Emilly Emilly Eu estava soterrada em planilhas de fluxo de caixa quando percebi que o mundo, de repente, ficara sem cor. Coloquei a caneta sobre a mesa e passei os dedos nas têmporas, tentando afastar a dor latejante que insistia em lembrar: Arturo vai trazer Helena para jantar. Helena, a namorada. Helena, a mulher que fez meu melhor amigo sorrir de um jeito que nunca vi. O vidro fosco da divisória do escritório refletia o borrão da minha própria cara de derrota; eu nem me dei ao trabalho de disfarçar. Foi nesse estado que Meg apareceu — salto alto ecoando no piso de porcelanato, vestido creme colado ao corpo como se tivesse sido costurado nele. — Que cara é essa, Em? — perguntou ela, largando a bolsa sobre minha mesa como quem joga uma carta definitiva. Suspirei. — Longa história. —

