A porta do quarto se abre e eu me viro para encara-lá. Meu coração bate com força em meu peito e eu me sinto péssima. Queria pensar em todas as coisas que aconteceram, mas me sinto triste, decepcionada. A manha se passou arrastada e parece que tudo em mim estava implorando por algo que não viria. Liberdade. Eu nunca tive tanta liberdade. Vivia trabalhando até tarde para pagar as contas — e quase nunca me sobrava qualquer quantia para me divertir. Acho que as coisas que acontecem nas nossas vidas dizem muito sobre nós e quem somos, isso influencia em diversos pontos totalmente novos dentro de nós. — Soube que deu problema a Mary. — Ethan fecha a porta atrás de si. — Velha fofoqueira. — sussurro para mim mesma. — Não fale assim dela. — sua voz sai dura. — Eu quero ir embora! — Giro em meus próprios calcanhares e o encaro. Meus olhos comprimidos o encaravam. — Você me teve por uma noite e agora tenho que ir embora, Ethan. Ele suspira e se senta em uma poltrona disposta no quarto. — Sabe, Melissa, quantas pessoas matariam para estar no seu lugar? — Perguntou, comprimindo os olhos em minha direção.— você é muito sortuda de estar nessa casa, comigo… Fico em silêncio. Não consigo falar, as coisas parecem muito confusas desse ponto de vista. Eu só quero ir embora. — Não quero que se sinta assustada, mas outra pessoa aproveitaria todo o luxo… — ele se levanta e anda até mim. — Eu estou presa nesse quarto e não vejo nada de impressionante nessas paredes brancas. — cruzo meus braços. — Você não é uma prisioneira, tem livre arbítrio de conseguir ir para onde quiser. — ele toca minha mão. — você deveria saber que as portas não estavam trancadas. — eu quero ir embora, Ethan. Não tenho interesse em explorar a sua casa, não sou uma criança! — afirmo. — Mas age como uma. — Ele passa direto por mim e abre as cortinas, levando ambas até o canto. Ele perde algum tempo com isso, levando em consideração a cortina enorme que toma toda a parede — é que leva a uma pequena sacada que me dá a visão do jardim. — Veja, isso tudo… — Ele puxa o ar e enche o pulmão. — Não gosta do que vê? Observei um pouco a paisagem e cruzei meus braços, voltando a encara-ló. — Ethan, eu ainda quero ir embora. — Afirmo, com convicção. — Não sei o que você espera de mim, mas preciso ir embora. — Tenho uma proposta para você. — ele afirma, tocando meu queixo. — Uma proposta irrecusável. Ethan Eu pensei nisso a noite toda e depois do café também. Isso parecia tão certo e ao mesmo tempo tão errado. Eu sabia que as coisas poderiam desandar e que ela poderia negar, mas tinha que dar certo. Uma única vez precisava dar certo. Eu sabia que ela não tinha tantas ambições assim. Melissa queria viver uma vida simples e pacata e isso me admirava bastante, até perceber que ela também queria viver isso longe de mim. A minha sorte, no entanto, era o fato de eu jamais abaixar a minha cabeça, seja qual fosse o motivo e sendo bem sincera, Melissa ainda não tinha experimentado um terço disso tudo. Eu sabia que ela poderia entrar em um looping quase que infinito de pensamentos, ela achava mesmo que poderia se livrar facilmente de mim, mas não sabia que eu conseguia ser a pessoa mais incoveniente que iria aparecer no seu caminho. Em contra-partida, seus olhos pareciam me chamar. Ela aprecia me puxar para perto ao mesmo tempo em que me empurrava para longe. Tudo nela parecia brilhar extremamente. E eu amava aquilo. Amava mesmo. Lambo meus lábios e suspiro, fechando meus olhos fortemente, andando até ela a passos pesados. Posso sentir o meu corpo esquentar por ela estar tão perto. Me sinto preso nela. — O que quer? — Seu corpo frágil treme. Ela tem medo de mim, sabe que eu posso fazer qualquer coisa com ela dentro desse quarto. Entretanto, recuo um passo. Prometi que não a tocaria até que ela implorasse. Seria sua primeira noite e tinha que, ao menos, ser especial. Estava tudo confuso. Minha cabeça a parecia ter se tornado uma das piores coisas atualmente. — Tenho uma proposta a fazer. — Afirmo, tornado nos meus próprios calcanhares e me sentando na poltrona. — O que? — Ela me encara nos olhos, parecendo ter tomado um impulso de coragem. — Quero que você se torne a minha esposa! E ela para por um segundo, confusa. Seus olhos passam pelo meu rosto como quem tenta digerir cada palavra. Eu sabia que isso seria chocante para ela. Sabia mesmo!