Capítulo 1
Na Basílica da Estrela Ic.
Ao ir para o salão da Basílica, Cesar deparou-se com algumas filas duplas de estudantes, ainda estavam a se organizar. Cada turma formava duas filas e na frente havia um representante que era um estudante do quarto ano, o de listras vermelhas.
Ele procurou a sua turma e encontrou Gisele que era uma das poucas garotas negras no recinto.
— Oi, Gika — saudou Cesar a pegá-la de surpresa.
— Rasec! — admirou-se Gisele, ela o abraçou forte. — Você voltou, homem. Cadê Lamel?
— Está na taverna e está bem.
— Não perguntei como ele estava, mas tudo bem — Gisele fez o Cesar rir com aquela resposta.
— E as outras meninas? — perguntou o rapaz.
— Ainda estão na sala copiando algumas coisas.
— E você copiou rápido, hein!?
— Digamos que o necessário. É muita coisa para escrever.
Cesar deu risadas novamente.
— Menina, não deixe nada importante passar — de repente, Belisa o pegou de surpresa ao aparecer na sua frente.
— Rasec — disse Belisa contente.
Cesar também a abraçou e foi abraçando as que chegavam, como a Fabiana, mas deu um abraço rápido e menos afetuoso em Tainara.
Quando Talita apareceu, foi recebida com um abraço e um beijo na boca, com a namorada tinha que ser de uma maneira mais especial.
— Meu amor, quando chegou? — perguntou Talita.
— Há alguma horas.
— Já soube da notícia? A taverna está comprometida.
— Soube, e também tenho uma bomba para contar para vocês.
As meninas e o rapaz fizeram um círculo para conversarem, mas o Destro Javier chamou a atenção e Cesar disse que depois contaria.
Em poucos minutos, todos os estudantes estavam no salão enorme da Basílica, m*l podiam se olhar, então nem conversavam, até aparecer a Diretora Sal.
— Muito bem — discursou ela —, alunos e alunas, estudantes da Basílica da Estrela Ic, hoje vocês visitarão o Castelo a mando da rainha, ela quer que vocês se sintam mais à v*****e com o atual reinado e com ela própria, a Vossa Majestade. Ela avisou que a Grande Serpente, uma das Sete Criaturas Primeiras, apareceu no Castelo e ficará por alguns dias, então, ordenou que fossem conhecê-la, para quem não a conhece, e que fossem os primeiros do reino neste período de adversidade a terem contato com ela para serem abençoados, e quem sabe, saia de lá um novo Saneturis. Já está na hora, entrem no portal e não sejam irreverentes — a Diretora abriu um portal na frente da primeira fila dupla e o pessoal começou a atravessar.
Haviam mais quatro filas duplas e mais três únicas, a de Cesar era a terceira, e quando a Diretora conjurou o portal na entrada da Basílica, começaram a atravessar.
Assim que Cesar atravessou o portal — que era uma fumaça preta e cheia de centelha —, viu-se no extenso pátio da entrada do Castelo, entrou no salão principal e notou que era maior que a da Basílica, como se tivesse sido feito por gigantes.
No teto, haviam várias estátuas de serpentes grudadas, ao redor, a decoração era bem gótica com muitos detalhes dourados.
A rainha, duas mulheres, uma africana e uma asiática, e vários guardas reais estavam lá, bem diante dos estudantes, para recebê-los.
Os portais estavam bloqueados no Castelo. Sal apareceu num portal embutido e entrou no Castelo atrás dos alunos, a rainha a cumprimentou.
— Bem-vindos, aprendizes, ao Castelo do Reino de Ic — saudou Kanahlic. — Sintam-se privilegiados por estarem aqui — ela fez um discurso um pouco parecido com o que a Diretora Sal havia dito, mas não deixaram de prestar atenção em cada palavra. — A partir do quinto ano, já podem trabalhar no Castelo, é um lugar enorme e precisamos de vários súditos fiéis para ocuparem um espaço aqui. E agora, vocês vão conhecer a Grande Serpente. Como sabem, as Criaturas Primevas são seres da Sétima Dimensão mandas pelos nossos queridos deuses, os Trealtas, para ajudarem a nós, humanos mágicos, a sobrevivermos neste mundo hostil. Há centenas de anos que eles existem, e o nosso pedaço de terra, a nossa querida Umnari, foi incumbida de abrigar cada ser, um em cada um dos sete reinos. Nós ficamos com a Primeva da Cura, e quando ela dá o poder da cura para alguém, esta pessoa se torna um Saneturis, aquele feiticeiro que pode se curar rapidamente. Não vou me prolongar mais porque as horas não nos esperam. — Ela olhou para a mulher n***a e careca, tão linda que Cesar lembrou-se de Dandara, e disse: — Ftali, contuza a primeira turma aos aposentos da Serpente, os demais aguardem, ela costuma ser rápida.
