Capítulo 1 - O Começo (Parte 2)

2858 Words
Nós dois corremos em direção às árvores e nós nos escondemos como da primeira vez, mas dessa vez com outro objetivo, salvar as pessoas delas mesmas. Não sabíamos do que era o teste, mas mesmo assim não entramos em desespero. Percebi uma garotinha vindo ao meu encontro, ela foi se aproximando e notei que era a mesma garotinha que eu havia salvado a vida um pouco mais cedo. Então ela parou em minha frente. _ Você salvou minha vida. Obrigada. – disse ela, sorrindo. _ Não foi nada, eu apenas fiz minha parte como ser humano. Qual seu nome querida? - disse, correspondendo com um sorriso. _ Meu nome é Melissa McAllister. E você, qual seu nome? _ Eu sou Mia Harper, prazer em conhecê-la! Você conhece o garoto que apontou a arma para você? _ Claro, ele é meu irmão! _ O quê? Como ele é seu irmão? Ele tentou te m***r! _ É que ele me culpa pela morte dos nossos pais. _ Eu sinto muito por eles. Como é o nome do seu irmão? _ Charlie. Por que quer saber? _ Eu sempre sei o nome da pessoa antes de brigar com ela. _ Não bata nele, por favor – disse Melissa, com os olhos se enchendo de lágrimas. _ Eu só vou conversar com ele, tudo bem? Ela assentiu. Me levantei, em seguida Chay também se levantou. _ Não – repreendi ele imediatamente -, eu preciso fazer isso sozinha. _ Tudo bem. – disse ele, talvez desapontado comigo. Eu realmente precisava fazer isso sozinha. Comecei a caminhar, vi Charlie caminhando pelo campo chorando e fui até ele. _ Charlie? O que aconteceu? - disse, calmamente, sem saber o que estava acontecendo. _ Como você ...Eu matei uma pessoa, uma pessoa inocente... _ O quê? Quem!? _ Eu matei... Naquele momento eu olhei ao meu redor, algumas pessoas estavam gritando e chorando, outras estavam deitados no gramado, pareciam loucos. Continuei ao lado de Charlie. Estávamos imóveis, totalmente assustados com a cena que presenciávamos. Olhei para trás, tendo a certeza de que Chay e Melissa estavam bem. De repente Charlie começou a gritar, depois caiu no chão tremendo. Imediatamente fui ajuda-lo. Não fazia ideia do que estava acontecendo. Depois de alguns segundos tentando acalmá-lo, Charlie parou de tremer e se sentou na grama. A loucura entre os outros durou por mais alguns minutos.   O som tocou novamente. Aquele maldito som! Todos se levantaram e olharam para o General que estava no centro do campo. _ Esse foi o segundo teste. O teste numérico. Os cientistas comprovaram que a mente humana após ficar isolada por algum tempo causa um tipo de transtorno mental, fazendo com que fiquemos desorientados, no caso, vocês. Nós fizemos isso para numerar cada um de vocês. O primeiro a sobreviver a loucura foi numerado de 1, o segundo de 2, e assim sucessivamente. E a propósito Chay Yeun, você é o 23 e Mia Harper, você é o 24. _ 24 o número da destruição. – sussurrou Charlie. _ Agora vão fazer o terceiro teste. – finalizou o General. Quatro soldados cercaram o meio do campo com uma corda, fazendo com que ele ficasse em forma de um quadrado. Então um deles veio até nós. _ Bom o terceiro teste acontecerá da seguinte forma: vocês serão divididos em duplas, cada dupla entrará no quadrado do centro do campo. Vocês terão que lutar até a morte. O que sobreviver ganha, o que morrer ... Morre. - ele sorriu - Lutem pelo planeta. – disse por fim. _ As duplas serão: 1 e 2, 3 e 4, 5 e 6 ...  