muita falta dele, ele sempre foi o pai que eu não tive depois do acidente, ele fazia tudo por mim - olhei para o teto para não deixar as lágrimas escorrerem. - Onde estão os outros? _ Taylor, Charlie e Melissa? Os soldados mandaram cada um ir para uma sala, mas Taylor voltou para o campo de treinamento. Ele disse que precisava treinar mais, ainda não estava pronto. _ Então vou ver como os McAllisters estão e depois vou até o campo, ter certeza que está tudo correndo bem, com todos. _ Ok, depois vamos todos para a sala onde encontrei todos vocês precisamos conversar. _ Parece ser sério o que você quer nos dizer. _ E é, muito sério. Eu me levantei e fui andando pelo corredor, olhando para todas as salas que eu passava. Depois de passar por quatro, encontrei Melissa deitada no colo de Charlie, ambos estavam no chão, Charlie olhava para ela, como se ele soubesse o que iria acontecer. _ Posso entrar? – disse eu. _ Claro – Charlie respondeu. Entrei e me encostei na parede de frente com Charlie. _ Tudo bem com ela? _ Ela só está cansada. E você está bem? _ Eu estou bem. _ Bom, ninguém aqui está bem, principalmente o Taylor. _ Por quê? O que ele tem? _ Ele saiu empurrando as cadeiras da sala onde estávamos. Alec não te contou não é? Ele não queria que você soubesse. _ Você fez bem em me contar, depois falo com Alec, agora preciso ir ao campo, gostaria de ir comigo? _ Eu não gostaria, eu vou! Não deixaria você ir sozinha com Taylor naquele estado. _ Tudo bem. Ele colocou Melissa encostada na parede. Saímos da sala, caminhamos pelo corredor, até chegarmos no campo de treinamento. Agora já estava amanhecendo. Nos deparamos com Taylor dando socos em uma árvore, percebemos que os punhos dele estavam sangrando, ele gritava, mas não parou de bater. Então Charlie correu na direção de Taylor e colocou a mão em seu ombro. Taylor se virou rapidamente e deu um soco no rosto de Charlie, que caiu no chão. Rapidamente eu corri e entrei na frente de Taylor. _ Ei! Taylor! – gritei, tentando acalmá-lo. - Você está querendo morrer? _ Estou, já faz tempo. – disse Taylor, ofegante. _ Eu preciso de você! Todos precisamos um do outro. Eu não posso perder ninguém! Agora vamos para dentro tudo bem. Charlie se levantou. Caminhamos até a sala em que Melissa estava, pegamos ela e fomos até a sala onde havia combinado de encontrar todos. Ao chegarmos vimos Alec andando de um lado para o outro, pensativo, mas ao mesmo tempo incomodado com alguma coisa. _ Estamos todos aqui, então pode falar. – disse, cruzando os braços. _ Temos um problema! - diz Alec. _ Vou acrescentar esse na minha lista. – disse Charlie. _ Como vamos parar aquelas coisas, se Mia disse que não podemos matá-las? _ Coisas? Não eram pessoas!? – gritou Taylor. _ Calma Taylor! – disse, tentando manter tudo sobre controle. _ Eu tenho que ficar calmo? Minha mãe está no lado destruído, eu não sei se ela morreu, ou se ela virou uma aberração! Ficou um enorme silêncio na sala, ninguém disse nada. Eu não sabia que a mãe dele estava lá. Agora isso explica porque ele estava batendo na árvore, ele se sentia culpado por ela estar lá. _ Eu vou respirar um ar, o clima está muito pesado aqui. Resolvam o que vocês vão fazer, eu concordo com qualquer decisão de vocês. - disse Alec, saindo da sala e indo para o campo. Eu me aproximei de Taylor e no mesmo momento ele se afastou de mim, saindo da sala. _ Era pra mim ajudar aquelas pessoas, mas eu não consigo me ajudar, nem ajudar vocês. Olha o que eu fiz, era pra sermos unidos, mas eu deixei todos vocês um contra o outro. Por