NARRAÇÃO FERNANDO
- Você não ficou abalado em saber que não somos irmãos?
Sua pergunta me pega de surpresa, mas a resposta é simples.
- Não...
Ergue a cabeça e me olha.
- Me sinto extremamente feliz em não ter você como irmã.
Me inclino para ficar mais perto dela. Passei quase três dias de merda sem sentir seu cheiro, seu calor e agora quero senti-la.
- Agora você poder ser minha, só minha e sem culpa.
Toco seus lábios com os meus de leve.
- Você ficou abalada?
- Por não ser sua irmã? Não.
Toca meu rosto.
- Eu quero ser sua. Só sua para sempre.
Nós dois estamos sorrindo como dois idiotas apaixonados.
- Mas não é tão simples como parece.
- Como assim?
Clara suspira e desce os olhos para o meu peito. Sua mão sai do meu rosto para o meu peito e ela começa a desenhar algo com os dedos nervosa.
- Me conta o que descobriu.
- Depois que eu descobri que não era sua irmã, Erick questionou uma troca de bebês na maternidade.
- Por isso veio para Holambra?
- Sim... o exame demoraria muito e tinha que saber o que aconteceu.
Seus olhos se erguem um pouco.
- Minha intenção era vir e achar as respostas antes de você sair do hospital.
- Por que não me esperou? Podíamos vir juntos achar as respostas.
- Não queria perder mais tempo Fernando.
Seus olhos estão marejados.
- Perdi 9 anos.
Uma lágrima escorre de seu rosto.
- Não queria perder nem mais um dia sem ser sua.
Me viro e ficamos com o rosto colado.
- Você descobriu como foi a troca?
- Como foi não, mas quem é a outra família da troca sim.
Suspira e permanece me olhando.
- Eu tenho um irmão gêmeo.
Abro um sorriso.
- Olha só, você tem um irmão de verdade gêmeo.
- Sim... e assim como não me parecia com você, não me pareço em nada com ele.
- Ele é tão feio assim?
- Não...
Responde sorrindo.
- Falo quanto aos traços. Ele parece nosso pai e eu a nossa mãe.
É a primeira vez que a vejo falar de outros pais que não sejam os nossos e isso é estranho.
- Então conheceu seus pais biológicos?
- Sim... essa noite.
- Como eles são?
- Parecem legais.
Então um estalo me vem a mente.
- Se você foi trocada e tem um irmão gêmeo, eu também tenho uma irmã gêmea. Como ela é?
Clara fica tensa, sai do meu peito e se senta na cama.
- O que foi?
Se levanta e começa a andar pelo quarto.
- Quando decidi vir achar minha família, imaginei algumas coisas.
Cruzas os braços e para de andar, me encarando.
- Descobrir a troca, desfazê-la e cada família ter sua filha verdadeira ao seu lado.
- E...
Tem que ter o “ficar comigo” nesse plano.
- Ficar com você...
Sorri e suspira.
- O que deu errado?
- Não existe outra menina.
Olho pra ela sem entender nada.
- Mas teve troca.
Clara se senta na beira da cama.
- Sim! De um bebê morto, por um bebê vivo.
Paro alguns segundos para entender tudo.
- Então minha irmã gêmea morreu no parto?
Ela confirma com a cabeça.
- Nossa...
Me sento na cama ainda atordoado e com dor.
- Nossa mãe vai surtar com isso.
- Ai esta a complicação toda.
Olho pra Clara.
- Existem duas famílias. Uma que já aceitou a morte de sua filha, que na verdade esta viva. Outra família que acha que tem uma filha, mas na verdade não tem.
Se arrasta na cama e se senta ao meu lado.
- Eu não sei o que fazer.
- Seu medo é machucar a nossa mãe?
- Sim... Ela sempre foi maravilhosa para mim. Pode não ter me colocado no mundo, mas me amou muito como filha.
- Verdade!
- Só que existe a Laura.
Seus olhos voltam a marejar.
- Dava para ver nos olhos dela a dor, ainda da perda da filha e a ferida no peito por não tê-la ao seu lado.
- Você se sente dividida?
- Muito.
Sua cabeça se encosta em meu ombro.
- Posso dar minha opinião?
- Deve.
Beijo sua cabeça.
- Você descobriu as coisas agora. Esta tudo explodindo dentro de você.
Sua mão busca a minha e ela enlaça os dedos nos meus.
- Procura saber mais sobre eles. Vamos mais a fundo nessa troca e ver os motivos de ter acontecido.
- Isso pode demorar muito tempo. Existem coisas sobre o dia do nosso nascimento que são estranhas.
- Quais?
- O medico que teoricamente fez o nosso parto, sofreu um acidente no hospital que o levou a morte um tempo depois.
Ela me olha.
- Esse acidente foi em seguida ao nosso parto.
- E o medico que fez o parto da outra família?
- Ainda esta no hospital.
- Então vamos falar com ele.
- Não é tão simples assim. É uma médica e ela parece bem chata.
- Posso jogar o charme dos Ribeiro nela e ver se consigo algo.
Clara me bate no braço.
- Aí...
- Nada de charme pra ela e nem pra ninguém.
- Esta com ciúmes?
Aperta os olhos brava e não consigo deixar de rir.
- Acha que eu trocaria a mulher da minha vida assim?
Abraço-a e a puxo para mim. Senta sobre o meu colo, me montando. Meus braços em torno dela, enquanto suas mãos estão em meu rosto.
- Clara, nada e ninguém me separa mais de você.
Seu dedo desliza em meu lábio inferior.
- Você tem duvida sobre as famílias, mas espero que não tenha sobre nós.
Se curva e cola a testa na minha. Fecha os olhos e respira fundo.
- Você é a única certeza em minha vida, Fernando.
Abre os olhos e o azul deles está tão intenso.
- Perdi a minha identidade, não sei quem eu sou e ainda estou tentando entender de onde vim.
Segura meu rosto em suas mãos.
- Toda a minha estrutura desmoronou e a única coisa que me manteve ainda erguida foi você.
Beija meus lábios com carinho. Subo uma mão enfiando em seu cabelo e a prendendo em meus lábios. Intensifico o beijo e Clara geme em minha boca. Todo meu corpo desperta pra ela com esse simples gemido. Se entrega ao beijo e suas mãos seguem para o meu cabelo. A forma como ela se agarra nele me deixa louco. Minhas mãos seguem para sua camiseta e começo a tira-la. Subo a camiseta expondo aos poucos sua barriga. Solta meu cabelo e ergue os braços para que eu tire por completo. Assim que passo a camiseta pela sua cabeça, jogo-a na cama. Clara me olha ofegante. Seus longos cabelos caídos sobre seus s***s.
Delicadamente retiro uma parte do cabelo que cobria o seio direito. Ergo meus olhos pra ela. Ela é tão linda! Tão perfeita e minha. Retiro do seio esquerdo a outra parte do cabelo, deixando os dois agora expostos. Ergo minha mão e toco seu rosto. Clara fecha os olhos me sentindo. Com o dedo percorro seus lábios e desço pelo queixo. Tomba a cabeça um pouco para trás. Minha mão desce entre seus s***s e ela suspira excitada. Abre os olhos e me encara. Com um desejo enorme avança em mim, agarrando meu cabelo novamente e me beija. Seus lábios estão famintos e sua língua exigente. Começa a rebolar no meu colo.
- Você é a minha única certeza.
Sussurra em minha boca.
- Não importa o que aconteça.
Me olha intensamente.
- Eu te amo e nada vai ficar entre nós dois. Nada...