Capítulo 01

967 Words
Ethan | Atualmente... Eu sempre me perguntei como chegamos a isso. Na verdade, eu sei bem, mas a minha cabeça se n**a a pensar que o meu pai foi um criminoso — quero dizer, ainda é, mas nunca algo tão escancarado quanto agora. Minha vida era uma eterna confusão, a minha cabeça era uma eterna confusão. Quero dizer, eu fui para uma ótima escola, uma ótima casa, fiz uma ótima faculdade e agora sou dono de todos os bens familiares. Eu sei, isso deveria ser o máximo para algumas pessoas, mas não é. Simplesmente, não é. Eu não nasci para herdar os negócios sujos da família. Fui criado com essa consciência, mas sempre pensei que poderia ter alguma escolha — mas não tenho. Sou o mais velho, talvez, o que mais sofreu e pode ser que o mais centrado nisso tudo. Queria apenas a empresa, mas junto com ela, todas as coisas e responsabilidades ruins vem juntas. — Não sei se quero continuar com isso. — Eu olho para o meu pai. — Não consigo pensar que terei que cuidar de metade da cidade. — Não se preocupe com isso, Ethan. — Ele me encara. — Você já tem o jeito. Eu trabalhei muito para construir tudo e confio somente em você para continuar nosso legado. — Eu preferia ter continuado pobre. — O encaro, ele pisca em minha direção. — Não, você não preferia. — Edward diz, sua voz sai grossa e rude. — Cale a p***a da boca, Edward. — Reviro os olhos. — Para você é fácil dizer qualquer coisa, médicozinho de merda. Ele franziu a testa e me encarou sério. — Sim, c*****o — Ele bufa. — Você falava tanto que a nossa mãe não podia ficar triste, mas não seria continuar miseráveis que iriamos deixar ela feliz. Você acha mesmo que comer mais sopa de batatas e cenouras iria deixa-la feliz? Eu fico em silêncio. Ele tem total razão. — Eu não tinha que ser obrigado a continuar com isso. — Eu suspiro. — Porque não Edward? Porque eu? — Você é meu filho mais velho, é forte, inteligente e o mais estrategista entre todos. — Ele para bem próximo ao meu rosto. — Chega um momento na vida, Ethan, que verdades devem ser ditas e sinceramente, você foi o único que sentiu a pobreza, muito mais do que os seus outros irmãos. Você foi forte nesse tempo. — Matteo passou pelo mesmo. — Resmungo — E Edward também. — Mas não como você. — Ele dá um pequeno sorriso e suspira. Eu me levanto. Por algum motivo, a nossa conversa tinha acabado aqui. Eu não queria ficar perto desses pensamentos mais uma vez. Eu não queria conviver com a sensação de estar preso mais uma vez. Eu odiava pensar que essa seria a minha vida. Meu pai foi um p***a sortudo do c*****o. Teve a sorte de encontrar a minha mãe antes de tudo e viveu o amor incondicionalmente. Eu não tive essa sorte, tão pouco sei se vou ter algum dia. Um dia, eu vou ter que me casar e não sei se vou amar alguém assim. — Onde vai? — Ele gira o copo de whisky entre os dedos e me encara. — Embora. — Resmungo. Todos têm a noção de que eu odeio dar satisfações sobre a minha vida. Definitivamente. Eu lambo meus lábios e esfrego os meus olhos. Minha cabeça está um tanto quanto dolorida agora e eu só quero fugir mesmo de toda essa falação e problemas familiares. Meu pai apenas assente. Ele sabe que não existe nada que ele possa fazer para mudar isso. Ele tem essa noção. — x — Paro o carro em frente a boate. Comprimo meus olhos. Eu nunca tinha estado aqui — mesmo com diversos chamados de Edward, meu irmão —, entretanto, agora eu estou. Eu abro a porta do automóvel e desço, pego as chaves e entrego ao manobrista, ignorando completamente as recepcionistas para entrar no local. Me sento em qualquer uma das mesas, me jogo nos bancos e encaro o lugar a minha volta. Eu só consigo pensar em como tudo aqui consegue ser deprimente. Não sei os homens velhos e gordos zanzando por todo o ambiente ou as garotas que estão aqui para satisfaze-los. Posso reconhecer alguns rostos. Não me admira que esse lugar seja extremamente vip e fechado. Não é simplesmente ter dinheiro. — Boa noite, senhor. — Uma garota para ao meu lado. — Posso anotar seu pedido? Eu a encaro. Pelo alva, olhos verdes, cabelos negros e brilhantes. Suas bochechas estão vermelhas e em seus lábios, uma fina camada de gloss. Ela pisca seus cílios para mim. — Sim. — Eu a encaro. — Preciso de uma dose de whisky sem gelo. Meu corpo está quente. Bem quente. Não me lembrava de me sentir assim a algum tempo. Ela assente, sem dizer nada e some no meio da multidão. Seus cabelos me chamam atenção. Seu jeito, enquanto ela corre de homens que tentam passar a mão pelo seu corpo sem nenhuma explicação. Ela não gosta deles. Permaneço intrigado. Sigo seus passos, ela para em frente ao balcão e murmura algo para o barman. Posso ver ele me encarar e ficar tenso. Sabe quem eu sou. Ele tem noção. Começa a servir. Diz algo a ela que sorri e volta para me trazer o copo. — Aqui, deseja mais alguma coisa? — Ela pergunta, seus olhos não param nos meus. Me pergunto se ela tem medo de mim. — Sente-se. — Eu mando. — Senhor, eu não... — Ela tenta dizer, mas a interrompo. — Sente-se. — Ordeno, minha voz saindo grossa. — Eu mando aqui. E ela se senta, ainda um pouco desconfiada de tudo. Ainda que seus olhos não parem nos meus.
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