Cheguei em casa com a cabeça latejando e o maxilar ainda dolorido por ter rangido os dentes a tarde inteira. Tranquei o carro, respirei fundo no átrio silencioso da mansão e me preparei para o inevitável: Emilly entrando sem bater, exigindo explicações por eu ter “virado um boxeador de diretoria”. Eu mesmo já estava farto de socos — os que dei, os que levei e, principalmente, os que a vida me vinha aplicando há semanas. Mas a casa permaneceu muda. Nenhum salto ecoou no mármore, nenhum “Christian, precisamos falar”. Bom. Subi direto para o quarto, nem tirei o terno: larguei a pasta no chão e me joguei na cama de costas, braços abertos. A última coisa de que me lembro foi o teto girando devagar. Apaguei. Devo ter dormido pouco mais de uma hora; acordei com a sensação estranha de alguém me