A mulher chamada Ftali chegava perto de ter uns dois metros de altura, usava roupas de guerreira africana e tinha olhos vermelhos neon.
Cesar logo soube que ela era uma possuída por um espírito de um Animacae, a famosa tigresa-dente-de-sabre Onarah, da família Sai. Estremeceu por lembrar-se do sonho que teve com ela.
A rainha sentou-se em seu trono e ficou a conversar com a asiática que parecia triste e tinha um cordão muito grosso de couro no pescoço com uma pedra no centro. Parecia uma coleira.
Ela ordenou que os alunos ficassem à v*****e para passarem o tempo, que conversassem, que rissem, no final, eles se deliciariam com uma maravilhosa refeição.
Cesar se organizou com o seu g***o de garotas, já que agora podiam sair da fila, e sentaram perto de uma das pilastras. Ele ficou de mãos dadas com Talita.
— Gente, somos inimigos das serpentes e viemos para o seu covil — disse Belisa. — Estão vendo aquela mulher a conversar com a rainha?
O pessoal confirmou.
— A chinesa? — questionou Cesar.
— Acertou na mosca — respondeu Liz. — Fiquem bem longe dela. Ela era da China antes de vir para Dorbis, é uma feiticeira renegada e tem um dom raro, só desperta em alguém duas vezes por vida.
— Como assim? — perguntou Fabiana.
— Quando ela morrer, outra pessoa pode nascer com o dom, é difícil existir mais num mesmo período — explicou Belisa.
— No mundo inteiro? — impressionou-se Fabi.
— Sim.
— Por que ela é renegada? — Fabiana julgou ser um título muito c***l. — Coitada, o que ela fez?
— Ela não fez nada, é assim que se referem aos feiticeiros das cinzas.
— Ah!
— Qual é o dom dela, mulher? — questionou Gisele. — Estou curiosa.
— Ela tem o dom de Identificar.
— O quê? — insistia Gisele.
— Tudo em sua vida.
Cesar e Talita se olharam.
— Explique esse "tudo" — pediu Talita.
— Sim! — lembrou-se Belisa. — É melhor vocês não chegarem perto, não olhem nos seus olhos, menos ainda queiram contato com ela. Ela pode descobrir que você é a Escolhida e que o Cesar é um Allogaj em um piscar de olhos.
— Eita, ferrou — disse Cesar.
— Por que, amor? — quis saber Talita, mas todas ficaram apreensivas.
— Porque estamos no mesmo lugar que ela, e viremos para cá sempre que a rainha solicitar. Qual a probabilidade de a gente não se bater por aí? — disse Cesar.
— É verdade — prosseguiu Belisa —, fujam dela o quanto puderem e nunca desejem falar com ela, pois, assim mesmo o seu dom vai despertar. Desperta quando ela quer, mas aí ela precisa fazer contato direto, desperta quando a pessoa quer, ela só precisa olhar nos olhos, e desperta quando o Universo quer, afinal, um dom tem poder sobre o seu dono assim como o seu dono tem poder sobre o seu dom.
— Qual a necessidade de ela ter um dom que mostra para ela o que a pessoa já sabe sobre si mesma? — perguntou Tainara.
— Aí é que está, o dom dela mostra coisas que a pessoa não sabe sobre si própria, coisas que ela já esqueceu ou que foram apagadas da sua memória. Mostra absolutamente tudo, além de não permitir que ela minta sobre o que descobriu.
— Eu queria ter um dom desses — falou Fabiana.
— E quem não? — complementou Gisele.
— Eu acho que ela sofre — disse Cesar. — Olhem para o rosto dela.
