Arturo Saí de casa tarde. passei parte da manha com minha pequenininha, coração trovejando atrás das costelas. Quase não dormi — na verdade, passei a noite revendo aquela Emilly de seda marfim que virou minha cabeça do avesso. Preciso falar com ela, repeti o trajeto inteiro até a empresa. Queria elogiar o corte de cabelo, agradecer pelo jantar, confessar que o perfume dela tomou posse dos meus pulmões. Um passo de cada vez, eu dizia. Primeiro, um “bom-dia” sincero; depois, a conversa que nunca tivemos. Mas o universo gosta de testar homens despreparados. Assim que o elevador de vidro se abriu no 22.º andar, topei com a cena: Emilly saía do escritório da publicidade com um sorriso largo, o batom vermelho queimado brilhando sob o halo de luz do corredor. Ao lado dela, um sujeito alto — te