23 e 24, 25 e 26... – disse um soldado. O som tocou, dando início ao terceiro teste. Olhei para Chay, que já me observava. _ Eu não vou lutar. Prefiro morrer com um amigo do meu lado ... vivo. – disse, convicta. _ Eu vou lutar. Vou lutar para ver você viva até meu último suspiro. Você é a nossa Salvação. – disse ele. _ Não posso deixar você fazer isso! _ Mas vai deixar. – sussurrou ele. A primeira dupla entrou no meio do campo. Eram duas meninas de aproximadamente 17 anos, uma olhava para a outra chorando, ambas deram as mãos, pegaram as armas que estavam no chão e atiraram uma na outra. Eu Fechei meus olhos e percebi o valor da vida. Nenhuma delas queria m***r a outra e ficar viva com a culpa de ter matado uma amiga. As próximas duplas foram lutando, muitas pessoas morrendo. A cada segundo eu ficava mais desesperada. Depois de muito tempo, enfim chegou a minha vez. Chay e eu entramos no quadrado. Eu olhava para Chay, com meus olhos cheios de lágrimas, não sabia o que fazer, eu só sabia que nós iríamos morrer mais cedo ou mais tarde. Inesperadamente Chay pegou uma flecha do chão. _ Eu tenho que fazer isso. – disse ele. _ Não, você não tem que fazer nada por mim! _ Pessoas fazem coisas boas para seus amigos. Você tem que continuar. Você é uma guerreira, não foi a toa que você escolheu uma espada “Bushido”, ou melhor, ela te escolheu, então seja a guerreira que ela quer que você seja. Nós já passamos por muitas coisas aqui que nenhum ser-humano aguentaria. Nó vimos muitas pessoas morrerem, muitas se machucarem, muitas dando a vida pelas outras, e é isso que eu vou fazer. No mesmo instante ele pressionou a flecha contra o peito e caiu no campo sangrando. Corri até ele, caindo de joelhos chorando sem alguma reação. _ Salve o meu pai... Até meu último suspiro... Lembra? – sussurrou Chay. _ Eu vou salvar ele... Sim eu lembro. – sussurrei. Ele apertou minha mão enquanto dizia, até que fechou os olhos e soltou minha mão. Foi um dos piores momentos da minha vida, de todos os jovens que tinham morrido eu não tinha sofrido tanto assim. Fechei meus olhos e lembrei do brilho nos olhos dele quando ele me via. Ele acreditava que eu era a salvação do planeta. Ele acreditava que eu iria salvar o pai dele. Os soldados nos arrastaram para fora do quadrado. Enquanto eu sofria, outros jovens lutavam entre si. Depois de alguns minutos o som tocou e o General se aproximou de mim. _ Sinto Muito. Agora só restam 15 jovens – disse ele. Levantei e dei as costas para ele, indo até uma grande pedra que tinha perto das árvores, a pedra ficava em frente a um pequeno riacho. Me sentei nela chorando e fiquei observando os pássaros voando, os galhos das árvores balançando com o vento, escutava o barulho das águas batendo levemente nas pedras e imaginava como seria se a bomba não tivesse atingido o planeta, todas essas pessoas não teriam morrido, eu nunca teria conhecido o Chay, nem Catherine e nem todos esses jovens que estão lutando por suas vidas. Notei que um garoto vinha em minha direção e logo se sentou do meu lado, mas não percebi quem era. _ Eles não vão voltar, nem o Chay e nem a Catherine, Eu sinto muito. – disse ele. _ Charlie? - disse, enxugando as lágrimas. _ É sou eu. Você está bem? _ É, eu estou. _ Não parece. _ Nem tudo o que parece, realmente é. _ Ok, você quer que eu me desculpe com ela? _ O quê? Se desculpar com quem? _ Com minha irmã. Eu sei que ela não tem culpa de nada, eu só culpava ela porque não tinha ninguém para eu culpar. _ Nem tudo é culpa de alguém, as vezes é só a vida. Mas se desculpar é bom também. _ Eu já fiz isso. _ Que bom que você ainda tem alguém para se desculpar. _ É. Vocês eram muitos próximos? _ Chay e eu? Ele era o meu único amigo aqui, apesar de conhecê-lo apenas por um dia. - disse, com as lágrimas escorrendo em meu rosto. Ficamos em silêncio por alguns segundos. _ Sinto muito. – disse Charlie. _ Você acha que Melissa vai conseguir sobreviver? – disse, enxugando as lágrimas novamente. _ Vai ter mais? _ Eu não sei. Eles vão escolher 5 de nós. Então é bem provável que 10 vão morrer, ou algo assim. _ Então muitos vão morrer. Mas na prova de paciência ninguém morreu, então o que eles fizeram com eles? _ Eu também não sei. Ouvimos alguns jovens correndo para o meio do campo, então nos levantamos rapidamente e fomos ver o que estava acontecendo. Ao chegarmos, vimos uma garota morta no chão