Todas olharam, e realmente, parecia que ela estava prestes a contar uma tragédia. Casualmente, a feiticeira das cinzas olhou na direção delas e elas se viraram rapidamente.
— Será que nos viu? — perguntou Cesar.
— Parece que está tudo tranquilo — disse Belisa, estava de frente para a feiticeira e percebeu que ela voltou a falar com a rainha, não podia ignorá-la.
O segundo g***o já tinha ido, agora era a vez do terceiro g***o e novamente formaram a fila tripla.
Ftali conduziu os estudantes para uma passagem consideravelmente distante do trono, ao lado direito. Eles subiram às escadas e Cesar e o seu pessoal passaram cabisbaixos, evitariam ao máximo a feiticeira das cinzas.
— Nossa! Estes são poderosos — disse a Rainha em voz alta. Olhou para Fong, a asiática, e perguntou: — Sentiu a magia bem forte?
O coração de Cesar pulava dentro do peito, sabia que era por sua causa, ele tinha muito poder, fora que Talita era uma Escolhida, poder mágico era o que não lhes faltava.
Se descobrissem a fonte, estariam encrencados, mas como estavam entre os alunos, seria como se o poder fosse distribuído.
Mal podiam esperar para voltarem para a Basílica, pelo menos, ali estavam a ser ocultados, mesmo assim, não escapariam do dom da feiticeira Fong.
Assim que seguiram pela passagem, andaram mais um pouco por um corredor extenso e no final, havia uma passagem em forma de círculo.
Entraram em uma área espaçosa e vazia, mais à frente havia outra passagem em forma de círculo, mas estava vetada por uma cortina vermelha e espessa, em outro canto, a última passagem circular.
— Fiquem aqui, ao meu lado direito, que eu vou chamar um por um, e assim que se consultarem com a Serpente, saiam e aguardem ao meu lado esquerdo — disse Ftali, sua voz soava com bastante eco e Cesar temeu falar alguma coisa e todos e todas ouvirem. Seria melhor não conversarem ali. — Venha você — Ftali apontou para Cesar.
O garoto hesitou e engoliu em seco. Por que ele seria o primeiro? Estava no meio da fila.
Ftali o apressou e ele se obrigou a andar para a direção das pesadas e grossas cortinas vermelhas. Ela olhou para a africana e ela o desejou boa sorte.
Assim que Cesar adentrou naquele lugar, viu que o espaço era cilíndrico, totalmente branco, na parede do fundo tinha uma única janela com vitral branco que deixava o ambiente com aspecto de debaixo d'água quando batia a luz do sol, e abaixo do vitral havia uma enorme bacia de mármore branco e uma serpente toda enrolada sobre si própria.
A Serpente estava com a cabeça erguida, era da mesma grossura do corpo, tinha um tom alaranjado escuro, quase vermelho, a sua cauda tinha o mesmo tom, e o seu corpo tinham listras que variavam entre o azul ciano e o turquesa.
Era uma obra de arte. Os seus olhos eram muito pretos, grandes e redondos, não dava para ver a cristalina, se é que tinha. A única coisa que a diferenciava de todas as cobras era que ela tinha palpebras e cílios, mas quase não piscava os olhos.
— Seja bem-vindo ao meu espaço, meu jovem, diga-me, qual o seu nome? — a Serpente tinha uma doce voz soprano, voz feminina.
Mesmo a ser uma entidade presa na forma de um animal, ela tinha o hábito de uma cobra, de pôr a língua para fora a todo instante, pelo menos, quando não falava.
— Oi, Grande Serpente, o meu nome é Rasec.
— Que nome bonito, mesmo não sendo o de verdade — disse a cobra como se fosse um segredo, era simpática e agradável. — O meu nome é Kuraĝa, a Primeva da Cura. Vejo que você é um jovem forte e saudável, no entanto, tem certa porcentagem de astigmatismo. Não consegue enxergar de perto, não é mesmo!?
— Sim, está tudo certo.
A Serpente riu.
— Eu sempre acerto, é a minha função. Quer que eu te cure?
— Sim, Primeva — Cesar respondeu rápido, nunca mais usaria óculos outra vez.
A Serpente abriu a boca e por um momento pareceu que iria soltar veneno das suas presas como as najas, mas estavam bem guardadas, apenas soprou sobre o rosto garoto e ele passou a enxergar muito melhor.
