Prazer, Stéfano
Olá, eu sou o Stéfano, mas todo mundo me chama de Nano, eu tinha apenas 16 anos quando fui assassinado, no dia 13 de outubro, de 2017, dois dias após o meu aniversário.
Mas calma, vou começar essa história do começo. Eu era um garoto meio arteiro, vivia me metendo em confusão, subia nas árvores para pegar os frutos e sempre acabava por cair e ralando um joelho, minha mãe ficava quase louca com minhas traquinagens.
Eu vivi a minha vida toda em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, morava em uma casa geminada, com meus pais (Anastasia e Edmundo) e minha irmã (Haley, um ano mais velha que eu). Minha relação com eles era a melhor possível, minha irmã era minha melhor amiga e confidente, eu contava praticamente tudo sobre a minha vida pra ela, e isso era recíproco. Mamãe trabalhava como costureira, já meu pai trabalhava como pedreiro, porém nem sempre os dois tinham trabalho para fazer, o que dificultava nossa condição financeira. Éramos uma família muito humilde, meus pais trabalhavam duro para nos sustentar e nunca nos deixaram faltar comida na mesa, nem roupas, calçados, juntavam um dinheirinho ali e outro aqui e assim íamos nos virando.
Eu estava cursando o primeiro ano do ensino médio, não gostava nada de estudar e por isso acabava prestando atenção nas aulas para que não fosse necessário eu ficar com a cara enfiada nos livros, e dava certo, dificilmente eu tirava uma nota baixa, e quando isso acontecia eu sempre recuperava depois. Eu tinha um bom relacionamento com meus colegas e professores, embora as vezes aprontasse das minhas travessuras, como da vez que eu desenhei um pênis mole e escrevi na lousa ‘’p***o mole’’, que era o apelido do professor de Matemática, o único professor que eu considerava chato, e ele ganhou esse apelido após um colega meu e eu escutarmos uma professora comentar que havia transado (ou tentado t*****r) com ele, mas que o mesmo possuía o pênis mais mole do que maria mole, em questão de uma hora (ou menos) a escola toda já estava sabendo e rindo do tal apelido, ai resolvi fazer uma ‘’homenagem’’ para o professor, como eu havia feito isso durante o recreio nunca me descobriram e obviamente eu também nunca me entreguei, e eu lá sou burro pra fazer uma asneira dessas de me entregar?
(...)
9 de outubro de 2017
Era uma segunda - feira, na parte da manhã eu estudei como sempre e à tarde sai para jogar bola com meu amigos, era a gente contra os garotos de outra escola. O jogo foi emocionante começamos perdendo, eles fizeram 3 gols logo no começo da partida, mas eu odiava perder para aqueles garotos esnobes, que ficavam se exibindo, então eu comecei a jogar como nunca e fiz o primeiro gol, Marcos (meu velho e melhor amigo) fez o segundo e algum tempo depois Stoney marcou o terceiro, fazendo o jogo empatar e ele se manteve assim por um bom tempo, até que o time adversário fez seu quarto gol. Já exaustos, resolvemos parar um pouco para descansar. Fui até o banco, onde havia deixado os meus pertences e tomei um pouco d´água.
- Oi. - Falou uma voz muito familiar atrás de mim.
Me virei e a vi, tão linda como sempre. Era a Hannah, minha namorada.
Ela era uma garota muito linda, era magra como essas modelos de revistas, tinha a pele n***a, cabelos cacheados e olhos castanhos, mas seu olhar possuia um brilho diferente, que me encantava e que fez eu me apaixonar.
- Oi. - Sorri e a beijei.
- Desculpa o atraso, meu pai ficou me prendendo um tempão em casa, pediu pra eu fazer milhões de coisas, sabe como ele é…
- Sei sim, mas estou feliz que você está aqui.
- E quanto está o jogo?
- 4X3, eles estão ganhando por um ponto. - Revirei os olhos e dei mais um gole em minha água.
- Aposto que você vai virar esse jogo. - Sorriu e me deu um selinho.
Maumau (apelido do meu amigo, Mauricio) apitou, avisando que o segundo tempo começaria. Dei um beijo em minha namorada como despedida e corri até a quadra. O segundo tempo começou bem acirrado, marcamos o quarto gol logo de cara, empatando mais uma vez, o jogo estava quase terminando, pois começava a escurecer, de repente Wesley, do time adversário, e quem estava com a bola, viu que eu estava tentando pegá-la e me deu um empurrão com o ombro, fazendo eu cair no meio da quadra, acabei machucando meu pulso esquerdo, pois cai em cima dele.
- Hey, isso é falta. - Gritou Stoney.
Maumau confirmou que era falta e assim eu peguei a bola ficando poucos metros de distância do goleiro e coloquei-a na marca indicada por um X feito com giz de lousa.
- Vai amor. - Gritou Hannah.
Olhei para ela, que me sorria com orgulho, sorri de volta e logo analisei cada detalhe da goleira, queria dar um chute certeiro, me afastei um pouco da bola pra pegar impulso e fui correndo até ela, a chutei, o goleiro do outro time tentou defender, mas a bola foi alta e ele não conseguiu alcançá-la, sendo assim, acabei marcando o gol da vitória, todos meus amigos correram para me abraçar e comemoramos bastante, deixando nossos adversários irritados, porém a diferença era que não humilhávamos eles do modo que estes faziam quando ganhavam.
- Parabéns amor, você foi incrível.
A beijei, e logo me despedi dos meus amigos, tomei a mão da minha namorada e fomos até a praça que tinha na frente da minha casa.
- Tem certeza que não quer entrar? - Perguntei.
- Obrigada, mas eu não posso, prometi para meu pai que eu não demoraria.
- Falou que ia me ver?
- Claro que não, senão ele não me deixaria vir ou viria atrás de mim. Que saco ser filha única.
- Ué, meus pais tem dois filhos e as vezes eles tratam nós dois como se ainda fôssemos crianças.
- Pena que meu pai exagera. - Baixou a cabeça tristemente.
- Hey, não fica assim, ele só quer o melhor pra você, pais são assim mesmo, as vezes fazem coisas que nos magoam, mas sempre estão querendo o nosso amor porque eles nos amam muito.
- Nano, as vezes você é tão i****a e outras vezes tão maduro. Acho que você me conhece mais do que eu mesma, parece saber sempre o que estou sentindo e o que gostaria de escutar. - Pegou delicadamente em minha mão. - Eu te amo muito, sabia?
- Eu também te amo.
Ela sorriu tristemente e me beijou. Eu gostava muito dela, gostava de verdade, foi minha primeira e única namorada que eu tive ao longo dos meus 16 anos, e já estávamos juntos há oito meses. Nosso namoro sempre foi bem tranquilo, isso é, tirando o fato que nem sempre podíamos nos ver fora da escola por conta do pai dela, que se preocupava em demasia com sua filha, ela me dizia que ele morria de medo que ela engravidasse ou pegasse alguma doença, talvez fosse por isso que a gente nunca tivesse transado, claro que usaríamos c*******a, mas ela não é 100% eficaz.
Ficamos por apenas dez minutos namorando em frente a minha casa, e a todo instante ela olhava para todos os lados com medo dele aparecer.
- Amor, calma, tá tudo bem. - Eu disse.
- Bom, eu preciso ir agora, falei que eu iria rapidamente à casa da Julia. - Falou se referindo a sua melhor amiga.
- Mas já? - Fiz beicinho para ela, que riu.
- Já. Nos vemos amanhã na escola.
- Tá bem. - Revirei os olhos meio contrariado.
Ela sorriu, me deu um beijo rápido e foi embora.