com uma arma na mão. Ninguém sabia o que tinha acontecido com ela. _ Como isso aconteceu? – perguntei, na espera de alguém poder me responder. _ Está óbvio, ela se matou. – disse Charlie. _ Ou mataram ela. Corri os olhos pelo campo à procura de algum soldado, ou qualquer outra pessoa que poderia ter matado ela. _ Eu não sei o que aconteceu mais acho que vou descobrir agora. – disse Charlie, olhando para o General que estava vindo em nossa direção. _ Vamos ver quem temos aqui! Sarah? Eu achei que ela seria um dos cinco, mas... Vi pela primeira vez, depois de várias mortes, escorrer em seu olho uma lágrima, que logo foi enxugada.  _ Acho que eu estava errado. Por que ela está morta? Alguém matou ela! – gritou o General. _ Alguém? Ou você a matou! – disse, surpresa, procurando entender tudo isso. _ Não fomos nós. Eu não autorizei ninguém a m***r, o quinto teste ainda não começou, eu não sei o que pode ter acontecido. Ele saiu do campo, indo para dentro do prédio coberto, que só agora havia percebido que estava lá. Ninguém sabia o que estava acontecendo, muitos diziam que ela se matou, outros diziam que mataram ela, agora, eu não sei o que realmente aconteceu. Um soldado se aproximou de mim dizendo: _ O General Scott está te esperando na sala. _ Não vão me arrastar até lá!? – disse, sarcasticamente. _ Dessa vez não. Mas quem sabe na próxima. _ Melhor não. Fui caminhando até a sala, imaginando o que havia acontecido com Sarah. Ao chegar, me sentei na cadeira e fiquei esperando Charles dizer alguma coisa. _ Me diga tudo o que você sabe. – disse ele. _ Tudo que eu sei? Eu não sei de nada, eu que deveria estar te perguntando isso! E por que você está tão interessado? _ Não foi eu, já disse isso. Sarah Willians é minha sobrinha, ela é filha do meu irmão, James. Ele está no lado atingido. Esperava que ela trouxesse ele de volta, mas acho que não será mais possível. _ Mesmo depois de tudo isso que você fez, eu vou encontrar seu irmão e trazê-lo de volta vivo, mas para isso você vai ter que deixar as pessoas que não serão escolhidas, vivas. _ Eu não posso fazer isso! Elas tem que morrer, é a lei da sobrevivência. _ E quem criou essa lei? _ A mesma pessoa que lançou a bomba. _ Então agora é assim, se não conseguir sobreviver, morre. _ Sempre foi assim, mas agora nós temos uma salvação. Fiquei refletindo por alguns segundos. _ Pense no que eu disse sobre seu irmão. Então eu me levantei, dei as costas para ele novamente e sai da sala. Quando cheguei no campo e me deparei com 5 forcas posicionadas lado a lado. Todos estavam amedrontados, ninguém sabia o que iria acontecer no quinto e último teste. Eu estava muito preocupada porque eu não sabia se Charles iria aceitar o que eu disse e deixar os outros cinco irem embora, ou ele iria... enforcar eles? Era a única coisa que podia pensar no momento. O General chegou no campo e foi para o centro. Ele estava levando nas mãos uma caixa preta, que colocou no centro de uma mesa posicionada à sua frente. _ Mia Harper, aquela que matou Catherine Sayler e Chay Yeun, mas salvou a vida de Melissa McAllister. Vamos ver quantas vidas você ainda salva. O General fez um sinal me chamando para ir até lá. Quando cheguei percebi que faltavam cinco jovens no campo. _ Onde estão os outros cinco? – perguntei.  _ Olhe para cima – disse ele, olhando para as forcas. Me virei. Vi cinco jovens com os pescoços amarrados na forca, um em cada uma delas, com sua cabeças cobertas. E então notei que Melissa estava amarrada na primeira forca da minha esquerda. _ Por que está fazendo isso com uma criança? – disse, desesperada. _ Você sabe mais do que ninguém que ela vai morrer, aqui ou lá, então esse é o jeito menos dolorido – disse Charles. _ Ninguém vai morrer, nem aqui e nem lá! _ Vamos fazer do jeito mais fácil, você escolhe cinco pessoas, ou, nós escolhemos, garanto que nossa escolha não vai te