— Muito bem, já pode ir — falou a Serpente, o ser mais simpático qual Cesar já se encontrou naquele mundo.
Cesar congelou no lugar, queria sair, mas ele precisava pedir mais uma coisa qual foi instruído a pedir.
— Primeva, posso pedir mais uma coisa?
— E te darei se me for permitido dar — ela imaginou que ele pediria para se tornar um Saneturis, como todo feiticeiro racional.
— Gostaria de um Plenário Solene.
A Serpente o olhou com curiosidade a inclinar a cabeça levemente para a esquerda. Parecia sondá-lo.
— É raro alguém do seu nível ter conhecimento sobre um Plenário Solene. Pelo que vejo em seus olhos, você não conhece nada. Alguém te instruiu?
— Sim, está correta.
A Serpente aproximou a sua enorme cabeça para mais perto de Cesar.
— Você tem muito poder, jovem. Sabe o que você é?
— Sei, uma amiga descobriu e me contou.
— Amiga inteligente. Conhece a história atual deste reino? — ela se voltou para a sua postura de antes.
— Conheço.
— Então, parece que o Destino tem um propósito para você. Sendo assim, eu te convocarei para um Plenário Solene quando for o momento, fique atento, será a qualquer hora da noite.
— Obrigado, Kuraĝa — Cesar fez uma reverência e saiu sem mais palavras.
Quando passou pelas cortinas, Ftali comentou:
— Demorou, hein!? Isso é um recorde.
Cesar não disse nada, apenas foi para o lado esquerdo dela e ficou pensativo enquanto aguardava os demais serem atendidos, nem percebeu que Ftali não parava de olhar para ele.
***
Realmente, Cesar havia demorado no seu encontro com a Grande Serpente, teve gente que m*l entrou e em um minuto saiu.
Depois de terminado, foram levados para um lugar fora daquele ambiente ao dobrarem à esquerda, que dava para o salão de refeições, onde, a olhar de cima, via-se uma mesa na horizontal e dez na vertical.
Antes de ir, Ftali segurou o Cesar pelo braço, olhou no fundo dos seus olhos e disse:
— Sinto que te conheço, jovem.
Cesar ficou nervoso e olhou para o chão para respondê-la.
— Sim, eu sou uma pessoa muito conhecida, minha senhora.
— Você é deste mundo?
Cesar não sabia o que responder, ele poderia ser desmascarado se revelasse qualquer coisa importante, mas como haviam várias pessoas da Terra em Umnari, que era o continente dorbiano onde mais terráqueos habitavam, ele não corria risco algum em responder a verdade.
— Sou da Terra, estou aqui há muito tempo.
— Olhe para mim — ordenou Ftali, Cesar levantou os seus olhos lentamente e encarou os de neon vermelho. — Hum! Não sei, me lembro de você estar em lugar onde eu estava, era um dia muito importante, a minha memória está falha — Ftali lembrava de uma coisa que não fazia parte da sua memória, mas da Animacae Onarah, se aproximou mais do Cesar para falar em segredo. — Se está planejando alguma coisa para salvar este Reino, se apresse — e saiu a fazer um gesto que indicava silêncio, ou seja, que ele mantivesse segredo quanto àquilo.
A turma se acomodou em uma das mesas da sala de refeição e desatou a conversar. Outra turma estava sendo chamada para se encontrar com Kuraĝa.
Cesar conversava calorosamente com o seu pessoal, como se nada tivesse acontecido, até todo mundo estar no recinto.
Ele contou para elas tudo o que ocorreu na Terra antes voltar para Dorbis, contou sobre as bruxas, depois sobre a Diretora ter ido ajudar a capturá-las, sobre tudo. Ficaram preocupadas com a situação.
— Gente, as salamandras deste mundo são tão dóceis — disse Belisa. — Por isso que odeio bruxas das trevas.
— Como assim? Tem das luzes também? — perguntou Fabiana.
— Sim, elas se tornam integralmente bruxas ao fazerem um pacto com Voimm e Virell, sãos as deusas filhas da Natureza, e as suas peles ficam amarelas, ficam menos asquerosas que as bruxas verdes que fazem um pacto com uma Fênix das Trevas.