que eu fui escolhida para ser a líder? Antes da bomba, eu era uma pessoa normal que havia perdido a mãe. – disse, brava comigo mesma. _ Eu não sabia que sua mãe... Sinto muito. – disse Charlie. _ Eu que sinto muito por ter te metido nessa. _ Lembra quando eu apontei a arma para minha irmã? Eu tinha acabado de perder meus pais, estava desorientado, eu iria m***r ela, mas você apareceu, me impediu, você salvou a vida dela, e me ajudou a reconhecer meu erro. Você vai salvar aquelas pessoas, e eu vou ajudar você, todos nós vamos. Mas para isso você tem que aceitar a realidade e mostrar para Alec e Taylor que ainda existe uma esperança. Charlie estendeu a mão para mim. Nós dois saímos da sala e fomos a sala ao lado onde Taylor estava. _ Posso? – disse. _ Ainda é um país livre – disse Taylor. _ Vai buscar o Alec – sussurrei para Charlie. _ Você vai ficar bem? – sussurrou Charlie. _ Claro, pode ir. Entrei na sala e olhei para Taylor. _ Olha Taylor, eu sinto muito por sua mãe. - fiz uma pausa – Eu vou fazer de tudo para salvá-la, é uma promessa. Charlie entrou na sala com Alec. _ Já decidiram o que vão fazer? - disse Alec. _ Um amigo me disse antes de morrer que iria lutar por mim até o último suspiro, e é isso que vamos fazer. Eu tenho que falar com o General, ele tem que me responder uma pergunta. Não saiam daqui, por favor, não se matem. Sai da sala e fui até a sala onde o General se encontrava. _ Ainda existem cientistas vivos na África? – perguntei. _ Bom existe um cientista que não foi infectado. Quando a bomba caiu ele estava dentro do laboratório, lá eles tem uma câmara de isolamento, ele ficou lá até o tremor parar. Ele já sabia que isso não era apenas uma bomba. - disse o General. _ Por que não disse isso antes? Estávamos todos enlouquecendo naquela sala, e você tinha as respostas! _ Eu não me intrometo nos assuntos dos outros. _ Você só se intromete, quando o assunto é m***r. _ Você ainda me culpa pela morte de Catherine e Chay!? Não é porque eu sou um General que eu não recebo ordens. Eu fui ordenado por alguém. E ele sim é um assassino. Me levantei. _ Ei, espera. Por que quer saber sobre os cientistas? _ Resolveu se intrometer agora? _ Ok, já que é assim pode ir quando quiser, o seu avião está pronto para voar. Quando vão partir? _ Quanto mais cedo nós formos, mais cedo isso acaba. Nós vamos agora. _ Está bem, vou ligar para o comandante do avião, vou mandar ele pousar o avião no campo de treinamento, estejam lá em cinco minutos. Sai da sala e fui onde o resto do grupo estava. _ Arrumem suas coisas. Nós vamos para a África. – disse. _ O quê? Isso é suicídio. - disse Alec. _ Tem um cientista na África, ele com certeza sabe como deter aquelas coisas. _ E nós vamos até lá sem saber ao menos onde ele está, e se ele ainda está vivo? _ Alec, cala essa boca, e confia em mim, pelos menos uma vez nessa sua vida inútil! Alec saiu da sala, esmurrando a porta, e foi em direção ao campo. Fui correndo atrás dele. _ Alec, me desculpa... - eu disse, ofegante, correndo para alcançá-lo. Até que escutamos o avião chegando, nós dois paramos de correr. Percebi Charlie, Taylor e Melissa vindo atrás de nós. _ Vamos pra casa? - Melissa sussurrou para Charlie. _ Ainda não Melissa, mas nós vamos para casa, não sei quando, mas vamos. - Charlie sussurrou para Melissa, com os olhos cheios de lágrimas. _ Não faça promessas que você não poderá cumprir. - Taylor sussurrou para Charlie. O avião pousou no campo. Era um avião do exército. O comandante do avião descia pela rampa aberta. _ Bom dia a todos. Sou o