agradar, então salve um que está na forca, que nós matamos um que está no campo. Salve um que está no campo que nós matamos um que está na forca. - sussurrou ele. _ Eu não posso fazer isso! _ Você não tem escolha. _ Tenho sim. Se você fizer eu m***r cinco jovens, eu não vou salvar seu irmão, eu vou matá-lo, vou atirar na cabeça dele. _ Você não vai voltar para fazer isso, ou melhor, você não vai voltar. _ Eu vou viver só para fazer isso, e quando eu fizer, vou rir na sua cara e depois te m***r. Mas se eu morrer, eu morrerei lutando pelas pessoas, não matando elas. _ Então vamos ver quem fica vivo aqui. Mas agora faça suas escolhas. _ Eu não posso fazer isso. _ Eu já imaginava que você não iria fazer por boa vontade, então eu trouxe essa caixa. Dentro dela tem o nome dos outros 9 jovens. Eu vou tirar os papéis e os nomes que eu for dizendo serão os que vão para o lado destruído. Os nomes que eu não disser, serão enforcados. _ O quê? Você não pode fazer isso! _ Eu vou fazer isso! _ Você é um assassino! - disse com as lágrimas começando a escorrer no meu rosto. Então ele colocou a mão dentro da caixa e tirou o primeiro nome. _ E a primeira pessoa a ir com Mia Harper é Taylor O' Brien. - disse Charles. Eu olhei para o campo e vi um garoto caminhando até a frente. Ele era forte, tinha aproximadamente 18 anos, estava com um rifle nas costas, olhando para mim. Notei que uma lágrima caiu do rosto dele, depois sorriu para mim. Fiquei olhando para aqueles jovens, sabendo que muitos deles ainda irão morrer Então o General tirou o segundo nome. _ A segunda pessoa a ir com Mia Harper é Charlie McAllister. – disse o General. Olhei de novo para o campo, e vi Charlie olhando para a forca onde sua irmã estava. O General colocou a mão na caixa novamente e tirou o terceiro nome. _ A terceira pessoa a ir com Mia Harper é Alecsander Chandler. Olhei novamente para o campo, vi um menino com as mãos nos olhos, parecia que estava enxugando as lágrimas, mas não eram lágrimas de alegria, eram lágrimas de tristeza, parecia que ele sabia o que tinha do outro lado do planeta, parecia que ele sabia que iria morrer, aqui ou lá. E então chegou a pior parte, o General tirou o quarto e último nome da caixa. Antes dele falar, eu me sentei no gramado, e coloco a cabeça entre as pernas. _ A quinta e última pessoa a ir com Mia Harper, Taylor o' Brien, Charlie McAllister e Alec Chandler é Melissa McAllister. - disse o General. Então eu comecei a chorar desesperadamente, não conseguia pensar em outra coisa, só nas pessoas que irão morrer agora. Senti alguém me levantando, me abraçando e chorando junto comigo. _ Não olha, não olha! – sussurrou Charlie. Ouvi as pessoas gritando, suplicando por ajuda, até que eu escutei a voz do General. _ Vocês lutaram por esse Planeta, mas não lutaram o suficiente para salvá-lo. – disse ele, por fim. Então ouvi os quatro que sobraram gritando, e de repente as cordas se romperam. Foi a última coisa que me lembrei.                                                                                         ●●●  _ Mia, você pode me escutar? Mia? - ouvi uma voz muito alta no meu ouvido. _ Eu, estou bem – disse, abrindo os olhos lentamente para me acostumar com a claridade. – Não me lembro o que aconteceu. Onde estão os outros quatro? E os cinco que estavam no campo? _ Você desmaiou quando cortaram as cordas, isso já faz mais de duas horas, você só acordou agora. Eu, sinto muito, mas os outros foram enforcados, agora só tem nós cinco, somos os únicos que sobreviveram aos testes. Nós somos a salvação desse Planeta. - disse Charlie olhando dentro dos meus olhos. Me sentei na cama, tentei colocar todas as peças no lugar. Nos levantamos e fomos até a sala onde os outros estavam. Quando chegamos, estavam sentados Taylor, Alec e Melissa em cadeiras ao redor da sala.
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