— Por que esta mudança drástica? — interessou-se Cesar pelo assunto.
— Todo pacto qual você insere no seu próprio sangue o sangue de um ser mágico, você passa por uma metamorfose.
— Está repreendido, eu mesmo não.
— É modo de falar, bobo — disse Belisa aos risos, as meninas riram também. — Falar nisso, você sabia que Lubini é uma metamorfo?
— Não! — respondeu cada uma.
— Ela se transforma em qualquer coisa que ela quiser? — perguntou Fabiana, sempre se interessava pelas coisas que Liz falava.
Belisca também era n***a, mas pelo colorismo, tinha o tom de pelo mais claro, chamavam-na de bege, mas ela nunca se identificou como tal, e sim, n***a.
— Na verdade, neste mundo, o metamorfismo é uma condição genética, passa de pai para filho, ou mãe para filha. Tudo começou há centenas de anos, ao estudarem os leões-das-cavernas, alguns feiticeiros eruditos descobriram que quando um destes se tornava o líder do bando, o alfa, eles adquiriam o dom da epifania, eles tinham revelações que serviam de ajuda para se manterem longe de inimigos, ou seja, o líder se tornava uma espécie de rei-pajem do bando. Isso só ocorria com essa espécie de criaturas mágicas de Dorbis. Enfim, os feiticeiros eruditos descobriram também que ao injetarem sangue desse leão rei-pajem no seu próprio corpo, fazia com que aqueles que não possuíam o dom da revelação passassem a ter, entretanto, não preveram que aquilo podia lhes causar efeitos colaterais. Com o tempo, estes feiticeiros eruditos passaram a se transformar nessas bestas involuntariamente em períodos de Lua Azul. Mais tarde, foram entender que podiam controlar a transformação, exceto em noites de Lua Azul, e se intitularam de metamorfos. Esses feiticeiros eruditos acabaram procriando e passando o gene para os filhos que foram passando para os filhos e hoje, apesar de ser uma minoria, há muitos metamorfos em Dorbis.
— Ah! Amei a explicação, professora Liz — brincou Fabiana. — Por isso que o nojento do Érrio, o Errado, ficou desmerecendo a coitada da Lubini. Ô, homem que me dá nos nervos.
— Cesar merecia uma salva de palmas quando quebrou aquele nariz empinado — falou Gisele e as meninas concordaram.
— Que isso, gente, não — condoeu-se Cesar pelo líder. — Eu não sou mais de brigar, sou da paz, mas ninguém me impede de eu ir ver a minha família, aí eu fico brabo.
— E ele mereceu. Vai! — insistia Fabiana. — Ele te perturbou e te provocou o dia inteiro.
— Foi, mas graças aos seus avisos eu soube me preparar para as bruxas, elas poderiam ter me capturado e agora a nossa luta poderia estar perdida.
As meninas perceberam que Cesar forçou o heroísmo da parte de Érrio, todas sabiam que aqueles "avisos" era uma maneira de o líder querer mostrar que sabia de tudo, este era o jeito dele e ninguém gostava.
Em alguns segundos, a Rainha Kanahlic apareceu com os seus súditos e sentou-se no centro da mesa na horizontal, ao seu lado direito ficou a Diretora Sal, e ao seu lado esquerdo ficou o líder dos Luvas-de-Prata Legard.
A rainha discursou novamente, era boa nisso, e lamentou por nenhum Saneturis ter surgido por entre os estudantes. De qualquer maneira, que eles continuassem tentando, um dia, alguém seria digno de ser abençoado.
Em seguida, a rainha deu a informação de que precisavam, os "traidores" teriam que se apressarem com os seus planos de destroná-la, pois, em alguns dias começaria a Cerimônia De Desmagnificação da Usurpadora Zadahtric.
Se Zadahtric se transformasse numa Immunus, ela não poderia ser rainha de novo e todos os sacrifícios seriam em vão.
Não poderiam esperar mais um minuto.
Já escurecia quando as menina e Cesar se deliciavam com o banquete, voltariam para casa satisfeitos, porém, irrequietos.
Hora de voltarem.
Como os portais no Castelo foram bloqueados, os estudantes tiveram que sair para o átrio externo para abrirem os seus portais.