Comandante Peter Websten, e vocês são os loucos que vão ao outro lado? - risos - Estou brincando. - disse o comandante. _ Bom dia Comandante. Nós somos os loucos sim. Me dê um minuto. – disse, indo em direção de Alec. Parei na frente dele. _ Alec, me desculpa, me desculpa mesmo, eu não quis dizer aquilo, só tente fazer poucas perguntas. - disse a Alec. Ele me deu as costas e entrou no avião esbarrando no Comandante. Caminhei para perto do comandante. _ Desculpa por ele. Ele está passando por momento difíceis. – disse ao Comandante. _ Somos como os aviões. Todos passamos por turbulências, às vezes continuamos voando, às vezes pousamos, mas algumas vezes caímos. - disse o Comandante. _ Eu espero que ele não caia. O comandante entrou no avião. Notei que General estava se aproximando com nossas armas nas mãos. Eu peguei as armas e esperei ele dizer algo. _ Lutem pelo planeta. – disse ele. Em seguida entrei no avião e me sentei ao lado de Charlie e coloquei o cinto. Todos que estavam no avião não disseram uma palavra, parecia que não se conheciam, mas na verdade não nos conhecíamos mesmo. _ Me desculpem por ter trazido vocês até aqui. Mas eu preciso de vocês. – disse, tentando me desculpar. Todos ficaram em silêncio, estávamos muito cansados, então todos fomos dormir.                                                                                             ●●●   _ Mia! Acorda! - gritou Charlie. Eu acordei em desesperada. Estava um barulho muito alto, era como se o avião estivesse caindo, todos estavam girando a minha volta. _ O que está acontecendo? - disse, ainda zonza. _ Alguém jogou alguma coisa na asa do avião. Estamos sem uma asa, vamos cair! -  gritou Taylor. Rapidamente eu olhei para a janela atrás de mim e vi que o avião realmente estava sem uma asa e além disso uma das turbinas estava em chamas. _ Vocês tem que pular na água! - gritou o Comandante. _ Mas e você!? – gritei. _ Eu vou ficar, se eu pular o avião cairia em cima de nós! _ Não! Você vai morrer se ficar! _ Vou morrer lutando pelo Planeta. Vocês são a salvação e o futuro desse Planeta, vão e lutem por ele! Peguem suas armas e pulem agora. O avião foi se aproximando para mais perto da água. Então Taylor pegou sua arma, no mesmo momento a rampa do avião se abriu e ele pulou imediatamente sem hesitar, depois Alec, Charlie e Melissa fizeram o mesmo. Eu estava apreensiva, então esperei um pouco para pular. _ Procure pelo nome de Liu. Boa Sorte. - disse o Comandante. _ Obrigada. – disse, com um nó na garganta. E eu pulei com minha espada nas costas. Estávamos a poucos metros da água, então foi uma pequena queda, assim mergulhei na água e rapidamente subi até a superfície. _ Alec! Taylor! Melissa! Charlie! Vocês estão bem? – gritei, engolindo um pouco de água. _ Sim! Estamos todos bem - escutei uma voz logo na minha frente que parecia ser de Charlie. Fui nadando até encontrá-lo. _ Estamos a alguns metros da Costa, então vamos nadar até lá. – ouvi a voz de Alec atrás de mim. Todos nadamos até a costa como Alec dissera, depois de poucos minutos nadando, enfim chegamos a areia seca, onde nos sentamos para descansar. Mas alguma coisa estava errada, um menino de aproximadamente 10 anos estava de pé em nossa frente, os olhos eram avermelhados, a pele era pálida, as veias estavam ressaltadas em seu corpo e em uma das mãos ele estava segurando um machado, um machado muito grande para uma criança pegar somente com uma das mãos. Então ele começou a caminhar lentamente em nossa direção.
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